O Boeing 737, de prefixo 2116, da Força Aérea Brasileira (FAB), conhecido como Sucatinha, teve que mudar de itinerário e retornar a São Paulo no final da tarde de sexta-feira (9), quando faltava 10 minutos para pousar em Brasília, para buscar novos passageiros: o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, e o empresário Fábio Luís Lula da Silva, o Lulinha, com 15 acompanhantes, segundo informa reportagem desta terça-feira (24) do jornal "Folha de S.Paulo". Segundo o jornal, Henrique Meirelles, através da assessoria do Banco Central, informou que solicitou o avião para transportá-lo de São Paulo para Brasília e que apenas no momento do embarque soube que "por solicitação da Presidência", o filho do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e mais 15 pessoas pegariam carona e "aproveitariam o voo da aeronave colocada à disposição do BC". A reportagem informa que o Boeing, que transportava militares a serviço da Aeronáutica, que haviam embarcado na cidade de Gavião Peixoto (SP) com destino a Brasília, retornou a São Paulo e pousou em Guarulhos, onde foi abastecido. O comandante da aeronave então foi informado de que os novos passageiros embarcariam em Congonhas e depois de sobrevoar por uma hora o aeroporto, o avião aterrissou. Depois de deslocar os militares para a parte traseira da aeronave, os novos passageiros embarcaram e, segundo o jornal, a decolagem foi feita às 23h, tendo a chegada em Brasília cerca de 1h40 depois. Ainda segundo o jornal, o Sucatinha normalmente faz o transporte aéreo do vice-presidente da República, dos presidentes do Senado, da Câmara e do STF, de ministros ou ocupantes de cargo com status de ministro (como Meirelles) e de comandantes das Forças Armadas; e pela regra que regulamenta o uso, as autoridades que o solicitarem devem informar à Aeronáutica "a quantidade de pessoas que eventuamente a acompanharão", e que "o transporte de autoridades civis em desrespeito ao estabelecido configura infração administrativa grave". A Presidência e o BC não forneceram à lista de passageiros solicitada pela reportagem e um assessor da FAB afirma que, como o Boeing estava à disposição da Presidência, a FAB não tem controle da lista de passageiros do itinerário. A assessoria do Banco Central informou que solicitou o avião apenas para Meirelles e para um assessor e a assessoria de imprensa da Presidência da República afirma que "é normal o presidente da República convidar pessoas para se encontrar com ele em Brasília e oferecer transporte pelas aeronaves que servem a Presidência da República. Para isso ele recomenda que sempre sejam aproveitados voos de deslocamentos já previstos para transportes de autoridades do governo". Lulinha não foi localizado para comentar o caso e assessoria do Planalto afirma que não fornece informações sobre familiares do presidente.