sexta-feira, março 30, 2012

Obesidade aumenta riscos de câncer renal


Estudo britânico associa sobrepeso ao desenvolvimento da doença; fumar é outro fator que influencia

Especialistas do Instituto de Pesquisa do Câncer da Grã-Bretanha dizem que a obesidade está desempenhando um papel significante no aumento de casos de câncer renal no país. A entidade publicou dados mostrando que foram registrados 9 mil casos em 2009, comparado a apenas 2,3 mil em 1975.
Obesidade traz mais riscos para o câncer renal que o hábito de fumar - Marcio Fernandes/AE
Marcio Fernandes/AE
Obesidade traz mais riscos para o câncer renal que o hábito de fumar
A obesidade aumenta o risco de câncer renal - o oitavo mais comum - em 70%, uma taxa alta se comparada ao hábito de fumar, que aumenta em 50%. A entidade afirma que poucas pessoas sabem dos riscos do sobrepeso para o câncer renal, que se diagnosticado ainda nos estágios iniciais, pode ser curado por meio de cirurgia.
Os especialistas dizem que estar acima do peso aumenta os riscos do câncer renal, assim como o de tumor nas mamas, no útero e no intestino, uma vez que determinados hormônios começam a ser produzidos em maiores níveis que os normais.
O número de fumantes na Grã-Bretanha caiu durante os últimos 35 anos, mas o número de pessoas obesas só aumentou desde então. Cerca de 70% dos homens e 60% das mulheres que habitam no país atualmente têm o índice de massa corporal (IMC) de 25 ou mais, o que os classifica como acima do peso.
"Nos últimos dez anos, ajudamos no desenvolvimento de novos medicamentos que destroem as células cancerígenas do sangue que alimentam o tumor. Essas drogas controlam a doença na maioria dos casos, mas não é uma cura definitiva", disse o professor Tim Eisen, do Instituto de Pesquisa do Câncer. "É melhor prevenir o problema - manter um peso saudável e não fumar é a melhor forma de fazer isso", completa.
Sara Hiom, diretora de informação da entidade, afirma que "poucas pessoas sabem sobre os riscos associados entre o sobrepeso e o câncer renal". "Parar de fumar ainda é a melhor forma de reduzir as chances de desenvolver um tumor nos rins. A importância de se manter um peso saudável não deveria ser minimizada", conclui.
  

quinta-feira, março 29, 2012

Empresários contam como chegar ao primeiro milhão de faturamento cada vez mais cedo

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Clayton de Souza/AE
Clayton de Souza/AE
Para Daniel, é preciso ter base acadêmica e conhecer o 
  


Eles tem comum a juventude e o tino para os negócios. Empresários de setores tão distintos quanto o de animais de estimação e alimentação fora do lar, eles provam que idade não é de modo algum uma barreira para quem pretende dar certo como empreendedor.

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Aos 14 anos, Daniel Nepomuceno, por exemplo, já desenvolvia sites. Hoje, aos 25, tornou-se CEO de um deles. Acostumado a desenvolver páginas na internet para empresas de amigos da família, ele entrou no comércio virtual aos 19, como funcionário de uma consultoria. Seu desempenho chamou a atenção de um grupo de investidores e em 2010 ele recebeu um convite para assumir o comando da marca Meu Amigo Pet, um pet shop virtual fundado em 2005. 

“Empreender foi quase uma sina porque na minha área é natural oferecerem parcerias”, afirma. Ao assumir o negócio, Daniel Nepomuceno dedicou-se a uma série de pesquisas para conhecer melhor o mercado no qual havia ingressado. 
Ele também visitou feiras e eventos ao redor do mundo para trazer novos produtos ao País. Os resultados apareceram rapidamente. Em 2011, a empresa conquistou prêmios, abriu lojas físicas e o faturamento chegou a R$ 1 milhão.

Para alcançar essas cifras, Daniel precisou ainda vencer o desafio de gerenciar pessoas, especialmente executivos mais velhos, com o triplo da sua idade. “No início é necessário ter humildade e mente aberta para saber o que funciona, mostrar o que você pensa, suas ideias, e fazer as pessoas comprarem seu projeto”, diz. Como benefício pelos bons resultados, Nepomuceno, até então funcionário contratado, ganhou participação minoritária no negócio. Para os jovens empreendedores, segundo ele, a dica é buscar uma formação abrangente e também desenvolver amplo conhecimento sobre o mercado no qual atuará. 

Uma boa dose de ousadia também não faz mal. Quando estava apenas no segundo ano da faculdade de administração, Juliano Simões, 26 anos, encontrou o ponto comercial perfeito para trazer para a capital paulista a rede de restaurantes por quilo Paulinhos Grill, criada por seu pai no interior de São Paulo. A loja, aberta em 2006, representou um desafio duplo na vida do empreendedor: gerenciar por conta própria um negócio e adaptá-lo ao exigente mercado paulistano. “Foi um começo difícil”, lembra. 

A estratégia adotada por Simões foi aparentemente simples, mas deu resultados. Ele sofisticou, em relação aos concorrentes, o ambiente do restaurante e o cardápio. “O público quer qualidade, higiene, ser bem atendido e ter comida boa, mesmo que para isso precise pagar um pouco mais.” Simões amplificou a fórmula e abriu unidades nos principais centros de negócios da capital – Faria Lima, Berrini e Paulista. Em maio, ele inaugura uma nova unidade e espera aumentar em 30% o faturamento, que em 2011 foi de R$ 9 milhões. 

A história de sucesso dos empresários Tiago Campos, 25 anos, e Rafael Soares, 27 anos, foi diferente. Eles apostaram em um produto então pouco conhecido no País – o frozen yogurt – e conseguiram crescer rapidamente com a Yoguland.
Formatada para se tornar uma franquia, a rede possui 38 lojas. Hoje febre no País, a dupla precisou suar muito para provar a viabilidade da venda de iogurte como negócio. “Ninguém tinha ideia do que era esse produto por aqui”, relembra Campos. Cada sócio conta ter investido R$ 35 mil na empreitada e os R$ 280 mil restantes foram financiados pela mãe de Soares. Hoje, a empresa fatura cerca de R$ 16 milhões. 

A dupla conta que planejou durante quase um ano cada detalhe do negócio e recorreu até a cursos para complementar a formação acadêmica. “Muitas vezes, o jovem empreendedor tem tudo na mão e não abre um negócio por não se sentir totalmente seguro. Acho que o importante é acreditar em você mesmo e quando tiver uma ideia, ir atrás dela”, recomenda Tiago Campos. 


Senador é suspeito de vínculo com empresário preso por jogo ilegal.


Débora Santos *

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Ricardo Lewandowski determinou nesta quinta-feira (29) a abertura de inquérito para investigar a ligação do senador Demóstenes Torres (DEM-GO) com o empresário Carlos Augusto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, suspeito de chefiar uma quadrilha de jogo ilegal.
O ministro também determinou a quebra do sigilo bancário do senador pelo período de dois anos - Lewandowski não informou o período de início e fim da quebra de sigilo.
Demóstenes Torres (Foto: Agência Senado)
O senador Demóstenes Torres no plenário do
Senado (Foto: Agência Senado)
Demóstenes e os deputados Sandes Júnior (PP-GO) e Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) foram citados em relatório da Operação Monte Carlo, deflagrada pela Polícia Federal em fevereiro e que prendeu Carlos Cachoeira.
No pedido ao Supremo, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, também soliciou o desmembramento do inquérito para investigar os demais parlamentares. Em relação ao envolvimento de pessoas sem foro privilegiado, Gurgel pediu que fosse desmembrado para análise da primeira instância da Justiça.
Sobre o desmembramento e a investigação aos deputados Sandes Júnior e Carlos Alberto Leréia, Lewandowski pediu mais informações ao procurador-geral antes de tomar uma decisão.
O ministro determinou ainda o envio de ofício ao Banco Central para ter acesso a movimentações financeiras do senador e também pediu que órgãos públicos federais e estaduais enviem ao PGR cópia de contratos celebrados com empresas mencionadas em diálogos interceptados pela PF. Além disso, Lewandowski pediu à PF a degravação de 19 diálogos telefônicos que estão apenas em áudio.
O ministro do Supremo também enviou pedido ao presidente do Senado, José Sarney, para que remeta uma relação das emendas parlamentares apresentadas por Demóstenes Torres ao orçamento da União. A PGR suspeita de irregularidades na aprovação desses recursos.
Lewandowski negou pedido do procurador de acesso automático aos dados financeiros do senador. Esse tipo de acesso permitiria que, ao longo da investigação, o sigilo do parlamentar estivesse aberto a qualquer momento ao procurador sem necessidade de autoridação judicial.
Lewandowski também negou pedido de Gurgel para interrogar o senador. Segundo o minsitro, a solicitação ainda é "prematura".
A decisão de Lewandowski garante ao advogado do senador acesso ao inqúerito. Ele negou pedido de acesso às informações ao Democratas, aos senadores Randolfe Rodrigues e Pedro Taques e a órgãos de imprensa.
Gurgel analisou as gravações da Operação Monte Carlo por aproximadamente 20 dias. A decisão de pedir investigação sobre o senador foi tomada pelo procurador-geral após a análise de 10 meses de interceptações telefônicas feitas pela PF na Operação Monte Carlo.
"Considerei [as gravações] graves o suficientes para que houvesse o pedido de instauração de inquérito. É um volume muito grande de interceptações telefônicas e de um período bastante longo", afirmou Gurgel ao pedir o inquérito.
O presidente nacional do DEM, senador Agripino Maia (RN), considerou como correta a decisão do Supremo de abrir o inquérito. "O Supremo fez o julgamento correto. As investigações têm de seguir seu curso", disse o presidente. Segundo o presidente, o partido espera que o senador se manifeste "em breve" sobre as denúncias.
"Eu espero que ele [Demóstenes] se manifeste em breve, tendo em vista que agora ele teve acesso ao processo. Espero que ele se manifeste com a brevidade possível", disse Maia.
* Colaborou Iara Lemo
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Edmundo faz dois gols pelo Vasco, chora e se despede

AE - Agência Estado

RIO - A torcida vascaína não economizou energia e fôlego para demonstrar toda a sua adoração e idolatria por Edmundo. Em uma noite chuvosa e fria, a massa cruzmaltina - mais de 21 mil presentes - lotou São Januário, nesta quarta à noite, para ver a despedida oficial do ex-atacante com a camisa do Vasco, contra o Barcelona de Guayaquil.
Veja também:

Edmundo ficou emocionado na despedida - Marcos de Paula/AE
Marcos de Paula/AE
Edmundo ficou emocionado na despedida
Ele retribuiu com dois gols e muita disposição na vitória por 9 a 1. "É mais do que eu imaginava, não apenas pelos gols, mas por essa energia, essa alegria. Eu precisava disso para a minha vida. Acho que eu fechei com chave de ouro", vibrou Edmundo. "Não esperava essa festa linda".
Era hora de apagar a última imagem do polêmico craque pelo clube, o rebaixamento para a Série B em 2008, e celebrar seus grandes momentos, como o título brasileiro de 1997, no qual foi o grande nome.

Com a camisa 10, Edmundo controlou a emoção durante a longa queima de fogos e as homenagens do presidente Roberto Dinamite, com que andara brigado e voltou às pazes no ano passado. A seu lado, dois remanescentes de anos de ouro vascaínos, Juninho Pernambucano e Felipe.
Ele só não segurou as lágrimas ao deixar o campo no fim do segundo tempo, com os mais de 21 mil torcedores de pé a aplaudi-lo.
"Edmundo, o Vasco mais uma vez te abraça com respeito, com carinho, por tudo o que você fez pela instituição. Em nome do Vasco, da torcida vascaína receba os parabéns porque você merece tudo isso", disse Dinamite, ao entregar ao homenageado uma placa comemorativa.
Os equatorianos trazem boas lembranças aos torcedores, nem tanto para Edmundo, que sempre lamentou não ter disputado aquela final da Libertadores de 1998, tendo se transferido para a Fiorentina antes da temporada.
A festa começou cedo. Com a colaboração do árbitro Marcelo de Lima Henrique, que marcou pênalti em falta fora da área. Edmundo cobrou com a categoria usual. Com essa pressão dissipada, o "Animal" tratou de se divertir e alegrar a massa. Lançou Fagner e apareceu na área para completar o cruzamento.
Agora Edmundo pode tocar sua vida sem remorsos. Ele teve o que queria e merecia, uma justa e emocionante despedida dos gramados com a camisa do time de coração. "Sabia que era querido pela do torcida, mas não esperava que a torcida viesse numa quarta-feira, fim de mês, me prestigiar. Não tenho do que lamentar, quero apenas comemorar", disse o ídolo realizado. 

quarta-feira, março 28, 2012

MORRE NO RIO DE JANEIRO A POTIGUAR ADEMILDE FONSECA

Macaíba mandou para o mundo a maior cantora de chorinho do Brasil. Era famosa e tinha em seu repertorio musicas de uma mistura de samba e chorinho.Macaíba , o Rio Grande do Norte e e o Brasil estão de luto;Tudo começou quando Ademilde foi fazer um teste com o Renato Murce na Rádio Clube do Brasil. Cantou o samba Batucada em Mangueira, do repertório da Odete Amaral, acompanhada pelo Benedito Lacerda, e passou; desde então eles ficaram amigos, e passaram a cantar juntos em clubes e festas particulares. 


Ademilde Fonseca Delfino nasceu em Pirituba, São Gonçalo do Amarante, em 4 de março de 1921. Ademilde é uma cantora brasileira. Suas interpretações a consagraram como a maior intérprete do choro cantado, sendo considerada a "Rainha do choro". 

Ademilde nasceu na localidade de Pirituba, no município de Macaíba, no estado do Rio Grande do Norte. 

Aos quatro anos de idade, foi viver com a família em Natal (RN) onde morou até o início da década de 1940. Desde criança gostava de cantar. 

Ainda na adolescência, começou a se interessar pelas serestas e travou conhecimento com músicos locais. 

Pouco mais tarde se casou com um desses seresteiros, Naldimar Gedeão Delfino. Com ele se mudou para o Rio de Janeiro em 1941. 

Seu nome oficial mudou sofreu duas alterações ao longo da vida. Foi registrada como Ademilde Ferreira da Fonseca. 

Ao casar com o violonista Naldimar Gideão Delfino mudou o nome para Ademilde Fonseca Delfino. 

Ao separar-se de Naldimar, adotou o nome artístico de Ademilde Fonseca como seu nome documental. 

Recebeu do instrumentista Benedito Lacerda o título de "Rainha do chorinho". 

Ademilde trabalhou por mais de dez anos na TV Tupi e seus discos renderam mais de meio milhão de cópias. Além de fazer sucesso em terras nacionais, regravou grandes sucessos internacionais e se apresentou em outros países. 

Ademilde continua na ativa, fazendo shows, criadora do choro cantado também foi a primeira cantora nordestina a encantar o país com esse gênero gracioso, brejeiro e bastante difícil de ser cantado. 

Ademilde Fonseca tirou de letra aqueles intervalos criados normalmente para serem executados por instrumentos, que não têm as limitações da escala vocal. Com um aparelho vocal para lá de privilegiado, ela ainda conseguiu manter uma dicção impecável e clara em suas interpretações. 

Rainha do Choro com toda justiça, Ademilde completou este ano 88 anos muito bem vividos. 

Em 2001 Ademilde, por conta de seu aniversário, foi recebida na Rua do Choro, com direito a um recital dos chorões locais. E em Pirituba, lugarejo próximo a Natal (RN), onde nasceu, uma praça foi batizada com seu nome. Ela aproveitou a viagem a sua terra e abriu o Projeto Seis e Meia em Natal, no Teatro Alberto Maranhão. 

Em 1942, quando tinha 21 anos de idade, Ademilde, que já morava no Rio, decidiu cantar durante uma festa, acompanhada por Benedito Lacerda e seu regional, uma música que conhecia desde criança: o choro Tico-Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu. 

Acabou sendo levada aos estúdios de gravação para registrar a tal façanha. Sucesso total. A partir daí, vieram outros lançamentos imortais, como Apanhei-te Cavaquinho, Urubu Malandro (com letra), Rato, Rato, Teco-Teco, Pedacinhos do Céu, Acariciando, além de Brasileirinho e do baião Delicado. Essas duas últimas acabaram rodando o mundo em sucessivas regravações internacionais. 

Ademilde teve algumas chances de se apresentar fora do país. Em 52, cantou em Paris, numa festa dada por Assis Chateaubriand aos vips locais, e, em 84, abriu o carnaval brasileiro de Nova York. 

Ela ainda atuou muitos anos nas rádios Tupi e Nacional 
até o fechamento dessa última, em 1964. Depois, chegou 
a defender um belo choro de Pixinguinha e Hermínio Bello de Carvalho (Fala Baixinho) no II Festival Internacional da Canção da TV Globo, em 1967, e teve um expressivo revival nos anos 70 com apresentações concorridas no Teatro Opinião, gravando dois novos discos. 

Chegou a pensar em se aposentar, mas nunca a deixaram abandonar a música. Claro, ela é única no estilo que consagrou. Ademilde diz que só não foi mais longe por pura acomodação. E que só recentemente se deu conta de seu valor e de que ninguém jamais cantou choro como ela. Ao mesmo tempo, a cantora não estranha as novas tendências musicais como o funk e o rap. Acha tudo muito natural, parte das mudanças que a música veio sofrendo ao longo dos tempos. 

Aliás, serenidade é uma boa palavra para definir o jeito de Ademilde, embora ela seja uma pessoa muito ativa. Não pára em casa e está sempre atenta às novidades do mundo via TV. Romântica, porque ninguém é de ferro, ela admite que não resiste a vozes como as de Orlando Silva e Lucho Gatica. 

Em entrevista ao Cliquemusic (2001) Ademilde disse: "É uma música falada e não cantada que está dominando atualmente. São ligeirinhas as palavras, as letras falam sempre de uma história daquele momento, do morro, da cidade, da vida política... Tudo em música é válido. A gente não pode pichar, porque está tudo dentro do contexto da nossa atualidade. Saiu de moda o culto à voz, o cantor de boa voz parece que não vai para frente. Hoje o pessoal prefere mais assistir a uma menina nuazinha, com o corpo quase todo de fora, dizendo letras como "Dói, um tapinha não dói"... (risos) Mas é o sinal da mudança dos tempos". 

terça-feira, março 27, 2012

Acuado pelo próprio partido, Demóstenes deixa liderança do DEM


Elaine Lina

O senador Demóstenes Torres (DEM-GO) pediu afastamento na tarde desta terça-feira da liderança do Democratas no Senado. Enfraquecido pelas denúncias de envolvimento com o contraventor Carlinhos Cachoeira, preso recentemente pela operação Monte Carlo, da Polícia Federal (PF), Demóstenes vem sendo pressionado pelo próprio partido para que apresente explicações sobre o caso.
Por meio de carta-ofício encaminhada ao presidente do partido, senador José Agripino Maia (RN), Demóstenes justifica o afastamento para que "possa acompanhar a evolução dos fatos noticiados nos últimos dias". Na última sexta-feira, uma reportagem de um jornal carioca apontou que gravações da Polícia Federal indicam que o senador pediu dinheiro e vazou informações de reuniões oficiais a Cachoeira. Conforme o jornal, mesmo recebendo relatório em 2009, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, não tomou providências para esclarecer o caso. O documento aponta que os deputados Carlos Leréia (PSDB-GO) e João Sandes Júnior (PP-GO) também mantinham ligações suspeitas com Cachoeira.
Mais cedo, o presidente do DEM, Agripino Maia havia admitido que o partido está desconfortável e poderá expulsar da sigla Demóstenes, caso a Procuradoria Geral da República (PGR) apresente denúncias com "elementos fortes e claros" contra ele.
"Dependendo das gravidades e qualidades da denúncia, (...) o partido já tem atuação pretérita em cima de fatos como esses que estão mencionados. O Democratas é um partido que zela pela ética", disse, ao ser questionado se a sigla pouparia a Demóstenes.
Ao responder questionamentos de jornalistas no Congresso Nacional nesta manhã, Agripino explicou que a situação é incômoda dentro do partido devido ao silêncio da PGR, o que gera dúvida no Senado Federal, cria desconforto para demais senadores e impossibilita a defesa de Demóstenes.
"A dúvida gera o incomodo, (..) é preciso dar o direito do contraditório. Tudo isso deve ser posto às claras para se dar ao senador o direito de se defender e apresentar justificativas que ele deve ter", disse. "A PGR dispões de todos os elementos que precisa. Que esses elementos sejam expostos e o processo de investigação seja instalado, ou não. Acho que o Senado todo, que vive momento de constrangimento, aguarda pronunciamento da PGR."
Na tribuna do Senado, Demóstenes se defendeu afirmando que não é investigado por nenhum crime ou contravenção e que a violação do seu sigilo telefônico não obedeceu a critérios legais. Apesar disso, o senador não negou que conheça Cachoeira, nem que tem uma relação próxima com o bicheiro. Nos bastidores, o mais cotado para assumir a liderança do DEM é o senador Jayme Campos (MT).

"Vou defender minha bancada, meu partido e a atividade parlamentar"

Líder do PMDB e candidato à presidência da Câmara, o deputado Henrique Eduardo Alves decidiu subir à tribuna amanhã. Em nota veiculada no twitter, no domingo (25), antecipou seus propósitos: "Vou defender minha bancada, meu partido, a atividade parlamentar, o Poder Legislativo." Defender do quê? Ouvido pelo blog, o deputado revelou-se incomodado com a onda de notícias, artigos e declarações que "tentam reduzir o Legislativo a uma Casa de fisiologismo e toma-lá-dá-cá". O noticiário foi apimentado depois que o governo sofreu uma sequência de derrotas legislativas.

Fábio Rodrigues PozzebomDeputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara: Eu não visto a carapuça do toma-lá-dá-cá. Acho a prática condenável.
Deputado Henrique Eduardo Alves, líder do PMDB na Câmara: Eu não visto a carapuça do toma-lá-dá-cá. Acho a prática condenável.

Em entrevista veiculada neste final de semana, Dilma Rousseff declarou: "Não gosto desse negócio de toma-lá-dá-cá. Não gosto e não vou deixar que isso aconteça no meu governo." Antes, o novo líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), dissera que chegou a hora de confrontar "as velhas práticas da política". "Qualquer jornal ou revista do país que a gente abre encontra ataques ao Legislativo. Isso não é correto, não é justo e não serve à democracia", diz Henrique. Veja algumas das observações feitas pelo deputado ao jornalista Josias de Sousa:

O discurso

"Decidi falar porque as coisas estão mal colocadas. Estão agredindo muito o Congresso. De repente, é tudo fisiológico, é tudo toma-lá-dá-cá. Estão generalizando as coisas. Alguém tem que falar. Estou no meu 11º mandato. Tenho 42 anos de Legislativo. Sei o que é a atividade parlamentar. Não é correto transformar o Congresso em símbolo do fisiologismo".

As emendas

"Emendas orçamentárias não podem ser confundidas com toma-lá-dá-cá. Quem conhece o Legislativo sabe que o papel do parlamentar não se resume a votar leis. Nos municípios, o deputado é o interlocutor das pessoas mais carentes, das entidades mais distantes. Eles se valem do parlamentar para expressar seus anseios: um posto de saúde, uma pequena praça, uma escola, uma barragem. São demandas que não chegam às mesas das autoridades. Isso tem que vir pelas mãos do parlamentar. Mais do que um direito, é um dever do parlamentar. A liberação de uma emenda não é concessão do Executivo, é obrigação. O Orçamento é uma lei e deve ser cumprida. De repente, virou tudo toma-lá-dá-cá. Não é".

Os cargos

"As pessoas que ocupam os lugares nos governos não são fantasmas. São de carne e osso. Estão sentadas lá por indicação de alguém. Numa democracia, nada mais legítimo do que o desejo do partido que ganhou a eleição de participar do governo. O critério para aprovar esse ou aquele nome tem que ser o mais rigoroso, tem que passar por um pente fino. A decisão final é do Poder Executivo. De repente, virou tudo fisiologismo. Não é".

Lei da Copa e o Código Florestal: 

"Nesses dois assuntos, nenhum deputado está falando em cargos ou emendas. Discute-se o mérito dos projetos. A Lei da Copa será aprovada pela maioria. É compromisso internacional assumido pelo nosso governo, um compromisso do país. O Código Florestal é uma das coisas mais importantes do Brasil. Não tem interesse menor nesse debate. Os deputados querem discutir o mérito e votar. Numa Casa de 513 deputados, 400 querem votar. Como poderia o presidente da Câmara, Marco Maia, dizer que não vota. Não pode. É preciso tirar o radicalismo desse tema. O governo não é feito só de interesses ambientalistas. O governo também é feito de agricultura, que, aliás, vem salvando o PIB do país. É preciso negociar ao máximo. Depois, tem que votar".

Dilma Rousseff 

"Ela tem formação democrática. Uma pessoa que viveu o que ela viveu, conhece a história da opressão, da ditadura, da falta de liberdade. Ela correu risco de vida para defender os valores democráticos. Não a critico. Minha crítica é àqueles que vão agradá-la informando mal a presidenta. Ela foi eleita com a nossa ajuda. Por mim, será reeleita. Mas no Parlamentro todos foram eleitos também. Deve respeitar e ser respeitado. É lógico que tem parlamentar que presta e que  não presta. É assim também no Executivo e no Judiciário. O que não se pode é tomar os maus exemplos pelo todo. Quando há malfeitos nos outros poderes, são abertos processos. Os processos vão pra lá e pra cá. No Legislativo, o mesmo povo que bota pode tirar. Quem não presta pode ser retirado pelo voto, o canal mais legítimo de aprovação e de reprovação.

As 'velhas práticas'

"O senador Eduardo Braga falou em 'velhas práticas' de forma generalizada. Ele foi governador do Amazonas por oito anos, um bom governador. Chegou ao Senado faz pouco mais de um ano. Pode estar confundindo casos isolados com o todo. Como estou na Casa há 42 anos, sei que não é certo julgar o Parlamento assim. Se quer julgar, é preciso dar nome aos bois, para saber quem é quem".

O papel do Congresso

"Não há um projeto do Executivo que passe pelo Legislativo sem ser ampliado e aperfeiçoado. Fui relator da proposta que criou o programa Minha Casa, Minha Vida. Quando chegou, era voltado apenas para os municípios com população acima de 50 mil habitantes. Mostrei ao governo que, se não déssemos participação às pequenas e médias cidades, o sonho da casa própria terminaria levando mais pessoas a migrarem para os grandes centros. Conseguimos aprovar. O resultado está aí. O programa é um sucesso também nos pequenos municípios. Insisto: não há um projeto do Executivo que não passe pelo Legislativo sem ser mudado em pelo menos 30%. Não é correto dizer que o Congresso não faz nada".

O PMDB

"Temos 79 deputados de diferentes matizes. Cerca de 24 não votaram na presidenta Dilma. Preferiram o José Serra. Isso não impediu que 100% do PMDB votasse a favor do novo salário mínimo na Câmara, 90% aprovaram a DRU [Desvinculação de Receitas da União], 80% disseram 'sim' ao Funpresp [Fundo de Previdência Completar dos Servidores Públicos]. Quando essas coisas acontecem, o PMDB é aliado fiel, o Henrique é um grande líder. Passou esse momento, é todo mundo fisiológico, ninguém merece confiança. Não dou as costas aos meus deputados. Eles trazem reivindicações legítimas. Vou levar adiante e brigar por elas".

A pecha

"Eu não visto a carapuça do toma-lá-dá-cá. Acho a prática condenável. Não sei a quem podem estar se referindo. O Parlamento que conheço recebe cerca de 3,5 mil pessoas por dia. Vão às comissões, ao plenário, aos gabinetes dos líderes. Representam instituições, os sindicatos. Pedem aos deputados que façam leis, que alterem projetos, que incluam parágrafos. Se há parlamentares se conduzindo mal, se tem gente com interesses escusos, que sejam identificados, processados e excluídos no processo eleitoral. O que não se pode aceitar é a generalização. Quando queremos discutir o mérito de um projeto, somos acusados de chantagistas. Não pode ser assim".

Os riscos

"O país precisa lembrar que, quando se enfraquece o Legislativo, não se fragiliza o deputado Henrique ou o PMDB. Debilita-se a democracia, desrespeita-se a instituição, afronta-se a Constituição. Em última análise, é um ataque à cidadania. A gente já viu esse filme. Quem venham todas as críticas, mas que sejam construtivas".

A presidência da Câmara 

"Leio aqui e acolá informações atribuídas à presidenta Dilma. Tenho certeza de que não procedem, não podem ser da cabeça dela. Já conversei com ela sobre isso. Dizem que ela vai escolher quem será o candidato do PMDB à presidência da Câmara. Que deformação é essa? Como se fosse possível o Executivo escolher na bancada de um partido quem é o candidato desse partido à presidência de outra instituiçao, de outro Poder. Tenho certeza que isso não é da cabeça da presidenta Dilma. Não é próprio da sua formação, não combina com sua história. Não sei quem está formulando isso. Quero apenas advertir a essas pessoas que a prática não combina com a tradição do Legislativo".

A liderança

"De uma hora pra outra, tudo o que eu faço é porque quero ser presidente da Casa. Se ajudo o governo, é pra ter o apoio do governo. Se ajudo os ruralistas, é pra ter apoio dos ruralistas. Se é contra o governo, é pra ter o apoio da oposição. Isso não é informação, é deformação. Como tenho 42 anos de Parlamento, não me assusto. Não é hora de discutir esse assunto. No momento próprio, o PMDB tomará sua decisão".

As relações com o Executivo

"Tivemos um 2011 muito proveitoso. A presidenta Dilma agradeceu muito a ação do Legislaivo, foi generosa no agradecimento. Todos os projetos que interessavam ao governo foram aprovados e melhorados. A exceção foi o Código Florestal, que retornou agora à Câmara. Antes de viajar [para a Índia], a presidenta deixou a determinação de que se fizesse, já nesta segunda-feira, um esforço de negociação. Teremos uma reunião do relator com os ministros. É por aí que a coisa funciona. Foi para ter essa negociação que fizemos, em combinação com o líder [Arlindo] Chinaglia a obstrução na sessão em que, por causa do Código Florestal, estava em risco a Lei Geral da Copa".

* Transcrito do blog do jornalista Josias de Sousa 

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