domingo, junho 30, 2013

Dilma tem 30% das intenções de voto e enfrentaria 2º turno, diz Datafolha

A presidente Dilma Rousseff perdeu apoio dos eleitores, em meio a protestos que acontecem nas principais cidades do país, e, se as eleições presidenciais fossem hoje, ela teria provavelmente de enfrentar o segundo turno, segundo nova pesquisa Datafolha, publicada na edição deste domingo (30) do jornal "Folha de S.Paulo".
Dilma teria hoje 30% das intenções de votos para a disputa presidencial de 2014, em um cenário de disputa que inclui Marina Silva (Rede), Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB). Nesta simulação, a petista tinha 51% das intenções de voto na pesquisa anterior, realizada nos dias 6 e 7 deste mês. Ou seja, a presidente perdeu 21 pontos em três semanas.
Em segundo lugar aparece Marina Silva, que subiu de 16% para 23%. Aécio foi de 14% para 17%. Campos oscilou de 6% para 7%. Os três adversários juntos pularam de 36% para 47%.
O número de eleitores que dizem não saber quem escolher ou que afirmam votar em branco, nulo ou nenhum subiu de 12% para 24%.
A pesquisa foi realizada na quinta (27) e sexta (28) com 4.717 pessoas, em 196 municípios. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Cenários com Barbosa e Lula
O Datafolha também inclui Joaquim Barbosa nas simulações. Em seu melhor cenário, o  presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) aparece com 15% das intenções de voto, empatado com Aécio e atrás de Marina (18%) e Dilma (29%). Campos pontua 5%.
No cenário com Lula sendo o candidato do PT, ele poderia vencer no primeiro turno, segundo o Datafolha, apesar de também ter caído. Na simulação em que a disputa inclui Marina, Barbosa, Aécio e Campos, Lula teria 45% e os quatro adversários somariam 43%, ficando empatados tecnicamente com o ex-presidente.
Em outro cenário, sem Barbosa na disputa, Lula tem 46% das intenções contra 37% de Marina, Aécio e Campos somados, o que apontaria para uma vitória no primeiro turno.
Aprovação da gestão Dilma cai 
Pesquisa divulgada pelo Datafolha neste sábado (29) mostra que a aprovação do governo Dilma caiu para 30%. O número de eleitores que consideram o governo bom ou ótimo caiu 27 pontos percentuais desde o início dos protestos no país. Há três semanas, a aprovação era de 57%. De acordo com o instituto, é a maior queda de popularidade registrada desde o início da gestão Dilma.
É a segunda vez desde que a presidente assumiu o cargo, em 2011, que sua avaliação cai acima da margem de erro da pesquisa. Em março, o índice de aprovação do governo atingiu 65%.

O percentual de pessoas que consideram a gestão Dilma ruim ou péssima passou de 9% para 25%, segundo a pesquisa. A nota média da presidente, numa escala de 0 a 10, caiu de 7,1 para 5,8.
Os entrevistados pelo Instituto Datafolha também avaliaram o desempenho da presidente em relação aos protestos. O levantamento apontou que, para 32%, a postura de Dilma foi ótima ou boa. Outros 38% julgaram como regular e 26% avaliaram como ruim ou péssima.
Diante das manifestações em centenas de cidades brasileiras, a presidente Dilma Rousseff fez um pronunciamento na TV no dia 21 de junho e propôs aos 27 governadores e aos 26 prefeitos de capitais convidados por ela para reunião no Palácio do Planalto, no dia 24, a adoção de cinco pactos nacionais: por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte, e educação.
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segunda-feira, junho 24, 2013

Dilma falou em 'inviabilidade' da tarifa zero, diz Movimento Passe Livre

A líder do Movimento Passe Livre, Mayara Vivian, afirmou nesta segunda-feira (24) que a presidente Dilma Rousseff disse que a tarifa zero para transportes públicos seria "inviável". De acordo com Vivian, Dilma teria sinalizado, contudo, a possibilidade de conceder subsídios para reduzir os preços das passagens.
Reunião entre Dilma Rousseff e ministros com representantes do Movimento Passe Livre (Foto: Antonio Cruz/ABr)Reunião entre Dilma Rousseff e ministros com representantes do Movimento Passe Livre (Foto: Antonio Cruz/ABr)

"Ela entendeu que a pauta da tarifa zero é uma necessidade da população e disse da inviabilidade. Mas para gente é uma questão política e não técnica. Se tem dinheiro para estádio e tem dinheiro para Copa do Mundo, tem dinheiro para a tarifa zero", afirmou Mayara Vivian.
Indagada se a presidente teria indicado que concederia subsídios para reduzir preços, a líder do MPL afirmou: "Sinalizou, porém, ela vai fazer esse anúncio. É melhor aguardar." O G1procurou a assessoria da Palácio do Planalto para confirmar as informações, mas não obteve resposta até a última atualização dessa reportagem.
Mayara também reclamou do que chamou de "falta de preparo" da Presidência sobre o tema do passe livre e pediu "ações concretas". "Ela não passou nenhuma informação. Estamos sem nenhuma ação concreta. Vimos a Presidência completamente despreparada. Eles não sabem nem quanto custaria a tarifa zero."
A líder do MPL disse ainda que a presidente se dispôs a dar continuidade ao "diálogo" com o movimento. "A presidenta reconheceu o transporte como um direito social e que deve ter um controle social do transporte. Existe um convite da Presidência para continuar o diálogo. O povo está na rua, então esse canal de diálogo não anula a continuidade da luta pela tarifa zero."

Diante dos protestos em todo o país, a presidente Dilma marcou audiências nesta segunda com lideranças do MPL, prefeitos e governadores. Na abertura da reunião com os 27 governadores e 26 prefeitos, ela propôs a adoção de cinco pactos nacionais (por responsabilidade fiscal, reforma política, saúde, transporte, e educação).

Em relação ao segundo pacto, a presidente disse que apoiará a discussão de uma proposta de convocação de um plebiscito para que o eleitorado decida sobre a convocação de um plebiscito popular para um processo constituinte específico destinado a fazer a reforma política.

sexta-feira, junho 21, 2013

Dilma convoca reunião de emergência

A presidente Dilma Rousseff convocou para a manhã  de hoje uma reunião de emergência com ministros mais próximos, entre eles o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, da Justiça, para fazer uma avaliação das manifestações realizadas no País.

A invasão ao Palácio do Itamaraty deixou as autoridades palacianas “assustadas” e chocadas”. Elas consideraram este fato “muito grave”. Embora apenas Cardozo apareça na agenda de Dilma, os ministros chamados da Casa, que trabalham do Planalto, participarão do encontro. Na pauta, o mapeamento da extensão das manifestações e medidas emergenciais que podem ser tomadas para arrefecer o movimento.

Apesar de especulações, a possibilidade de a presidente Dilma Rousseff fazer um pronunciamento para responder aos protestos - e particularmente, à ação de vândalos que destruíram parte do Itamaraty - estava descartada na noite de ontem (20).

Mas, na reunião de hoje, com o ministro Cardozo, e os ministros da Casa Civil, da Secretaria Geral, da Comunicação Social, e das Relações Institucionais, que trabalham no Planalto, poderá haver uma nova decisão de haver algum tipo de pronunciamento da presidente. Outros ministros poderão ser convocados para o encontro.

Dilma Rousseff deixou o palácio do Planalto em direção ao palácio da Alvorada às 20h28, quando considerava que o ambiente estava relativamente calmo, sem problemas mais graves. Imediatamente após sua saída do Planalto, houve a invasão ao Itamaraty.

Dia


Dilma, que passou o dia em seu gabinete despachando com ministros, chegou a acompanhar a movimentação em todo o país, pelo noticiário da TV, em vários momentos. A exemplo de ontem, nesta quinta-feira, a presidente passou o dia no Planalto, sem sair sequer para almoçar em casa, como de costume.

De acordo com auxiliares da presidente, esta postura violenta foi “além da conta”. O problema, lembram, é que nesta quinta-feira não havia uma reivindicação específica que o governo possa analisar. Era o protesto pelo protesto.


Um milhão de pessoas saem às ruas no Brasil


Ao todo, 388 cidades tiveram a convocação de manifestos ontem (20) em todo o Brasil, incluindo 22 capitais e pequenos municípios. Mesmo com a redução da tarifa do transporte  público em 12 capitais, motivo primário dos protestos, centenas de milhares de pessoas saíram às ruas pelas mais diversas causas, mas principalmente contra a corrupção, a PEC 37, a cura gay e os altos custos da realização da Copa do Mundo no País.
marcos de paula/ec
Multidão calculada em 300 mil ocupa toda a avenida Presidente Vargas, Rio de Janeiro, como parte da maior manifestação popular simultânea já registrada na história política do BrasilMultidão calculada em 300 mil ocupa toda a avenida Presidente Vargas, Rio de Janeiro, como parte da maior manifestação popular simultânea já registrada na história política do Brasil

Esses temas estavam aliados a críticas contra a corrupção e um novo grito de guerra praticamente comum: “sem partido”. Militantes de legendas que levavam bandeiras à concentração na Candelária, para a passeata do centro do Rio, por exemplo, foram recebidos com vaias e palavras de ordem.

“O povo, unido, não precisa de partido”, gritaram os manifestantes apartidários para um grupo que levava bandeiras do PSTU, PCB e PC do B e descia a Rua Uruguaiana na direção à Avenida Presidente Vargas. “Sem partido”, repetiam os manifestantes contrários à partidarização. “Sem fascismo”, respondiam os militantes partidários.

Em São Paulo, os protestos transcorreram de forma pacífica, com pequenos incidentes, após o fechamento de cinco rodovias no entorno da capital. O mesmo não ocorreu no Rio (onde os confrontos deixaram 22 feridos) e em Porto Alegre (que teve registro de saques). Já em Salvador, houve confrontos seguidos com a Tropa de Choque.

Ataque

Mas a cena mais violenta a marcar a noite foi a tentativa de invasão do Palácio do Itamaraty, em Brasília. A polícia tentou conter os invasores com gás, mas o prédio teve janelas quebradas e focos externos de incêndio.

Após duas semanas de protestos, foi o ataque mais violento a um centro de poder. Anteriormente, o Congresso, a Assembleia Legislativa do Rio, o Palácio dos Bandeirantes e o Edifício Matarazzo (sede da Prefeitura de São Paulo) haviam sido alvo de protestos - além de governos das principais capitais. Nesta quinta-feira, com novas bandeiras para o movimento sendo discutidas no Twitter e no Facebook e em meio às reivindicações sociais e políticas diversas que eram ouvidas, um novo grito de guerra parecia destacar-se: “sem partidos”.

Integrantes de partidos políticos foram proibidos de erguer bandeiras por todo o País e o PT viu fracassar a convocação de sua “onda vermelha”. Houve confronto até entre manifestantes dos “sem partido” e os do “sem fascismo”. Aliás, o caráter multifacetado do movimento já preocupa especialistas e analistas políticos, que falam em “mal-estar” da democracia no Brasil.

Em relação ao primeiro grande sucesso do movimento, a redução de tarifas, suas consequências ainda são difíceis de avaliar. O prefeito Fernando Haddad (PT), por exemplo, passou o dia fazendo contas. No fim do dia, havia pelo menos três hipóteses para cobrir o déficit financeiro provocado pela revogação do aumento da tarifa. Na lista estava postergar o lançamento do bilhete mensal, uma de suas principais promessas de campanha, previsto para novembro e com custo de R$ 400 milhões ao ano.

quarta-feira, junho 19, 2013

Aprovação do governo Dilma é de 55%, aponta pesquisa Ibope

A aprovação do governo Dilma Rousseff passou de 63% em março (recorde na ocasião) para 55% em junho, de acordo com pesquisa Ibope encomendada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) e divulgada nesta quarta-feira (19). A margem de erro do levantamento é de dois pontos percentuais.
O percentual de 55% é o dos entrevistados que consideram o governo "bom" ou "ótimo", de acordo com o levantamento. O Ibope ouviu 2002 pessoas com mais de 16 anos em 142 municípios entre os últimos dias 8 e 11 deste mês.
O índice dos que consideram o governo "regular" passou de 29% para 32%. Já o percentual dos que consideram o governo “ruim ou péssimo” passou de 7% para 13%.
Renda
De acordo com a pesquisa, a piora na avaliação do governo ocorreu em todos os grupos de renda, mas com intensidade maior entre os que têm remuneração mais elevada.

Entre os entrevistados com renda familiar de até um salário mínimo, houve uma queda de 5 pontos percentuais na proporção de “ótimo” ou “bom”. Entre aqueles que possuem renda de 2 a 5 salários mínimos e de 5 a 10 salários mínimos a queda foi de dez pontos percentuais. No caso dos entrevistados com mais de dez salários mínimos, a aprovação do governo caiu 21 pontos percentuais.
Regiões
A região do país onde ocorreu a maior queda na aprovação foi o Sudeste, com redução de 11 pontos percentuais.

Nas demais regiões, a piora na avaliação do governo variou de cinco a sete pontos percentuais. O Nordeste continua como a região onde há a maior aprovação - 66% classificaram o governo como “ótimo” ou “bom”.
Aprovação pessoal
A aprovação pessoal de Dilma passou de 79% em março para 71% na pesquisa de junho. O índice de quem desaprova a presidente passou de 17%, em março, para 25%, em junho.

Índice de confiança
De acordo com a pesquisa, o índice de confiança na presidente Dilma Rousseff  recuou oito pontos percentuais, de 75% para 67%.

Não confiam em Dilma, segundo o Ibope, 28% dos entrevistados. Na pesquisa anterior, o percentual registrado foi de 22%. 
Comparação com Lula
Em sintonia com a queda na popularidade, o percentual dos que consideram o governo Dilma pior que o governo Lula ultrapassou a quantidade de entrevistados que avaliam o atual governo como melhor que o anterior.

De acordo com a pesquisa, 25% dos entrevistados responderam considerar o governo da presidente pior que o de Lula. Na pesquisa anterior, esse percentual era de 18%.
Já o percentual dos que consideram a atual gestão melhor caiu de 20% em março, para 16% em junho. O índice dos que avaliam que os dois governos têm desempenho igual passou de 61% para 57%.
Otimismo e pessimismo
Segundo o levantamento, houve uma redução no otimismo com relação aos próximos dois anos de governo da presidente.

Consideram que o restante do mandato de Dilma será "ótimo" ou "bom" 55% dos entrevistados,  dez pontos percentuais menos que o verificado na última pesquisa, quando 65% dos entrevistados revelaram otimismo.
O índice dos que consideram que o restante do governo será regular passou de 24% para 28% e foi de 8% para 14% o percentual dos que acreditam que os próximos dois anos serão ruins ou péssimos.
Expectativas econômicas
A pesquisa Ibope revela piora na avaliação da população com relação à política econômica do atual governo. Houve redução do percentual de aprovação em todos os indicadores econômicos analisados pelo levantamento.

O percentual dos que desaprovam a política de combate à inflação aumentou dez pontos percentuais, passando de 47% em março, para 57% em junho. A aprovação caiu de 48% para 38%. Os outros 5% não souberam ou não quiseram responder.
Também houve piora na avaliação da população com relação aos impostos. O índice de desaprovação subiu de 60% em março, para 64% em junho. A aprovação dos impostos cobrados caiu de 36% para 31%.
O descontentamento em relação à taxa de juros também subiu quatro pontos percentuais. O índice de desaprovação foi de 50% em março, para 54% em junho. A aprovação passou de 42% para 39%.
O combate ao desemprego é bem avaliado por 52% dos entrevistados, sendo que, na pesquisa passada, o percentual era de 57%. Desaprovam a política de combate ao desemprego 45% da população, aumento de 5 pontos percentuais em relação a março.
Área social
A taxa de aprovação do governo em relação às ações de saúde se manteve estável, em 32% – 66% desaprovam as medidas no setor, contra 67% na pesquisa anterior, uma alteração dentro da margem de erro da pesquisa, de dois pontos percentuais.

A aprovação na área de segurança pública passou de 32% em março, para 31%, em junho, também dentro da margem de erro. A desaprovação foi de 66% para 67%.
A área mais bem avaliada do governo continua sendo a do combate à fome e à pobreza, embora tenha havido redução de quatro pontos percentuais na aprovação. O percentual passou de 64% em março, para 60% junho. A desaprovação subiu de 34% para 38%, variações que ultrapassam a margem de erro.
As medidas de proteção ao meio ambiente são aprovadas por 55%, aumento de dois pontos percentuais em relação a março deste ano. A desaprovação passou de 36% para 39%.
Com relação à educação, a avaliação se manteve estável. A aprovação continua sendo 47%. Desaprovam as ações 51% da população, alta de um ponto percentual em relação à pesquisa anterior.
Boato sobre Bolsa Família
De acordo com a pesquisa, as notícias mais lembradas em março, citadas por 15% dos entrevistados, tratam do boato sobre o fim do Bolsa Família. Em segundo lugar, com 10%, está o noticiário sobre as obras para a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

Em terceiro, com 9%, estão notícias sobre a PEC das Domésticas, lei que ampliou os direitos trabalhistas dos trabalhadores domésticos.
Na pesquisa de março, a notícia mais lembrada pelos eleitores era o incêndio na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que matou mais de 250 pessoas.
tóp

sábado, junho 15, 2013

Dilma e Blatter são vaiados em abertura da Copa das Confederações




A presidente da República, Dilma Rousseff, foi vaiada em rápida aparição no Estádio Nacional Mané Garrincha antes da partida entre Brasil e Japão, neste sábado, na estreia na Copa das Confederações. A presença dela foi anunciada pelo sistema de som logo depois que os jogadores das duas seleções entraram em campo. Ao lado dela, Joseph Blatter, presidente da Fifa, também foi alvo das manifestações da torcida.
O suíço fez um breve discurso, no qual se disse muito feliz e chamou os torcedores de “amigos do futebol”. Quando se referiu a Dilma, o estádio inteiro vaiou, a ponto de Blatter cobrar respeito do público.
- Amigos do futebol brasileiro, onde estão o respeito e o fair-play, por favor?
Dilma, Brasil e Japão (Foto: Agência Reuters)Dilma durante seu rápido discurso no Mané Garrincha (Foto: Agência Reuters)

terça-feira, junho 11, 2013

MP vê 'golpe', mas deputado diz que reforma eleitoral 'amplia democracia'

Nathalia Passarinho e Fabiano CostaDo G1, em Brasília

Sandra Cureau e Cândido Vaccarezza (Foto: Carlos Humberto/STF e Luis Macedo/Câmara)Sandra Cureau e Cândido Vaccarezza (Foto: Carlos
Humberto/STF e Luis Macedo/Câmara)
Três anos depois da aprovação da lei da Ficha Limpa, a procuradora-geral eleitoral, Sandra Cureau, classificou, em entrevista ao G1, de “golpe na democracia” a minirreforma eleitoral que deve ser votada nesta terça-feira (11) pela Câmara dos Deputados. Para o deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP), coordenador do grupo de trabalho da Câmara que elaborou o projeto, a proposta trará “transparência” e “eficácia” à lei eleitoral.
O texto autoriza a concorrer políticos que tiveram as contas de campanha rejeitadas em eleições passadas, desde que tenham apresentado essas contas dentro do prazo. Pela proposta, o candidato poderá concorrer, “independentemente da aprovação” da contabilidade.
Em 2012, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) chegou a barrar das urnas os chamados políticos "contas-sujas" em um julgamento que dividiu a corte. Meses mais tarde, porém, os ministros anularam a sentença do próprio tribunal, com a justificativa de que a lei não prevê a exigência de quitação eleitoral.
Isso aí é um golpe na democracia brasileira. É pior que enfraquecer a Ficha Limpa. Você passa a manipular a legislação segundo os interesses de quem está no poder."
Sandra Cureau, procuradora-geral eleitoral
Outro artigo do projeto transfere aos partidos, no caso de eleições proporcionais, os votos dos deputados e dos vereadores eleitos que tenham tido a candidatura impugnada com base na Ficha Limpa, lei de iniciativa popular que torna inelegível os políticos que forem condenados por órgãos colegiados. Atualmente, os votos de políticos cassados são anulados, e as siglas não se beneficiam.
O texto também permite campanha eleitoral a qualquer tempo na internet. Conforme o projeto, nenhuma manifestação política na rede mundial será considerada campanha antecipada, a não ser que seja veiculada em espaços pagos.
Maior autoridade do Ministério Público em temas eleitorais, Sandra Cureau disse estar convencida de que a proposta negociada pelos deputados enfraquece os princípios da Ficha Limpa. Na visão da procuradora, se o projeto de lei for aprovado pelo Congresso, o procurador-geral da República poderia questionar sua constitucionalidade no Supremo Tribunal Federal.
Meu projeto visa ampliar a democracia, tornar a eleição mais simples e melhor fiscalizada. Se ela [Sandra Cureau] acha isso, é problema dela. Ela tem o direito de fazer o comentário que ela quiser."
Deputado federal Cândido Vaccarezza (PT-SP)
“Isso aí [o projeto elaborado pelo grupo de trabalho da Câmara] é um golpe na democracia brasileira. É pior que enfraquecer a Ficha Limpa. Você passa a manipular a legislação segundo os interesses de quem está no poder. Acho que esse projeto como um todo é um golpe, em especial essa parte do voto ir para o partido”, afirmou.
Ao G1, Cândido Vaccarezza contestou as declarações da procuradora-geral eleitoral e afirmou que o texto obteve o aval de “todos os partidos”. Segundo o parlamentar petista, a proposta tornará a fiscalização de irregularidades mais eficiente.
“O meu projeto visa a ampliar a democracia, tornar a eleição mais simples e melhor fiscalizada. Se ela [Sandra Cureau] acha isso, é problema dela. Ela tem o direito de fazer o comentário que ela quiser”, argumentou.
Vaccareza assegura que há consenso na Câmara para aprovar o projeto nesta terça em caráter de urgência. Como ainda não tramitou pelas comissões da Casa, a proposta precisa da assinatura dos líderes partidários para ser votada diretamente no plenário. A inclusão da matéria na pauta de votações será definida durante reunião do colégio de líderes.
Quitação eleitoral
O texto defendido por Vaccarezza e criticado pelo Ministério Público prevê que políticos possam se candidatar mesmo se tiverem a prestação de contas de campanhas passadas rejeitadas. Pelo texto, bastará apresentar as contas para que seja concedida a quitação eleitoral.

Ao final de cada eleição, os políticos que participaram da disputa são obrigados a entregar à Justiça Eleitoral um relatório do que foi gasto e arrecadado pelo candidato, pelo partido e pelo comitê financeiro. A reprovação acontece quando são identificadas irregularidades nessa prestação de contas.
Para Sandra Cureau, uma lei que torne irrelevante a aprovação das contas contraria a Constituição. “Esse dispositivo certamente terá a sua constitucionalidade questionada pelo Supremo. Isso afronta a probidade administrativa, a moralidade, viola completamente todo o espírito da Ficha Limpa”, disse.
“Obviamente que você aceitar que alguém é elegível, que preencheu condições de elegibilidade, apenas porque apresentou as suas contas, independentemente do resultado, você ignora o que a Constituição estabelece”, completou a procuradora.
Vaccarezza argumenta que a proposta não trará impunidade a candidatos que tenham cometido irregularidades. Ele destaca que, se tiver havido abuso de poder econômico na eleição anterior, o candidato poderá ser processado especificamente por esse crime eleitoral. No entanto, estará liberado para concorrer às eleições.
“Qualquer pessoa que entende um pouquinho de direito sabe que essa questão não impede a fiscalização. Se o cidadão apresentar as contas e nas contas tiver abuso de poder econômico, ele será julgado por abuso de poder econômico.”
'Ficha suja'
A proposta prevê ainda que os votos de candidatos cassados pela Justiça Eleitoral, com base na Lei da Ficha Limpa, sejam transferidos para o partido, em vez de serem anulados. Com isso, a sigla pela qual o político concorreu será beneficiada e, conforme a quantidade de votos do candidato impugnado, poderá eleger outros candidatos integrantes da coligação.

Para Sandra Cureau, a alteração desestimula os partidos a evitar que políticos ficha suja concorram. “Na prática, vai ser irrelevante se o candidato vier a ter o seu registro cassado. O partido de qualquer maneira se aproveitará da votação. Se você quer estabelecer um governo de pessoas probas, de pessoas que tenham um comportamento ético, moral, essa lei não pode passar”, afirmou.
Para a procuradora, as siglas se preocuparão em filiar candidatos que possam conquistar votos em vez de focar na qualidade e caráter dos políticos. “Com essa proposta, todas as hipóteses de inelegibilidade não trarão influência, pois os partidos vão escolher quem tem mais votação, independentemente da qualidade da pessoa”, disse.
Na avaliação de Vaccarezza, as siglas têm direito de receber os votos do candidato cassado, pois, segundo ele, o eleitor não vota apenas na pessoa, mas também na legenda. “Não existe campanha individual. O sistema é proporcional, então o voto é também do partido”, argumentou.
Novas eleições
Outro ponto defendido pelo parlamentar na proposta é a realização de novas eleições sempre que o candidato vencedor for cassado. Atualmente, a lei prevê que, em caso de cassação, o segundo colocado deve assumir o cargo, a não ser que o cassado tenha obtido mais de 50% dos votos válidos no primeiro turno. Nesse caso, são realizadas novas eleições.

“É um absurdo alguém ser derrotado pelo povo e assumir o mandato. Isso é um absurdo, é uma excrescência”, disse o deputado do PT.
Já a procuradora-geral eleitoral afirma que a proposta não é viável do “ponto de vista prático”. “Desse jeito, vamos passar o resto da vida fazendo eleição. Do ponto de vista prático, é um projeto que tem muito pouca chance de dar certo. O quadro de instabilidade política nacional vai ser uma coisa de louco”, disse Sandra Cureau.
Campanha na internet
O texto do grupo de trabalho da Câmara traz outra novidade ao processo eleitoral,  liberando a campanha a qualquer tempo na internet. Para o petista, as redes sociais devem ser consideradas como “a extensão de um escritório”, um local onde todos possam manifestar suas posições livremente.

“O que está dito é que uma rede social é uma extensão do escritório. Você só acessa o meu Twitter se você quiser. Existe muita ignorância das pessoas sobre a internet”, disse o petista.
Para Sandra Cureau, contudo, a internet é, hoje em dia, o veículo de comunicação “mais poderoso”, sendo acessada por milhões de brasileiros. Por isso, defende a procuradora, o controle da web não deve ser diferente do exercido sobre outros meios de comunicação.
“Se você liberar propaganda eleitoral a qualquer tempo na internet, tem que liberar o resto, acabar com o período específico para campanha eleitoral. A internet é um veículo muito mais poderoso e acessado que os outros”, opinou.

sábado, junho 08, 2013

Henrique Eduardo Alves é empossado presidente da República

Rodolfo StuckertHenrique Eduardo Alves entre a presidente Dilma Rousseff (à esq.) e sua noiva, a jornalista Laurita Arruda (à dir.)Henrique Eduardo Alves entre a presidente Dilma Rousseff (à esq.) e sua noiva, a jornalista Laurita Arruda (à dir.)

A presidente Dilma Rousseff chegou de helicóptero e entregou o cargo ao deputado potiguar na pista da base. Ela estava acompanhada dos ministros da Educação, Aloysio Mercadante, das Relações Exteriores, Antonio Patriota e da secretária de Comunicação, Helena Chagas.

Henrique Eduardo Alves, o terceiro na sucessão presidencial, assume o cargo devido à viagem da presidente Dilma a Portugal e pelo fato do vice-presidente Michel Temer ter compromissos em Israel. Neste caso, a Constituição rege que o presidente da Câmara dos Deputados seja empossado.

Amanhã (9), Henrique Eduardo Alves não tem agenda oficial. Ele deve permanecer na residência da presidência da Câmara, onde receberá a governadora Rosalba Ciarlini. Na segunda-feira, dia 10, o presidente em exercício receberá alguns ministros para despacho. O titular da Previdência, Garibaldi Filho, e o da Justiça, José Eduardo Cardozo, terão audiências com Henrique Eduardo Alves, no Palácio do Planalto.

O diretor da Funasa, Flávio Marcos Passos Gomes Júnior, também será recebido pelo presidente em exercício. No final da tarde da segunda, Henrique Eduardo se reunirá com um grupo de líderes partidários.

Agenda com o RN
Também na segunda (10), o presidente em exercício receberá, em audiência, a governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini. Ela pedirá agilidade na tramitação do processo em que o governo potiguar pede autorização para empréstimo de 540 milhões de dólares ao Banco Mundial.

O processo está no Senado. A governadora, acompanhada do secretário-chefe da Casa Civil, Carlos Augusto Rosado, embarcou ontem (7) para Brasília. 

História
Entre os potiguares, antes de Henrique Eduardo, apenas Café Filho havia ocupado o cargo de presidente da República. Em 1950, ele foi indicado para a vice-presidência na chapa de Getúlio Vargas. Com o suicídio de Vargas, em 1954, assumiu a presidência, exercendo o cargo até novembro de 1955, quando foi afastado da presidência por motivos de saúde. 

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