Rosalba: ‘Vou disputar o governo do Estado com determinação’
Por Aldemar Freire e Anna Ruth Dantas
A senadora Rosalba Ciarlini (DEM) assume a candidatura ao governo do Rio Grande do Norte, eleva o tom do discurso de oposição à atual administração e confirma conversas com o deputado estadual Robinson Faria (PMN) para uma possível indicação a vice na chapa majoritária. Nesta entrevista à TRIBUNA DO NORTE, a parlamentar do DEM confirma que está com a chapa ao Senado fechada: Garibaldi Filho (PMDB) e José Agripino (DEM).
Rosalba Ciarlini já aponta o foco que dará ao seu principal concorrente, o vice-governador Iberê Ferreira. Para ela, as “falhas da atual administração” são também dele, que atua como vice-governador e como secretário de Recursos Hídricos.
As críticas ao governo Wilma de Faria feitas por Rosalba Ciarlini chegam também como forma de defender o deputado Robinson Faria, com quem mantém entendimentos para aliança em 2010: “O deputado Robinson Faria tem um grande espírito público. Ele demonstrou isso com projetos que apresentou, com propostas que levou ao governo e não foi ouvido”.
A senadora Rosalba Ciarlini destaca a “insatisfação” da eleitores na Segurança, na Saúde e na Educação: “Será que o povo está satisfeito com a Segurança, com a Saúde, com a situação das estradas? Houve planejamento nesse governo? Qual o plano de Educação estadual? Eu não conheço. Tudo isso é que vamos colocar para população”, ressalta.
Sobre o pleito 2010, a situação do DEM e as articulações partidárias, Rosalba Ciarlini concedeu a seguinte entrevista:
Rodrigo SenaRosalba Ciarlini confirma que agora está decidida a disputar a sucessão da governadora
A senhora começa 2010 como candidata ao governo do Estado pelo Democratas?Meu nome está colocado à disposição do partido. O que foi uma reflexão, durante um determinado período, nesse meu estilo de trabalhar. Realmente, é o meu estilo estar em contato com a população. As pessoas chegaram de forma muito espontânea e foi surgindo o meu nome para ser candidata a governadora como colocação do povo e isso muito me gratificava. As pessoas chegavam e diziam: “Quero que a senhora seja nossa governadora”. Então, o tempo foi passando e as interrogações foram ficando cada vez mais frequentes. O que antes era uma reflexão, agora já é uma decisão minha, de que estou me colocando à disposição para ser candidata do nosso partido.
A discussão no DEM também avançou para a candidatura da senhora?Não há discussão no DEM. Sempre tive o apoio do partido, não apenas agora, mas na minha vida política dentro do partido. Tenho certeza de que o senador José Agripino tem a candidata do partido como a da preferência dele.
O fato da chapa majoritária ter o DEM com uma candidata ao governo e um candidato ao Senado (com José Agripino Maia) pode dificultar as alianças, já que o partido ocuparia duas posições?Não vejo dessa forma. O DEM está tendo uma candidatura natural. O que estamos vendo é que nosso partido está formando um arco de alianças e que também todos que querem o melhor para o Rio Grande do Norte vêm somar.
O DEM estará no pleito de 2010 com duas candidaturas. Qual será a prioridade do partido?A vitória.
Houve planejamento neste governo? Qual o plano de Educação estadual? Eu não conheço. Tudo isso é que vamos colocar para a população”
O DEM se notabilizou pela oposição ao governo Lula, uma gestão que tem mais de 70% de aprovação. Isso pode se constituir em dificuldade na campanha da senhora?
O presidente tem popularidade grande, que é mostrada através das pesquisas, mas o candidato não é Lula. Ele terá uma candidata, como também nas eleições passadas apoiou candidaturas que não tiveram sucesso. A começar pela minha candidatura ao Senado que não foi apoiada pelo presidente (Lula). Em democracia você tem que ter oposição responsável, como José Agripino fez e vem fazendo. Em nenhum momento ele (José Agripino) se colocou contra algo que seja contra o povo do Brasil. Defendemos a queda da CPMF. Quando foi para termos mais recursos na saúde, de forma maciça aprovamos a emenda 29.
Em recente evento no Rio Grande do Norte, o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, esteve aqui e a administração dele foi apontada como exemplo da forma “do DEM administrar”. O escândalo envolvendo o governador pode “respingar” na eleição da senhora?
O episódio do Distrito Federal foi no Distrito Federal. O partido, desde a primeira hora e de forma muito segura, muito determinada, deixou claro que não convive com nenhum tipo de improbidade. Tanto que o próprio governador Arruda, sentindo a decisão do partido de expulsá-lo, deixou a legenda. Eu não vi isso em nenhum outro partido. A avaliação desse fato será sentida em Brasília, não em nível local. Aqui temos mostrado que nosso partido tem trabalhado de forma a valorizar a ética e a honestidade na política.
A senhora se lança ao governo como candidata de oposição. O que a senhora apresentará para população?
Será que o povo está satisfeito com a Segurança, com a Saúde, com a situação das estradas? Houve planejamento neste governo? Qual o plano de Educação estadual? Eu não conheço. Tudo isso é que vamos colocar para a população e o plano que, com certeza terei, não será feito por contratação de empresa nem dentro de um gabinete só de técnicos. De forma alguma. Ele virá como já está sendo feito a cada instante que caminho, que estou nas cidades e ouço as ideias que vem do povo. O sentimento é este: uma insatisfação muito grande, porque com a Segurança os resultados estão aí; com a Saúde, as dificuldades são muito grandes; na Educação também não avançamos. Em termos de desenvolvimento do nosso Estado o que temos é um desenvolvimento macro de todo Nordeste. Mas em ações que tenham levado a desenvolver as regiões do Rio Grande do Norte e assegurado sustentabilidade e equilíbrio para o Estado, deixa muito a desejar.
Então a governadora termina o mandato sem atender a expectativa que ela criou na população?
Infelizmente. Porque na realidade ela criou expectativa de grande transformação. Eu até gostaria que tivesse ocorrido (a transformação). Como norte-rio-grandense queremos que nosso Estado sempre caminhe bem.
Seu concorrente será o vice-governador Iberê Ferreira. Como a senhora avalia esse fato?
Como cidadão (Iberê Ferreira), é uma pessoa polida, educada, mas ele tem a cara do governo. Ele está no governo como secretário e como vice-governador.
Então as críticas que a senhora faz à administração também são dirigidas a ele (Iberê Ferreira)?
Ele estava lá como parceiro e se o governo não caminhou, não avançou, não melhorou nessas questões, claro que ele fez parte disso.
Quais os partidos e lideranças que a senhora pode hoje afirmar que estão nesse projeto de 2010?
São todos aqueles que querem o melhor para o Rio Grande do Norte. Não falo em termos de partido, falo em termos de alianças, de arco de apoios que está sendo montado. Às vezes é um partido como o PSDB, às vezes é uma pessoa espontaneamente, um cidadão, uma liderança, muitos divergindo do seu partido.
A senhora se refere ao senador Garibaldi Filho?
O senador Garibaldi é um político de larga experiência e sensibilidade. E nós temos uma afinidade muito grande, não somente afinidade, mas tivemos um alicerce maior nesses anos no Senado. Nunca o Rio Grande do Norte viu três senadores terem uma sintonia tão grande. Ele (Garibaldi Filho) já disse e repetiu muitas vezes que ouviu a população (sobre a candidatura de Rosalba Ciarlini) e percebe que é o sentimento da população. Como eu sinto também que as pessoas externam que gostariam de manter a aliança com Garibaldi e Rosalba.
A senhora reafirma o seu voto para o Senado: Garibaldi Filho e José Agripino Maia?
Agripino e Garibaldi. O Rio Grande do Norte não pode prescindir do trabalho desses dois homens. São dois senadores que estão fazendo um bom trabalho e tenho certeza de que, a cada ano, com a experiência que eles têm, muito poderão fazer pelo nosso Estado.
A senhora confirma conversas com o deputado Robinson Faria com vistas a ele ser o candidato a vice na sua chapa?
Estamos convergindo em ideias, em análises do nosso Estado. O deputado Robinson Faria tem um grande espírito público. Ele demonstrou isso com projetos que apresentou, com propostas que levou ao governo e não foi ouvido. Ele foi conhecer a experiência de segurança no Ceará que está dando certo. O deputado Robinson Faria apresentou sugeriu esse trabalho de segurança no Estado e não foi ouvido (pelo governo). Ele lutou muito pelo Cidadão sem Fome e nós estamos vendo que anda a passos de tartaruga, mesmo sendo lei aprovada. O deputado Robinson tem espírito público, liderança e eu gostaria muito de tê-lo ao nosso lado.
A vaga de vice está reservada para ele?
A vaga de vice está reservada para quem vier em um entendimento dos partidos, e de todos que vão compor a aliança. Até porque se minha candidatura não foi imposta eu não vou impor um nome.
O cenário ideal para senhora nas próximas eleições seria uma polarização com o vice-governador Iberê Ferreira, sem um terceiro nome?
Eu não pensei nisso. Meu nome surgiu, estou na luta, vou em frente e aguardarei a decisão do povo.
A senhora tem uma imagem muito ligada à administração de Mossoró. Teme algum tipo de problema em conquistar o eleitorado de Natal?
Mas na campanha de senadora eu ganhei em Natal. Sou muito grata ao povo de Natal. Natal acompanhou minha administração e quer alguém que lute pelo Rio Grande do Norte. Fui prefeita e tive que trabalhar pela cidade (de Mossoró), como senadora estou fazendo pelo Estado, como governadora, se for essa a decisão do povo, irei fazer pelo nosso Estado para melhorar as condições e possa ter o desenvolvimento que o povo e o potencial do Estado merece.
A senhora definiria que sua candidatura é irreversível?
O que poderíamos dizer no mundo que é irreversível? Só poderia dizer que (a candidatura) é determinada, otimista. Mas o otimismo que eu tenho não é aquele de quem acha que as coisas caem do céu. Não. Nunca tive nada caindo do céu. É o otimismo de quem vai à luta, de quem acredita e vai em busca de resultados.
É o otimismo das pesquisas?
Não. Pesquisa é momento. A pesquisa é um estímulo para que a gente possa trabalhar ainda mais, incentiva ainda mais a luta.
Recentemente, em entrevista à TRIBUNA DO NORTE, a prefeita de Natal Micarla de Sousa disse que o Partido Verde quer um espaço na chapa majoritária na aliança que vai fazer. Qual o espaço que caberia ao PV nessa discussão da chapa majoritária?
É natural que todo partido que venha a compor tenha seu espaço. Isso será definido no momento certo, no momento oportuno com as lideranças de todos os partidos.
A senhora vislumbra algum nome do PV que poderia compor como vice?
O PV tem grandes nomes, como todos os outros partidos também têm. É difícil chegar agora e citar nomes.
Ainda há possibilidade de o PDT, com o ex-prefeito de Natal Carlos Eduardo, compor com a senhora?
Estamos abertos para conversar com todos. É assim que se forma uma aliança.
Qual a credencial que a senhora apresentará para o eleitor em 2010: a de senadora ou de ex-prefeita de Mossoró?
A história de vida, de trabalho. Acho que você não pode chegar e tirar por pedaços. Sei que quando você entra na vida pública, você tem que ser avaliada por tudo que é: a médica, a presidente da Unimed três vezes, a diretora do hospital, a pessoa que fez trabalho comunitário. Você tem que ser avaliada por tudo. A administração (da cidade de Mossoró) pesa porque foi quando se deu o resultado do trabalho. O Senado também é um resultado que vem a cada dia aprendo mais e faço mais. No Senado já temos vários projetos. Como a ZPE (Zona de Processamento de Exportação) do Sertão. É a única que está autorizada, já com terreno, foi aprovado no Senado, na Câmara. Tem projetos voltados para o social, como defesa da licença maternidade, o concurso público com convocação imediata dos aprovados, tem a proposta de apoio para crianças em tratamento com câncer, defesa de creche da educação infantil e mais 10 Institutos Federal de Educação Tecnológica foram propostos na Comissão de Educação. Isso (os IFRNs) não é impositivo, é autorizativo, mas são indicações de novas cidades para receber os CEFETs
O que somaria mais em uma chapa da senhora: a juventude do deputado federal Fábio Faria ou a experiência do deputado estadual Robinson Faria?
Juventude é algo que não é questão cronológica, é questão de espírito. A juventude que eu vejo é a vontade de ver o Rio Grande do Norte melhor. Isso é o que vai somar, que venha com esse sentimento que possamos fazer o Rio Grande do Norte diferente.