Fernando Henrique Cardoso defendeu a liberdade para Marcelo Odebrecht. Corajoso, não?
Em sua incensada biografia presidencial, FHC fala do clã Odebrecht assim:
“Almocei aqui com Emilio Odebrecht e a Ruth [Cardoso]. Emilio veio trazer sugestões, nada para ele, só a respeito de vários temas de interessa nacional. É curioso. Tem um nome tão ruim a Odebrecht, e o Emilio tem sido sempre correto, há tantos anos”.
“Curioso, a firma Odebrecht ficou tão marcada pela CPI dos Anões do Orçamento, com o negócio da corrupção, e no entanto o Emílio é um dos homens mais competentes do Brasil em termos empresariais”.
FHC refere que Emílio o visitou para discutir “uma espécie de radiografia dos grupos empresariais brasileiros”.
Hummmm…
Todo mundo, inclusive este blogueiro, mete porrada no distanciamento, nada odebrechtiniano, que o Instituto Lula não mantém com as empreiteiras.
Mas lembremos que Fernando Henrique Cardoso recebeu R$ 12 milhões de renúncia fiscal –aplicada em empresas que contribuíram com seus projetos culturais, como a organização de seus arquivos pessoais e os de D. Ruth Cardoso. Inclusive o Instituto Ruth Cardoso.
Ou seja: muita coisa de Lula esteve em FHC: muito embora este nunca tivesse estado tão próximo de uma tocaia da PF, como Lula e sua família estão.
Mas quero resgatar outro fato.
Vou falar do filho de FHC.
Segue um extrato da mídia, de 4 anos atrás:
“Dois testes de DNA, feitos em São Paulo e em Nova York, revelaram que Tomás Dutra Schmidt, filho da jornalista Miriam Dutra, ex-repórter da TV Globo, não é filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Em 2009, FHC reconheceu Tomás como filho num cartório em Madrid, na Espanha.
A informação sobre o resultado negativo dos testes foi publicada na coluna Radar, da revista Veja, edição desta semana.
Depois que o reconhecimento da paternidade já estava pronto e assinado, os três filhos de FHC com Ruth Cardoso - Paulo Henrique, Beatriz e Luciana - pediram ao pai que fizesse um exame que comprovasse que Tomás era mesmo filho dele.
O ex-presidente concordou, imaginando com isso colocar fim a qualquer possibilidade de desentendimento entre os irmãos e Tomás. Este vem recebendo - não se sabe desde quando - um auxílio financeiro prestado por FHC.
O primeiro teste foi feito no fim do ano passado, em São Paulo. A saliva de FHC foi recolhida em São Paulo, e a de Tomás, em Washington, nos EUA, onde estuda. Na capital norte-americana, a coleta foi feita por meio do representante do escritório do advogado brasileiro Sergio Bermudes, que cuidou tanto do reconhecimento quanto dos testes feitos.
O primeiro exame deu negativo. FHC decidiu então se encontrar com Tomás em Nova York para um novo teste, que também deu negativo.”
Agora entra um fato polêmico.
Em março de 1998, a revista Caros Amigos fez uma capa sobre a vida
Lá contei algo estranho à época: enquanto repórter especial da Folha de S. Paulo, uma missão me foi pedida. Era o seguinte: um repórter de Brasília iria tentar tirar do paletó do então presidente FHC uns fios de seus cabelos. E eu iria mandar analisá-los, no então único laboratório de exames de DNA do Brasil – como passo inicial de se investigar o filho de FHC fora do casamento. Era uma missão pedida pela direção da Folha de S. Paulo.
O projeto da Folha não decolou. Sobretudo porque os bulbos dos fios de cabelo de FHC oxidavam quando mandados a São Paulo, onde seria feita a análise do doutor Ayush Morad Amar.
Mas a Caros Amigos pegou minha dica. E, meses depois, a revista fez a sua polêmica capa sobre o porquê de a “mídia burguesa” ter dado tanto destaque (nas eleições de 1989) à filha que Lula tinha for a do casamento – mas se calar, por contraste, sobre o filho que FHC mantinha fora do casamento.
Pois bem: o filho não era de FHC. Mesmo assim ele o assumiu.
Mesmo assim ele não moveu nenhuma ação judicial contra a mídia ( da conservadora à progressista) que tanto sapateou sobre seu filho.
Vejo a quantidade de ações judiciais que Lula move contra jornalistas que investigam sua família: e comparo com a inação de FHC face tais abutres (todos nós, repórteres, somos abutres, a seus modos específicos).
Ergo: FHC aguentou um fogo que Lula se mostra incapaz de encarar.
FHC se calava. E, em, sentido oposto, Lula sustém uma guerra contra a mídia, contra Dilma, contra a PF, contra o diabo, enfim e amiúde, porque seus filhos entraram na parada das investigações.
FHC ensine a Lula que, no quesito família, hay que tener cojones.
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