quinta-feira, dezembro 03, 2015

Eduardo Cunha autoriza abrir processo de impeachment de Dilma

02/12/2015 18h40 - Atualizado em 02/12/2015 23h14

Eduardo Cunha autoriza abrir processo de impeachment de Dilma

Presidente da Câmara informou que acolheu pedido do jurista Hélio Bicudo.
Peemedebista também criou comissão especial que analisará impeachment.

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília

O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, informou nesta quarta-feira (2) que autorizou a abertura do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. O peemedebista afirmou que, dos sete pedidos de afastamento que ainda estavam aguardando sua análise, ele deu andamento ao requerimento formulado pelos juristas Hélio Bicudo e Miguel Reale Júnior.
O pedido de Bicudo – um dos fundadores do PT – foi entregue a Cunha em 21 de outubro. Na ocasião, deputados da oposição apresentaram ao presidente da Câmara uma nova versão do requerimento dos dois juristas para incluir as chamadas “pedaladas fiscais” do governo em 2015, como é chamada a prática de atrasar repasses a bancos públicos a fim de cumprir as metas parciais da previsão orçamentária. A manobra fiscal foi reprovadapelo Tribunal de Contas da União (TCU).
Na representação, os autores do pedido de afastamento também alegaram que a chefe do Executivo descumpriu a Lei de Responsabilidade Fiscal ao ter editado decretos liberando crédito extraordinário, em 2015, sem o aval do Congresso Nacional.
"Quanto ao pedido mais comentado por vocês, proferi a decisão com o acolhimento da denúncia. Ele traz a edição de decretos editados em descumprimento com a lei. Consequentemente, mesmo a votação do PLN 5 [projeto de revisão da meta fiscal de 2015] não supre a irregularidade", disse Cunha em entrevista coletiva na Câmara dos Deputados no início da noite desta quarta.
Resposta de Dilma
A presidente Dilma negou, em pronuncimento, "atos ilícitos" em sua gestão e afirmou que recebeu com "indignação" a decisão do peemedebista. A declaração ocorreu no Salão Leste do Palácio do Planalto, que durou cerca de três minutos.
"Hoje [quarta] eu recebi com indignação a decisão do senhor presidente da Câmara dos Deputados de processar pedido de impeachment contra mandato democraticamente conferido a mim pelo povo brasileiro", disse Dilma, em pronunciamento no Palácio do Planalto.
"São inconsistentes e improcedentes as razões que fundamentam esse pedido. Não existe nenhum ato ilícito praticado por mim, não paira contra mim nenhuma suspeita de desvio de dinheiro público", acrescentou.

Ao deixar a Câmara na noite desta quarta, o presidente da Câmara afirmou que não comentaria as declarações da presidente Dilma Rousseff. "Eu não vou comentar. Cada um tem sua maneira de... Eu fui bastante zeloso nas minhas palavras", disse.

Ele afirmou ainda que marcou para às 11h30 desta quinta (2) reunião com líderes partidários para discutir procedimentos do processo de impeachment de Dilma. "Marquei reunião às 11h30 para falar da questão como um todo", disse.
Dilma diz que não "existe nenhum ato ilícito" praticado por ela (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
Cassação no Conselho de Ética
O despacho do peemedebista autorizando a abertura do impeachment ocorreu no mesmo dia em que a bancada do PT na Câmara anunciou que vai votar pela continuidade do processo de cassação de Cunha no Conselho de Ética. Ao longo do dia, Cunha consultou aliados sobre a possibilidade de abrir o processo de afastamento da presidente da República.
À tarde, ele tratou do assunto, em seu gabinete, com deputados de PPPSCPMDB, DEM, PR e SD. Segundo parlamentares ouvidos pelo G1, Cunha queria checar se teria apoio dos partidos caso decidisse autorizar o impeachment.
Nos bastidores, aliados do presidente da Câmara mandavam recados ao Palácio do Planalto de que ele iria deflagrar o processo de afastamento da presidente se o Conselho de Ética desse andamento ao processo de quebra de decoro parlamentar que pode cassar o mandato dele.
Justificativa de Cunha
Ao justificar a decisão de abrir o processo de impeachment, Eduardo Cunha alegou que o argumento central que ele considerou foi o fato de Dilma ter editado decretos liberando crédito extraordinário, em 2015, sem o aval do Congresso Nacional. De acordo com o peemedebista, esses decretos, que não foram submetidos ao Legislativo, somam R$ 12,5 bilhões.
“Nesse particular, entendo que a denúncia oferecida atende aos requisitos mínimos necessários, eis que indicou ao menos seis decretos assinados pela denunciada no exercício financeiro de 2015, em desacordo com a Lei de Diretrizes Orçamentárias e, portanto, sem autorização do Congresso Nacional”, afirmou Cunha, na decisão de autorizar o processo de impeachment.
O presidente destaca, no despacho, que há indícios de participação direta de Dilma no suposto crime de responsabilidade, já que ela própria assinou a liberação de dinheiro não previsto no Orçamento de 2015.
Eduardo Cunha diz que nunca um mandato recebeu tantos pedidos para abertura de processo de impeachment (Foto: Ueslei Marcelino/Reuters)
“Importante destacar que os seis decretos apontados foram assinados pela denunciada, o que significa dizer que já indícios suficientes da sua participação direta nessa conduta que, em tese, importa em crime de responsabilidade”, argumenta o peemedebista.
Eduardo Cunha destacou ainda que Dilma agiu, ao liberar o dinheiro, como se a situação financeira do país fosse de superávit (mais receita que despesa), sendo que depois enviou projeto pedindo para reduzir a meta fiscal.
“Também não ignoro ter o Poder Executivo enviado ao Congresso Nacional projeto de lei alterando a meta fiscal de 2015, porém, além de pendente de apreciação, mesmo se for aprovado, não altera a realidade dos fatos: Até o presente momento, o Poder Executivo, comandado pela denunciada, administrou o Orçamento de 2015 como se a situação fosse superavitária, quando o déficit estimado pode chegar a R$ 100 bilhões”, argumenta.
Cunha ressaltou ainda que não autorizaria um pedido baseado apenas nas “pedaladas fiscais” cometidas em 2014, porque, para ele Dilma não pode sofrer impeachment por atos cometidos num mandato anterior.
“Os fatos e atos supostamente praticados pela denunciada em relação a essa questão [atraso de pagamento a bancos públicos] são anteriores ao atual mandato. Assim, com todo respeito às opiniões contrárias considero inafastável a aplicação do § 4º do artigo 86 da Constituição Federal, o qual estabelece não ser possível a responsabilização da presidente da República por atos anteriores ao mandato vigente”, disse o presidente da Câmara.
Comissão especial
Com a ordem de Cunha, será criada uma comissão especial na Câmara com 66 deputados titulares e o mesmo número de suplentes. O grupo será responsável pela elaboração de um parecer pelo prosseguimento ou arquivamento do processo de impeachment. O relatório terá de ser apreciado pelo plenário principal da Casa.
Os parlamentares serão escolhidos de acordo com a proporcionalidade das bancadas na Câmara. Será obrigatório assegurar a participação de representantes de todas legendas e blocos que compõem a Casa.
Para ser aprovado, o parecer dependerá do apoio de, pelo menos, dois terços dos 513 deputados (342 votos). Se os parlamentares decidirem pela abertura do processo de  impeachment, Dilma será obrigada a se afastar do cargo por 180 dias, e o processo seguirá para julgamento do Senado.
Na entrevista coletiva desta quarta, Cunha confirmou que já havia autorizado a criação da comissão especial.
“Não falei com ninguém do Palácio. É uma decisão de muita reflexão, de muita dificuldade. [...] Não quis ocupar a presidência da Câmara para ser o protagonista da aceitação de um pedido de impeachment. Não era esse o meu objetivo. Mas, repito, nunca, na história de um mandato houve tantos pedidos de impeachment como neste mandato”, ressaltou o peemedebista.
No despacho que determinou a criação da comissão especial, que se baseou nos termos do § 2º do art. 218 do regimento interno da Câmara, Cunha ressaltou que Dilma será investigada pela prática de suposto crime de responsabilidade.
Arte Rito do Impeachment (Foto: Editoria de Arte / G1)
Conselho de Ética
Na tarde desta quarta, os deputados do PT decidiram, em uma reunião na Câmara, que os três integrantes do partido no Conselho de Ética – Zé Geraldo (PT-PA), Léo de Brito (PT-AC) e Valmir Prascidelli (PT-SP) – irão votar acatar o relatório prévio do deputado Fausto Pinato (PRB) que recomenda a continuidade do processo que investiga Cunha.
O Conselho de Ética começou a analisar o parecer preliminar de Pinato nesta terça (1º), porém, manobras de aliados de Cunha acabaram inviabilizando a votação. O colegiado tentou retomar o debate nesta quarta, mas, devido à sessão do Congresso Nacional, o presidente do Conselho, deputado José Carlos Araújo (PSD-BA), teve de adiar novamente a apreciação do relatório.
Pelo regimento interno do Congresso, votações no plenário impedem qualquer deliberação nas comissões da Câmara e do Senado. A análise do relatório foi remarcada para a próxima terça (8).
Diante da decisão do PT de não apoiar Cunha no Conselho de Ética, deputados do Solidariedade tentaram convencer Eduardo Cunha a abrir o processo de afastamento de Dilma antes de terça, quando o parecer de Fausto Pinato poderá ser analisado.
O deputado Paulo Pereira da Silva (SD-SP), o Paulinho da Força, argumentou ao peemedebista que há pelo menos três integrantes do Conselho de Ética – do DEM, do PSB e do PTB – que poderão mudar o voto e defender o arquivamento do processo de Cunha, se o presidente da Câmara decidir sobre o impeachment até a próxima reunião do colegiado.
"Acho que o PT deu para nós oportunidade única. Tem muita gente que, se tivesse pedido de impeachment, mudava de opinião. Acho que ele tem que decidir até terça", defendeu Paulinho da Força.
Deputados de outros partidos da oposição se reuniram na tarde desta quarta no gabinete da liderança do DEM para avaliar as chances de Cunha deflagrar o impeachment. Além do DEM, participaram da discussão deputados do Solidariedade, do PPS e da ala do PMDB que se opõe ao governo.
No início da tarde, quando a bancada do PT fazia reunião para decidir se apoiaria o parecer de Pinato, o presidente da Câmara estava reunido com deputados aliados. Ele foi informado por um deputado do PT, por telefone, da decisão da bancada.
Segundo aliados de Cunha ouvidos pelo G1, logo depois o presidente da Câmara iniciou a consulta dos líderes e deputados sobre o impeachment.
Revisão da meta de 2015
Apesar da abertura do processo de impeachment, a presidente da República obteve uma vitória importante nesta quarta-feira no Congresso Nacional. Em sessão conjunta da Câmara e do Senado, os congressistasaprovaram a revisão da meta fiscal de 2015 e e autorizaram um rombo de R$ 119,9 bilhões.
O Executivo dependia da revisão da meta para não descumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal. Se o Congresso não tivesse reduzido a meta, o governo teria que cumprir o que estava legalmente em vigor – uma meta de R$ 55,3 bilhões de superávit primário (economia para pagar juros da dívida pública).
Até outubro, as contas públicas já tinham apresentado um rombo de R$ 33 bilhões, o maior da história, indicando que o governo dificilmente conseguiria fechar o ano no azul.

terça-feira, dezembro 01, 2015

Encontramos no RN o pior ambiente de todos", diz Flávio Rocha

Entrevista - Flávio Rocha
Presidente da Riachuelo e vice-presidente da Guararapes

Sara Vasconcelos
Repórter

Com duras críticas ao excesso de burocracia, carga tributária e trabalhista, o presidente da Riachuelo e vice-presidente do grupo Guararapes, Flávio Rocha, afirma que o Rio Grande do Norte é o pior estado para quem quer empreender. A revisão das metas do Pró-Sertão, programa de facções de costura no interior do Estado, é um dos exemplos apontados pelo empresário. A meta de criar 300 facções para atender a demanda de produção com a ampliação da rede de lojas da Riachuelo foi revista e, segundo Rocha, para 2016 serão 70 facções e “a tendência é estacionar”. “A hostilidade do ambiente de negócios no Rio Grande do Norte parece ter incorporado ainda mais uma cultura-modelo de dificultar o empreendedorismo do que no restante do país que já é bastante difícil”, afirmou o empresário.  Apesar da redefinição de metas e redução de abertura de novas lojas, o grupo deverá fechar o ano com recorde em investimentos com R$ 450 milhões e crescimento de 9%. E se prepara para enfrentar o fim da “década do varejo” e um 2016 de dificuldades. O empresário participou ontem, em Natal, da 17ª Convenção do Comércio e Serviços do RN, no Teatro Riachuelo. 

Alex RégisFlávio Rocha - Presidente da Riachuelo e vice-presidente da GuararapesFlávio Rocha - Presidente da Riachuelo e vice-presidente da Guararapes

Quais as perspectiva do setor para  fechar o ano de 2015 e o que esperar de 2016?
Este é um ano bastante difícil,  depois de viver o que foi a década do varejo, com crescimento 3 vezes mais que o PIB, onde as redes cresceram 1.000%, houve o enraizamento do varejo de alta produtividade no Brasil. Havia um gargalo já que antes a clandestinidade existente retardou o crescimento do setor que é a locomotiva, o propulsor de uma cadeia de suprimento moderno. A grande transformação que se deu na economia foi empurrada pela produção para uma cadeia de demanda liderada por uma varejo altamente equipado, empresarial. A indústria de shopping centers também teve um boom. Já este ano, estamos vendo o arrefecimento desse processo devido os erros econômicos cometidos pelo Governo federal nos últimos anos, ou seja, a conta chegou. A formalização do varejo trouxe a formalização da economia brasileira que cresceu 18% nesta década, mas traz um mal que é colocar muito na mão do  Governo. Mais setores se formalizaram o que representa mais arrecadação para o Estado. E o Estado tem crescido 1% do PIB ao ano e atingiu proporção além do que a sociedade pode suportar.

O que é necessário? mais medidas de ajuste fiscal?
Ajuste fiscal é uma palavra muito amena. Precisamos de uma cirurgia no Estado enquanto instituição, um novo modelo de política econômica homologado pelos 60 milhões de brasileiros, para que o país volte a ter um Estado que faça sentido para a sociedade. Projetar um estado com crescimento de PIB. Temos um Estado que ano passado extraiu 37% do esforço de produção brasileiro para se financiar e gastou mais 8% de déficit público, um estado de mais de 40% do PIB, o que é insustentável. Ou a gente redireciona o propósito, que é do Estado servir a sociedade e não o inverso, ou vamos ter que sustentar esse Estado mastodôntico e corrupto. Acredito que fecharemos o ano em queda. E acho que só se destrava a economia numa próxima eleição.

Em relação a investimentos, a Riachuelo redefiniu a abertura de lojas?
Estamos crescendo fisicamente. Este ano, vamos abrir 28 lojas em todo o país, diferente das 45 que abrimos no ano passado quando expandimos 20% da área, praticamente um Midway de Riachuelos em área de lojas. Estamos crescendo esse ano, mas movidos pela expansão física. Até o terceiro trimestre crescemos 9%, mas as margens estão mais apertadas. Ainda assim estamos batendo recorde em investimentos com cerca de R$ 450 milhões. Investimentos em logística, nosso maior investimento é o Centro de Distribuição em Guarulhos, que será inaugurado agora em 2016, com mais de R$ 200 milhões, com capacidade para 215 milhões de peças. 

O que está previsto em investimentos para 2016, em aberturas de lojas?
Para 2016, vamos ficar atentos ao que vai acontecer, é fundamental proteger o caixa.  Não é que estamos pondo o pé no freio, mas há um arrefecimento do crescimento da indústria dos shoppings centers, 90% das nossas inaugurações são em shoppings, e com isso acaba tendo uma desaceleração na abertura de novas lojas. Será uma ano de redefinição de investimentos.

Quais os resultados das operações da fábrica no Paraguai? Tem conseguido reduzir os custos, posto que o atrativo seria a menor carga tributária e trabalhista?
Aqui, no Brasil, a indústria, o empresário enfrentam imensas dificuldades para produzir e gerar emprego. Lá é o contrário, se trata de forma sublime a figura do gerador de empregos. Estamos gerando 300 empregos na fábrica e já anunciamos a intenção de dobrar esse número e pretendemos nos tornar o maior gerador de empregos daquele país nos próximos anos. Gostaria que fosse aqui, mas é inviável.

Inclusive na abertura do Convenção, o governador Robinson Faria chegou a pedir a transferência da sede nacional do grupo aqui para o Estado, na tentativa de implantar a “Galícia potiguar”. O Grupo cogita ter a sede aqui, atender o pedido?
A Galícia (Espanha), em 2010, atravessou a crise com a economia pujante e eu sonhei fazer isso no Rio Grande do Norte. Mas aqui é ainda mais difícil do que no restante do país. 

Por que?
Devido a hostilidade do ambiente de negócios no Rio Grande do Norte, que parece ter incorporado ainda mais uma cultura-modelo de dificultar o empreendedorismo do que no restante do país que já é bastante difícil. É na área ambiental, tributária, trabalhista. O Brasil já perde para países como a Venezuela, a Colombia como pior ambiente de negócios. E no Brasil, estamos em 26 estados e no Distrito Federal, e para a minha infelicidade enquanto potiguar é aqui que encontramos o pior ambiente de todos. É como li outro dia um artigo de Sílvio [Bezerra] que diz “deixe-nos trabalhar”. 

O Pró-sertão teve as metas redefinidas para este ano e...
Isso. Nós tínhamos um projeto de estar agora com mais de 300 oficinas. Um projeto genial de largo alcance social, que tem resgatado a atividade econômica em municípios que estavam estagnados, que viviam de projetos sociais, de salários de prefeitura.  Mas que em vez de receber apoio para crescer, a colaboração das autoridades, o que se vê é um comboio, uma perseguição, um assédio. Diferente do sentimento de gratidão paraguaio, aqui somos tratados como bandidos. Infelizmente, em 2016, teremos que reduzir para 70 facções e a tendência é estacionar. Vamos duplicar a empresa em cinco anos, o que representa 20 mil empregos no varejo. Para cada emprego no varejo gera-se 5 no fornecedor. O Rio Grande do Norte teria condições de atrair um bom pedaço disso. A única coisa que traz conquistas para o trabalhador é prosperidade, e o que joga é estagnação pela perseguição, pelo assédio, pela burocracia, esse excesso normativo. É muito difícil chegar a meta de 300 facções porque são muitos os empecilhos de todas as ordens burocráticas, trabalhistas, de leis ambientais. Isso faz com que precisemos reorganizar. Nossas importações da China passaram de 5 para 35% nos últimos anos, são empregos que deixam de ser gerados aqui e vão para China, para Santa Catarina, para o Ceará, para o Paraguai. 

Qual o peso da reoneração da folha de pagamento do setor nesse balanço negativo, de queda de crescimento?
É um tiro no pé. O economista de 50 anos atrás já ensinava, que uma curva de arrecadação é ascendente até determinado ponto da taxa de saturação. A partir daí aumentos nominais e alíquotas só levam a queda de arrecadação, porque volta a clandestinidade. Todos os impostos trazem queda de arrecadação. Não adianta aumentar imposto. A única coisa que se consegue com isso é perder uma grande conquista que é a formalização do setor. 

Como a paralisação  do gás subsidiado à industria pelo RN Gás+, antigo Progás, tem afetado as operações do grupo aqui no Estado?
Acho que é algo momentâneo e deve ser resolvido em breve. O pior é esse problema do excesso de normas.

Em relação ao novo Proadi, as alterações aprovadas contemplam as necessidades da indústria?
Sim, o programa não gera dificuldades, contempla os incentivos buscados.

segunda-feira, novembro 30, 2015

Judiciário diz que corte em orçamento inviabilizará voto eletrônico em 2016

Mariana OliveiraDa TV Globo, em Brasília
Uma portaria publicada no "Diário Oficial da União" desta segunda-feira (30) e assinada pelos presidentes dos tribunais superiores informa que o corte no orçamento do Judiciário vai inviabilizar as eleições de 2016 por meio eletrônico.
Ao todo, o contingenciamento impedirá a utilização de R$ 1,7 bilhão do orçamento do Supremo Tribunal Federal (STF), Superior Tribunal de Justiça (STJ), Justiça Federal, Justiça Militar da União, Justiça Eleitoral, Justiça do Trabalho, Justiça do Distrito Federal e Territórios e Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
A portaria é assinada por Ricardo Lewandowski, presidente do STF e do CNJ; Dias Toffoli, presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE); Laurita Vaz, vice-presidente do STJ e presidente em exercício do conselho da Justiça Federal; Antonio Levenhagen, presidente do TST; William Barros, presidente do Superior Tribunal Militar; e Getúlio Oliveira, presidente do TJDFT.
A portaria desta segunda não explica os motivos que inviabilizarão o uso das urnas eletrônicas no ano que vem.
"O contingenciamento imposto à Justiça Eleitoral inviabilizará as eleições de 2016 por meio eletrônico", diz o texto publicado.
Veja quanto cada tribunal ficará impedido de utilizar no orçamento com o contingenciamento:
-Supremo Tribunal Federal: R$ 53.220.494,00
- Superior Tribunal de Justiça: R$ 73.286.271,00
- Justiça Federal: R$ 555.064.139,00
- Justiça Militar da União: R$ 14.873.546,00
- Justiça Eleitoral: R$ 428.739.416,00
- Justiça do Trabalho: R$ 423.393.109,00
- Justiça do DF e Territórios: R$ 63.020.117,00
- Conselho Nacional de Justiça: R$ 131.165.703,00
Em nota, o TSE informa que o bloqueio de R$ 428.739.416,00 do orçamento da Justiça Eleitoral para 2016 "compromete severamente" projetos do próprio tribunal e dos Tribunais Regionais Eleitorais (veja íntegra da nota ao final desta reportagem).
"O impacto maior reflete no processo de aquisição de urnas eletrônicas, com licitação já em curso e imprescindível contratação até o fim do mês de dezembro, com o comprometimento de uma despesa estimada em R$ 200.000.000,00", diz trecho da nota.
"A demora ou a não conclusão do procedimento licitatório causará dano irreversível e irreparável à Justiça Eleitoral. As urnas que estão sendo licitadas tem prazo certo e improrrogável para que estejam em produção nos cartórios eleitorais", afirma o TSE.
Ao final do texto, o TSE afirma que o presidente do tribunal, ministro Dias Toffoli, irá, em conjunto com o ministro Ricardo Lewandowski, "envidar todos os esforços no Congresso Nacional para que as verbas devidas sejam autorizadas, a fim de se garantir a normalidade das eleições do ano que vem".
Veja abaixo a íntegra da nota divulgada pelo TSE:
Nota à imprensa: contingenciamento comprometerá as Eleições Eletrônicas Municipais de 2016
A Portaria Conjunta nº 3/2015, publicada nesta segunda-feira (30) no Diário Oficial da União e assinada pelos presidentes dos tribunais superiores, informa que o contingenciamento de recursos determinado pela União para cada área do Poder Judiciário, incluindo a Justiça Eleitoral, “inviabilizará as eleições de 2016 por meio eletrônico”.
Na semana passada, o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Dias Toffoli, já havia procurado o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Ricardo Lewandowski, para expor a preocupação diante da medida do Executivo.
O total que não será repassado para a Justiça Eleitoral soma exatos R$ 428.739.416,00 o que prejudicará a aquisição e manutenção de equipamentos necessários para a execução do pleito do próximo ano. Esse bloqueio no orçamento compromete severamente vários projetos do TSE e dos Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).
O impacto maior reflete no processo de aquisição de urnas eletrônicas, com licitação já em curso e imprescindível contratação até o fim do mês de dezembro, com o comprometimento de uma despesa estimada em R$ 200.000.000,00.
A demora ou a não conclusão do procedimento licitatório causará dano irreversível e irreparável à Justiça Eleitoral. As urnas que estão sendo licitadas tem prazo certo e improrrogável para que estejam em produção nos cartórios eleitorais.
Na espécie, não há dúvida que o interesse público envolvido há que prevalecer, ante a iminente ameaça de grave lesão à ordem, por comprometer as Eleições Eletrônicas Municipais de 2016.
A portaria dos tribunais superiores é assinada pelos presidentes do STF, ministro Ricardo Lewandowski, do TSE, ministro Dias Toffoli, do Tribunal Superior do Trabalho (TST), ministro Antonio José de Barros Levenhagen, do Superior Tribunal Militar (STM), William de Oliveira Barros, do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT), desembargador Getúlio de Moraes Oliveira, e pela vice-presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministra Laurita Vaz.
O presidente do TSE registra e agradece o apoio do presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Ricardo Lewandowski, e informa que, juntos, irão envidar todos os esforços no Congresso Nacional para que as verbas devidas sejam autorizadas, a fim de se garantir a normalidade das eleições do ano que vem.

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