terça-feira, abril 27, 2010

RAIMUNDO SOARES DE BRITO 90 ANOS

ESPECIAL

90 anos - RaibritoRaimundo Soares de Brito completa 90 anos, grande parte desse tempo dedicado à história. Essa especular matéria foi feita pelo jornalista Mário Gerson da Gazeta do Oeste fundada pelo querido amigo Canindé Queiroz
A casa da Rua Pará, em Neópolis, Natal, ainda passa por reformas. Lá mora, atualmente, o responsável por uma hemeroteca valiosa. Aqui em Mossoró, até bem pouco tempo, encontrávamos o ilustre morador na Rua Henry Koster, 23, sempre disposto a ajudar a todos: era e continua sendo assim, apesar das limitações, Raimundo Soares de Brito.Carinhosamente conhecido como Raibrito (para os íntimos), sempre de poucas palavras, Raimundo Soares tem algumas paixões: os recortes de jornais, os documentos históricos, os fatos que marcaram épocas distintas da região. Essa boa obsessão de cortar e registrar, catalogar e guardar documentos fez dele uma referência que, para Kydelmir Dantas, amigo e colaborador, ficará para a posteridade. "Ele deixa para a posteridade seu trabalho de pesquisador autodidata e sua hemeroteca, que é uma das maiores, senão a maior, do Estado, além do acervo virtual, com o Portal Raibrito, projeto do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP) com o patrocínio da Petrobras, prestes a ser reativado numa parceria com a Uern", frisa Kydelmir.Segundo o amigo, hoje Raimundo Soares faz falta à cidade. "Sinto sua falta em Mossoró. Falta das manhãs de domingo quando o visitava e lia as reportagens dos jornais locais e estaduais. Principalmente do que o interessava: história, cultura, política", comenta.A proximidade do pesquisador fez de Kydelmir um amigo. A amizade dos dois começou em 1989, no Museu Municipal Lauro da Escóssia. "No início, a curiosidade era pela história de Mossoró. Em junho daquele ano participei de um debate e lançamento do livro sobre Lampião na Bahia, de Oleone Coelho Fontes. A partir de então fomos aumentando as conversas sobre a resistência de Mossoró ao cangaço. Veio o convite para visitá-lo em casa, na qual fui muito bem recebido por dona Dinorá Brito e seu sobrinho Marcos. Passei uns três meses frequentando sua área de visitas. Conquistada a confiança e aumentada a amizade, passei a ter acesso ao seu acervo. Raibrito, a partir de então, foi meu mentor intelectual na pesquisa do cangaço em Mossoró", diz o pesquisador Kydelmir Dantas. Ele acrescenta que "com Raibrito aprendeu a separar o joio do trigo", "a guardar papéis, a pesquisar com mais atenção a história. Aprendi que, mesmo sem gostar de alguma opinião, devemos levar em consideração o fato, o local e o momento. Pode ser que "estejamos errados sobre..." Aprendi que amizade é mais do que entre mestre e aluno... É de pai pra filho", destaca o pesquisador. Além da amizade, Kydelmir salienta o que seria, para ele, o essencial da obra de Raimundo Soares de Brito: "Sem dúvida nenhuma, na minha opinião, pela importância das publicações, dentre pelo menos duas dezenas de livros e plaquetes, destaco: Caraúbas Centenária, 1958; Nas Garras de Lampião, Diário do Coronel Gurgel, 1996, Com a 2ª edição em 2006; Dicionário de Ruas e Patronos de Mossoró, 2003, e Eu, Ego e os Outros, 2005", frisa.João Maria, membro e um dos fundadores do Pedagogia da Gestão, diz: "Raibrito, ontem um olhar atento para as cenas urbanas e cotidianas. Um garimpeiro das folhas matutinas em busca do fazer histórico. Hoje, um olhar distante e só... preservando, no silêncio da madrugada, os passos incertos da existência. Raibrito, você não está só. Carregamos o significado do seu exemplo de luta, obstinação e dedicação. És um guerreiro da resistência e do amor por uma causa: a história. Feliz aniversário".Já para o escritor e atual presidente do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP), Clauder Arcanjo, Raimundo Soares de Brito é uma espécie de sentinela da história local. "Enquanto a cidade dorme, ele vela por sua história. É essa a imagem que tenho de Raibrito", destaca.
RAIMUNDO SOARES DE BRITO ou Raibrito, para os íntimos - nasceu em Caraúbas, a 23 de abril de 1920. É filho de José Soares de Brito e de Dona Raimunda Saul da Costa.Raimundo Soares de Brito foi comerciante em Caraúbas, Fortaleza, Natal e Mossoró. Trabalhou como agente de estatística em Caraúbas, onde também ocupou o cargo de juiz distrital. Foi agente postal telegráfico em Jucurutu e Caraúbas e gerente postal e telegráfico em Mossoró e Assu, quando se aposentou por tempo de serviço.Escreveu cerca de 50 títulos, sendo o primeiro e considerado um dos mais importantes a revista Caraúbas Centenária, publicada em 1959 e reeditada em 1999, pela Coleção Mossoroense.É ocupante da cadeira de número 4, da Academia Mossoroense de Letras (AMOL), da qual foi presidente.A sua dedicação pela história de Mossoró tem lhe rendido frutos nos últimos anos. Foi destacado, em 1995, com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Regional do Rio Grande do Norte e, em 1997, agraciado com o diploma "Amigo da Cultura". Raibrito, um autodidata, foi presidente da Academia Mossoroense de Letras (AMOL), e é sócio-fundador da Sociedade Brasileira de Estudos do Cangaço (SBEC), sócio-efetivo do Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Norte (IHGRN) e sócio-efetivo do Instituto Cultural do Oeste Potiguar (ICOP).Atualmente, Raimundo Soares de Brito reside em Neópolis, Natal. Mesmo com a saúde frágil, o amor pela pesquisa continua impregnado em seus gestos.

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