A Justiça arbitrária que mantém ativista na prisão pode estar ajudando a construir uma futura líder nacional de proporções bem maiores do que se imagina.
A ativista é apontada como líder e mentora das manifestações que desde o ano passado atacam governos, corrupção e cobra melhor distribuição de renda e cumprimento dos direitos sociais.
Sua prisão, sob a acusação de associação criminosa – antiga designação para formação de quadrilha -, é fortemente questionada.
Para o desembargador Siro Darlan, que assinou pedidos habeas corpus para ativistas detidos, não havia elementos para mantê-los presos. A decisão cita ainda "constrangimento ilegal do direito de ir e vir (...) diante da ilegalidade da prisão temporária".
Integrantes do PCdoB e Psol também impetraram uma representação no Conselho Nacional de Justiça contra o juiz que emitiu mandados de prisão e de busca e apreensão contra ativistas. A representação argumenta que o ato foi de "completa arbitrariedade e abuso de autoridade" e ainda que “tais prisões e apreensões possuem um nítido caráter intimidatório, sem fundamento fático ou legal que legitime a prisão, destinado a reprimir com o Direito Criminal a liberdade de expressão cidadã”.
A arbitrariedade da Justiça e o clamor em torno da libertação da guia dos protestos sociais remetem o momento atual aos tempos da ditadura. E nesta comparação, não é improvável traçar um paralelo entre as líderes da resistência de hoje e de ontem.
No passado, tivemos uma líder que combateu com unhas, dentes e armas a opressão, a injustiça, os governos autoritários e os desmandos. Que enfrentava a ditadura de rosto erguido, e que por isso sofreu a prisão e a tortura. Que foi vítima da arbitrariedade da Justiça, e combateu as autoridades liderando protestos e manifestações.
Estas coincidências trazem à tona a questão: as arbitrariedades de hoje farão com que "ela" se transforme "nela", amanhã?
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