domingo, janeiro 04, 2015

Joaquim Levy tranquiliza sobre medidas

Brasília (AE) -
 O segundo governo da presidente Dilma Rousseff começou a se estruturar ontem quando 14 novos ministros assumiram suas cadeiras na Esplanada dos Ministérios. A admissão da falta de expertise para os cargos - uma das críticas que os setores fazem a boa parte da nova equipe - marcou alguns discursos de posse. Foi o caso de titulares de Pastas como Esporte e Pesca. No caso dos Portos, a admissão foi feita em conversa com a reportagem do Estado. Ao assumir a chefia do Ministério do Esporte, o deputado federal George Hilton (PRB), um dos nomes mais contestados nos últimos dias, admitiu não entender “profundamente” do  tema. (Veja detalhes na página 16). No Ministério da Pesca, o novo ministro Helder Barbalho, filho do senador Jader Barbalho (PMDB-PA), se esquivou das explicações sobre a experiência no setor. Questionado, disse que o Pará é um grande produtor de peixes e que o importante é “ter capacidade de gestão”. “Mais importante do que qualquer atividade em si é ter capacidade de gerir a pasta”, disse Barbalho.

Ed Ferreira/Ec
Henrique Paim transmite o cargo e cumprimenta Cid Gomes, que ficará responsável por implementar reformas no ensino básicoHenrique Paim transmite o cargo e cumprimenta Cid Gomes, que ficará responsável por implementar reformas no ensino básico

Derrotado na disputa pelo governo do Pará pelo tucano Simão Jatene, a indicação de Barbalho para comandar a pasta foi vista como um gesto da presidente Dilma Rousseff para afagar o PMDB.
Também assumiu ontem o novo ministro de Portos, deputado federal Edinho Araújo (PMDB-SP), que chega ao comando da pasta pela mão do vice-presidente, Michel Temer. Ele reconhece o “ceticismo” do setor em relação ao seu nome e já disse que pretende vencer a desconfiança do empresariado com a escalação de um corpo técnico competente.
 O novo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, sinalizou ontem estar alinhado com o discurso do ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, de manutenção do aumento real do salário mínimo. Questionado sobre a declaração do novo ministro, que assumiu a pasta do Planejamento nesta manhã, Levy disse: “Eu tenho a impressão de ter ouvido algo similar também da presidência. Certamente, a valorização do trabalho, a valorização do emprego é o objetivo de tudo o que formos fazer”. Ao assumir o cargo no Planejamento, Barbosa disse que a nova proposta de aumento do mínimo será enviada ao Congresso Nacional em “momento oportuno” e ressaltou que continuará a haver aumento real.A falta de conhecimento para lidar com um ministério foi levada com bom humor na Previdência Social, onde o senador Garibaldi Alves lembrou que, há quatro anos, disse que havia aceitado o convite para uma pasta que era um “abacaxi”.


Irreverente, o senador Garibaldi Alves, que transmitiu o cargo de ministro da Previdência a Carlos Gabas, relatou que, quando foi chamado para assumir a Pasta, recebeu um “pedido entre aspas” do então ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. “Para o bem da sua permanência vai ter que levar o Gabas. Manda quem pode e obedece quem tem juízo”, disse, levando o público aos risos. De acordo com ele, Gabas recebeu a “nobre função” de vigiá-lo no cargo. “E terminei aprendendo alguma coisa”, constatou.

As confissões de inexperiência reforçam o coro dos críticos ao ministério formado por Dilma. A lista dos escolhidos pela presidente contestados desde a indicação inclui os novos titulares da Agricultura (Kátia Abreu), da Cultura (Juca Ferreira), da Educação (Cid Gomes) e dos Direitos Humanos (Ideli Salvatti). 

No dia 1º, no Planalto, a peemedebista Kátia Abreu foi vaiada ao lado de Hilton. Considerada por movimentos sociais como uma inimiga da reforma agrária, a nova ministra da Agricultura chegou a dizer que “nem Jesus Cristo” agradou a todos. Os nomes de Juca Ferreira para o Ministério da Cultura e de Ideli para Direitos Humanos também geraram tensão, dessa vez dentro do próprio PT.
Cid Gomes não foi prestigiado pelas principais lideranças do próprio partido. Na quinta-feira, o presidente nacional do Pros, Eurípedes Júnior, demonstrou descontentamento com o fato de não ter participado das negociações com o Palácio do Planalto que culminaram na indicação do ex-governador do Ceará para o ministério da Educação. “Não dá pra ficar nessa pequenez de discussão de cargo”, criticou o deputado federal Hugo Leal (Pros-RJ), um dos poucos representantes do partido na cerimônia de transmissão de cargo no MEC.

A transmissão de cargo no Ministério da Fazenda, por sua vez, será na segunda-feira, às 15 horas, na sede do Banco Central. Levy descartou nesta tarde a possibilidade de anúncio de medidas econômicas já no dia em que assume o cargo. “Não há a intenção disso”, afirmou. Levy falou com a imprensa ao deixar cerimônia de transmissão de cargo na Controladoria-Geral da União (CGU), a qual assistiu. Ele destacou a importância do trabalho da CGU, que passa agora a ser comandada por Valdir Simão. 
Ele ressaltou a importância da atuação do órgão para controle do gasto público de forma eficaz. “Vamos conseguir ir avançando ainda mais nisso. Sem afetar direitos, mas realmente focando onde o gasto deve ser feito para podermos ter eficiência em tudo o que o governo faz”, disse Levy, ao deixar a CGU.
 

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