O PERFIL DA CUBANA
Yoani Sánchez
Estudei durante dois cursos no Instituto Pedagógico a especialidade de Espanhol-Literatura. No ano de 1995, mudei-me para a Faculdade de Artes e Letras - com um filho nascido em agosto deste mesmo ano e terminei , depois de cinco cursos, a especialidade de Filologia Hispanica.Me especializei em literatura latinoamericana contemporanea e apresentei uma incendiária tese intitulada “Palavras sob pressão. Um estudo sobre a literatura da ditadura na america latina”. Ao terminar a universidade havia compreendido duas coisas: a primeira, que o mundo da intelectualidade e da alta cultura me repugnava e a mais dolorosa, que já não queria ser linguista.Em setembro de 2000 fui trabalhar numa obscura oficina da Editorial Gente Nueva, enquanto chegava a certeza - compartilhado pela maioria dos cubanos - de que com o salário ganho legalmente não poderia manter minha família. De maneira que, sem concluir meu serviço social, pedi baixa e me dediquei ao trabalho melhor remunerado de professora de espanhol - freelancer - para alguns turistas alemães que visitavam La Habana. Era a etapa (prolongada até os dias de hoje) em que os engenheiros preferiam dirigir um taxi, os maestros faziam o impossível para trabalhar no arquivo de um hotel e nos balcões de uma loja poderias ser atendido por uma neurocirurgiã ou um físico nuclear.Em 2002 o desencanto e a asfixia econômica me levaram a emigrar para a Suíça, de onde regressei - por motivos familiares e contra a opinião de amigos e conhecidos - no verão de 2004.Nesses anos descobri a profissão que me acompanha até hoje: a informática. Me dei conta que o código binário era mais transparente que a rebuscada intelectualidade e que se nunca havia me ido bem no Latim ao menos poderia empreender com as compridas cadeias da linguagem html. Em 2004 fundei com um grupo de cubanos - todos radicados na Ilha - a revista de reflexão e debate Consenso. Tres anos depois continuo trabalhando como web master, articulista e editora do portal Desde Cuba.Em abril de 2007 me enredei na aventura de ter um Blog chamado “Generación Y” que defini como “um exercício de covardia” pois me permite dizer neste espaço o que me esta vedado em minha ação cívica.Vivo em La Habana, com o jornalista Reinaldo Escobar - com quem divido minha vida há quase quinze anos. Tenho permanecido e cada dia sou mais informata e menos linguista
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