sexta-feira, fevereiro 06, 2015

CVM abre processo sobre troca de comando na Petrobras


Do G1, no Rio e em São Paulo

 Comissão de Valores Mobiliários (CVM) confirmou nesta sexta-feira (6) que abriu um processo administrativo para analisar a divulgação, pela Petrobras, da renúncia da agora ex-presidente da companhia, Graça Foster, e de cinco diretores, na quarta-feira. Também nesta sexta, o Conselho da petroleira aprovou o nome de Aldemir Bendine para assumir o cargo.
Ele ocupa a presidência do Banco do Brasil desde 2009 e é ligado ao PT, apesar de não ser filiado ao partido. Pela manhã, o Blog da Cristiana Lôbo havia antecipado a escolha de Bendine para a presidência da Petrobras, o que já causou reações no mercado. A escolha gerou críticas, fez as ações da Petrobras e do BB caírem e o dólar fechar na cotação mais alta desde dezembro de 2004. 
A troca foi realizada em meio às investigações de desvio de dinheiro da estatal na Operação Lava Jato, que causou uma crise da empresa no mercado financeiro.
selo novo presidente Petrobras Aldemir Bendine (Foto: Editoria de arte/G1)
Apuração da CVM
As renúncias de Graça Foster e dos diretores foram comunicadas pela Petrobras na quarta (4), em resposta a um questionamento feito na véspera pela Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) – que solicitava à companhia explicação  sobre os rumores da troca de comando e sobre a forte oscilação no valor das ações.

A resposta foi enviada pela Petrobras ao sistema da CVM às 10h13, mais de uma hora após o prazo determinado pela Bovespa, de 9h.
Além disso, não houve comunicação por meio de "fato relevante" – um tipo específico de comunicado exigido pela CVM em caso de "qualquer decisão de acionista controlador, deliberação da assembléia geral ou dos órgãos de administração da companhia aberta, ou qualquer outro ato ou fato de caráter político-administrativo, técnico, negocial ou econômico-financeiro ocorrido ou relacionado aos seus negócios".
Devem ser comunicados por meio de "fato relevante" decisões que possam influir "na cotação dos valores mobiliários de emissão da companhia aberta ou a eles referenciados" e "na decisão dos investidores de comprar, vender ou manter aqueles valores mobiliários".
Novo presidente
O anúncio do nome de Bendine nesta tarde também seguiu um roteiro pouco usual. O comunicado foi arquivado na CVM às 15h22, enquanto as operações na Bovespa seguiam abertas.

O manual da bolsa determina que esse tipo de divulgação deve ser feito, "sempre que possível", antes do início ou após o encerramento dos negócios nas bolsas de valores.
Em nota, a CVM não apontou se essa divulgação pode dar origem a outro processo, e informou apenas que "acompanha e analisa as informações envolvendo as companhias abertas, tomando as medidas cabíveis, quando necessário".
A comissão disse que não comenta casos específicos em andamento, "inclusive para não afetar negativamente trabalhos de análise ou apuração que entenda cabíveis".
Questionada pelo G1, a Bovespa afirmou que a própria regulamentação prevê a possibilidade de divulgação durante o pregão.
Reações
Além da reação negativa do mercado, que esperava um nome com perfil menos político que Bendine, a escolha da presidente Dilma Rousseff foi criticada pela oposição e até por representante do próprio Conselho da estatal.

O representante dos acionistas minoritários, Mauro Cunha, divulgou nota na qual afirma que a escolha de Bendine desrespeitou o Conselho e que o governo "impôs sua vontade sobre os interesses da Petrobras, ignorando os apelos de investidores de longo prazo".
O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse em sua página na rede social Facebook que "não tendo conseguido alguém de fora do governo que se dispusesse a ser sócio do maior escândalo de corrupção da história contemporânea do país, restou à presidente buscar dentro do próprio governo o novo presidente da Petrobras".
Parlamentares da base aliada defenderam a escolha, apesar de reconhecerem que a decisão não agradou os investidores. O presidente nacional do PT, Rui Falcão, afirmou que Bendine é "um bom executivo" e que "saberá fazer a composição do conselho e fazer uma boa gestão".

quinta-feira, fevereiro 05, 2015

Delator estima que PT recebeu cerca de US$ 200 milhões de propina

Lucas Salomão e Camila BomfimDo G1, em Brasília, e da TV Globo*

O ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco estimou, em depoimento concedido àPolícia Federal em acordo de delação premiada, que o PT recebeu de propina em contratos da estatal uma quantia entre US$ 150 milhões e US$ 200 milhões. Segundo Barusco, esses valores se referem a propina em 90 contratos da estatal com grandes empresas fechados entre 2003 e 2013, durante os governos Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. O depoimento de Barusco foi dado em novembro e divulgado no andamento processual da Operação Lava Jato nesta quinta-feira (5).
 
OPERAÇÃO LAVA JATO
PF investiga lavagem de dinheiro.
Em um desses mandados, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, foi levado para prestar depoimento da superintendência da PF em São Paulo. Ele saiu sem falar com a imprensa.
Na delação, Barusco  citou também que havia a participação de Vaccari no recebimento das propinas.
"[Pedro Barusco] estima que foi pago o valor aproximado de US$ 150 a 200 milhões ao Partido dos Trabalhadores, com a participação de João Vaccari Neto", diz o documento da Justiça Federal que registra o depoimento de Barusco.
No depoimento, Barusco explicou como funcionava o pagamento e a divisão da propina nos contratos. Segundo o delator, o percentual de propina cobrado variava entre 1% e 2%, dependendo da diretoria pela qual o contrato era firmado.
Em todas as diretorias, segundo Barusco, o PT ficava com metade da propina. Ele disse ainda que esse dinheiro irregular que ia para o partido era distribuído ora para Vaccari, ora para Renato Duque, ora para o próprio Barusco, que faziam o repasse para outros agentes do esquema.
"Houve pagamento de propinas em favor do declarante [Barusco] e de Renato Duque, bem como em favor de João Vaccari Neto, representando o Partido dos Trabalhadores - PT -, a partir do momento em que este se tornou tesoureiro do partido e passou a operar em favor do mesmo", diz o registro do depoimento.
O delator também contou aos policiais federais que Vaccari mantinha contato com Duque para saber do andamento dos contratos na Petrobras e tratar de novos contratos. De acordo com ele, nos encontros eles também falavam sobre o pagamento de propinas.Na delação premiada, o ex-gerente daPetrobras disse que Renato Duque tinha um contato “muito forte” com João Vaccari. Segundo Barusco, o ex-diretor da estatal e o tesoureiro do PT costumavam se encontrar no Hotel Windsor Copacabana, no Rio de Janeiro, e no Meliá, da Alameda Santos, em São Paulo.
Ao G1, o advogado de Renato Duque, Alexandre Lopes disse que Barusco mentiu na delação premiada.
“O senhor Pedro Barusco mentiu, no que tange a Renato Duque, em suas declarações. Pedro Barusco trouxe Renato Duque para o processo, realizando delação falaciosa, com a intenção de ser agraciado pela Justiça com um prêmio, que é o de permanecer em liberdade, apesar de ter confessado inúmeros crimes. Malgrado todas as suas assertivas, não apresentou ao Ministério Público Federal nenhuma prova contra Renato Duque, o que demonstra a fantasia das acusações”, afirmou o advogado.
Por meio de nota, a assessoria de imprensa do PT informou que o partido "recebe apenas doações legais e que são declaradas à Justiça Eleitoral". Para o PT, as declarações de Barusco não merecem crédito porque, segundo a nota, "têm como principal característica a tentativa de envolver o partido em acusações, mas não apresentam provas ou sequer indícios de irregularidades".
Em Belo Horizonte, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que todas as acusações contra seu partido serão "desmentidas". Questionado sobre quem desmente as denúncias, o dirigente petista se limitou a dizer que os fatos irão desmenti-las.
O advogado de Vaccari Neto, Luiz Flávio Borges D’Urso, afirmou por meio de nota que o PT não tem caixa dois nem conta no exterior. Segundo D'Urso, o partido só recebe contribuições legais e não recebe doações em dinheiro.
Com gabinete no Palácio do Planalto, o ministro de Relações Institucionais, Pepe Vargas, disse nesta quinta-feira, em Brasília, que o fato de o tesoureiro do PT ter sido levado para prestar depoimento na Polícia Federal em razão da nova etapa da Operação Lava Jato “não cria constrangimento” para o governo.
“Para o governo, não cria constrangimento algum. Agora, se houve algum envolvimento de uma pessoa do PT, o PT vai ter que tomar as atitudes que devem ser tomadas. Vamos aguardar os desdobramentos desses episódios”, enfatizou.

Área Internacional
Barusco afirmou ainda que  "excepcionalmente" o ex-diretor da área Internacional Jorge Zelada também recebia parte da propina..

É a primeira vez que o nome de Zelada aparece em uma delação da Operação Lava Jato. Até agora, o nome dele só havia sido citado na CPI da Petrobras. Zelada era auxiliar na diretoria Internacional na época em que a área era comandada por Nestor Cerveró, ex-diretor preso na Lava Jato.
Barusco revelou ainda que organizava os pagamentos "mediante uma contabilidade".
Na delação, o ex-gerente negou que se as propinas não fossem pagas haveria represália aos empreiteiros. Barusco afirmou que o “pagamento de propinas dentro da petrobras era lago endêmico e institucionalizado”.
Ao G1, o advogado Eduardo de Moraes, responsável pela defesa de Zelada, disse que seu cliente jamais, nem “excepcionalmente”, recebeu recursos financeiros de Pedro Barusco. Segundo o defensor, são "inverídicas" as referências ao nome de Zelada nos depoimentos do ex-gerente da Petrobras.
"Ao longo da trajetória profissional de Jorge Zelada, na Petrobras, nunca recebeu propina", ressaltou o advogado por meio de nota.
Dinheiro para campanha
Barusco também mencionou que Duque pediu à empresa SBM, um dos alvos de investigação da Operação Lava Jato, US$ 300 mil como "reforço" para a campanha eleitoral de 2010.

“[Barusco disse]  que Renato de Souza Duque solicitou ao representante da SBM, Julio Faerman, a quantia de US$ 300 mil dólares a título de reforço de campanha durante as eleições de 2010, provavelmente atendendo a pedido de João Vaccari Neto, o que foi contabilizado pelo declarante à época como pagamento destinado ao Partido dos Trabalhadores PT”, diz trecho documento disponibilizado no sistema eletrônico da Justiça Federal.
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DILMA ESTÁ NO MEIO DA IMPLOSÃO


Foto: Joedson Alves/ Reuters






Não bastasse a situação econômica adversa, o governo Dilma parece enfrentar, no seu início, uma pororoca política. Os sintomas, na verdade, são de que a política tal e qual a conhecemos está à beira da implosão.
O PMDB é situação e oposição simultaneamente; no PT seus integrantes atiram-se uns aos outros à fogueira quando convém; o candidato a presidente do PSDB faz oposição cerrada  o que a muito não se faz com tanta inteligencia, no DEM o sucesso é Ronaldo Caiado, o goiano é inteligente e sabe fazer oposição. O número de partidos políticos não para de aumentar (um ao ano, em média), embora 75% da população os rejeitem, um índice recorde segundo as pesquisas.
Difícil escapar à percepção de que algo está fora da ordem e que não diz respeito apenas às circunstâncias do momento.
O buraco é muito mais embaixo. Os primeiros sinais vieram das ruas, em junho de 2013, 2014 está se repetindo em 2015. Ficou evidente o fosso entre o que fazem, dizem e querem os políticos e as demandas da sociedade. Parecem que falam línguas diferentes. De lá para cá, o buraco não foi tapado. Se pontes foram construídas, está difícil de enxergá-las.
Neste cenário, o escândalo da Petrobras e a futura entrada em cena dos parlamentares citados nas delações premiadas (com provável julgamento no STF) pode ser o estopim da implosão. Para parte da oposição isto significará impeachment com seu estilo ausente, como se as tormentas não a deixa dormir e governar com negociações suspeitas.Petrobras(ela era a presidente do conselho), BNDS e outras muitas que a mídia está atenta.
Mas o terremoto pode ser mais significativo do que isso.

O exemplo internacional mais próximo a nos orientar sobre o que é a implosão de um sistema político é o que ocorreu na Itália. Me refiro à Operação Mãos Limpas — a devassa anticorrupção ocorrida nos anos 1990, quando promotores públicos conduziram investigações contra centenas de políticos, empresários, funcionários de governo e juízes. Vieram à tona, na Itália, desde as irregularidades existentes no financiamento dos partidos políticos ao relacionamento de governantes com a máfia.O resultado imediato dessa gigantesca crise política foi o desaparecimento dos principais partidos existentes à época, como a Democracia Cristã e o Comunista.
Passada a devassa nem a máfia nem a corrupção acabaram na Itália, mas essa é outra história.
Se vingar algo similar a isto no Brasil, será sem dúvida um terremoto político de largas proporções. Por este enredo, a crise terminaria em uma reforma política “de verdade” e num rearranjo de forças cujo alcance, no momento, só é possível vislumbrar como ficção. O cerco a Dilma e Lula está crescendo vertiginosamente. Não sabemos aonde vai dar, mais que vai, vai, quem for vivo verá.

quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Senado exclui da Mesa Diretora partidos que apoiaram rival de Renan

Em sessão tensa, o plenário do Senado Federal elegeu nesta quarta-feira (4), com 46 votos favoráveis,  2 contrários e uma abstenção, os dez integrantes da Mesa Diretora que administrarão a Casa pelos próximos dois anos.
A chapa aprovada, porém, excluiu o PSDB e o PSB, dois partidos que teriam direito a assento no colegiado pelo critério da proporcionalidade, mas que apoiaram a eleição do rival de Renan Calheiros (PMDB-AL) na disputa pela presidência do Senado. Antes mesmo da votação, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) bateu boca de forma ríspida com o presidente. Aos gritos, disse que Renan “diminui” o Senado e não tem legitimidade para representar a oposição. O peemedebista reagiu e, muito exaltado, tocou na ferida da derrota do tucano na eleição para presidência da República. “Por isso deu no que deu”, disse Renan com dedo em riste. “Honre os meus 51 milhões de votos. O senhor me respeite”, respondeu o Aécio, que foi aplaudido por grande número Senadores, e disse que perdeu para as mentiras da sua adversária. A oposição protestou por quase quatro horas, tentou adiar a votação e se retirou do plenário antes da votação. DEM e PSDB classificaram a votação como “manobra” de Renan Calheiros com o objetivo de “retaliar” e “atropelar” os senadores que aderiram à candidatura rival de Luiz Henrique (PMDB-SC).

SENADORES ELEITOS PARA A MESA DIRETORA
1º VICE-PRESIDENTE
Jorge Viana (PT-AC)
2º VICE-PRESIDENTE
Romero Jucá (PMDB-RR)
1º SECRETÁRIO
Vicentinho Alves (PR-TO)
2º SECRETÁRIO
Zezé Perrella (PDT-MG)
3º SECRETÁRIO
Gladson Cameli (PP-AC)
4º SECRETÁRIO
Ângela Portela (PT-RR)
SUPLENTES
Sérgio Petecão (PSD-AC), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Douglas Cintra (PTB-PE)
Composição da Mesa
Para o segundo cargo mais importante da Casa, o de 1º vice-presidente, foi reeleito o petista Jorge Viana (AC) e, para 2º vice-presidente, também foi mantido Romero Jucá (PMDB-RR). Ambos os nomes não foram questionados e contavam com aval de todos os partidos, uma vez que PMDB e PT são donos das duas maiores bancadas da Casa, com 18 e 14 senadores em exercício respectivamente.

Tradicionalmente, o Senado respeita o critério da proporcionalidade partidária na escolha dos membros da Mesa. Por isso, coube ao PMDB indicar o cargo mais importante, de presidente. Renan foi escolhido pelo partido para a disputa, mas o dissidente Luiz Henrique (PMDB-SC) - com apoio de PSDB, DEM, PSOL, PPS e PSB e parte do PDT e do PP – decidiu levar sua candidatura adiante.
O apoio à candidatura independente, na visão do presidente Renan e do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), deu abertura a outros partidos reivindicarem cargos a que não teriam direito se fosse levado em conta o tamanho das bancadas.
Pelo critério da proporcionalidade, teriam direito às quatro secretarias da Mesa Diretora PSDB, PT, PSB e PDT. Já DEM, PP, PR e PSD ficariam com as suplências das secretarias.
A chapa apresentada pelos governistas, porém, excluiu PSDB (que tem 10 senadores) e PSB (6 senadores) e incluiu mais um integrante do PMDB e um do PTB (3 senadores). A chapa mantinha um nome do DEM, o da senadora Maria do Carmo Alves (SE), mas o partido o retirou como forma de protesto.
Renan negou ter excluído propositalmente o PSDB e o PSB da composição da Mesa e disse ter tentado por três dias chegar a um acordo entre todos os líderes.
“Ouso renovar o apelo para que haja entendimento entre os líderes. Se tivermos um acordo entre os líderes e tomarmos como referência a proporcionalidade, nós chegaremos a bom termo. Isso é bom para o Brasil, é bom para o Senado”, disse Renan Calheiros durante o debate que antecedeu a eleição.
O PSDB havia escolhido Paulo Bauer (PSDB-SC) para a primeira secretaria, indicação que rendeu um racha dentro da própria bancada tucana. Lúcia Vânia (PSDB-GO), que queria ficar com o cargo, chegou a anunciar que deixará o partido. Antes da votação, porém, o PSDB retirou sua candidatura.

Já o PSB, que teria direito à quarta secretaria, havia indicado Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), mas também desistiu da candidatura.

Oposição
PSDB, DEM e PSB, que protestaram durante toda a sessão, deixaram o plenário antes da votação como forma de protesto. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), prometeu que, a partir daquele momento, os senadores passariam a ver uma oposição “que nunca antes viram nessa Casa”.

“Não espere das oposições a compreensão que tivemos nos últimos anos”, afirmou Aécio Neves. “Será a oposição mais dura da história recente”, disse Paulo Bauer (PSDB-SC) ao anunciar que não concorreria mais à 1ª secretaria. Renan, então ironizou: “eu lamento a retirada da candidatura de Paulo Bauer e comemoro a notícia de que a oposição vai fazer oposição”.

A primeira rusga entre Renan e Aécio se deu quanto o tucano afirmou que Deus havia dado ao alagoano a “oportunidade histórica” de “reconciliar o Senado com a sociedade brasileira” e que Renan “não se coloca à altura da casa de Ruy Barbosa”.

Já bastante nervoso, o presidente respondeu: “quem perdeu a oportunidade que Deus deu não fui eu. Vossa excelência está redondamente errado” – uma referência à derrota do tucano nas eleições presidenciais de 2014. Aécio revidou afirmando que não haveria candidaturas avulsas se Renan e o PMDB não tivessem concordado. “Um desrespeito, uma manobra sem precedentes”.
O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), também classificou de “manobra” a exclusão do PSDB e do PSB. “Renan fez uma opção clara de dividir o Senado e governar apenas para os 49 que votaram nele. Uma manobra inaceitável, um acordo de conchavo e de coxia”, reclamou.
O senador José Agripino (DEM-RN) classificou a votação como “a sessão da vergonha, do constrangimento”. “A democracia faleceu”, lamentou o democrata.
Um dos únicos senadores da base aliada que se manifestou durante a votação foi Luiz Henrique. Derrotado por Renan na eleição à presidência, disse que gostaria de fazer um “apelo”. “Eu quero que todos reconheçam sua presidência e, para que isso ocorra, é fundamental que não tenhamos uma decisão que exclua qualquer legenda”, declarou.
“Lamento muito, muito mesmo que eu não tenha essa delegação devido ao conflito de interesses que se estabeleceu nas lideranças partidárias”, respondeu Renan aos senadores que pediram uma nova reunião para se tentar estabelecer um acordo. Aécio fez referência ás vaias que a presidente Dilma, vem levando em todos os lugares aonde vai, com grandes contingentes de pessoas que  querem a presidente fora do poder.

Empreiteiras planejam levar Lula e Dilma à roda da Justiça

empreiteiras querem Lula e Dilma junto com elas na roda da Justiça

Foto: Divulgação
Foto: Divulgação
Há quinze dias, os quatro executivos da construtora OAS, presos durante a Operação Lava-Jato, tiveram uma conversa capital na carceragem da polícia em Curitiba. Sentados frente a frente, numa sala destinada a reuniões reservadas com advogados, o presidente da OAS, Léo Pinheiro, e os executivos Mateus Coutinho, Agenor Medeiros e José Ricardo Breghirolli discutiam o futuro com raro desapego. Os pedidos de liberdade rejeitados pela Justiça, as fracassadas tentativas de desqualificar as investigações, o Natal, o réveillon e a perspectiva real de passar o resto da vida no cárcere levaram-nos a um diagnóstico fatalista. Réus por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa, era chegada a hora de jogar a última cartada, e, segundo eles, isso significa trazer para a cena do crime, com nomes e sobrenomes, o topo da cadeia de comando do petrolão. Com 66 anos de idade, Agenor Medeiros, diretor internacional da empresa, era o mais exaltado: “Se tiver de morrer aqui dentro, não morro sozinho”.
A estratégia dos executivos da OAS, discutida também pelas demais empresas envolvidas no escândalo da Petrobras, é considerada a última tentativa de salvação. E por uma razão elementar: as empreiteiras podem identificar e apresentar provas contra os verdadeiros comandantes do esquema, os grandes beneficiados, os mentores da engrenagem que funcionava com o objetivo de desviar dinheiro da Petrobras para os bolsos de políticos aliados do governo e campanhas eleitorais dos candidatos ligados ao governo. É um poderoso trunfo que, em um eventual acordo de delação com a Justiça, pode poupar muitos anos de cadeia aos envolvidos. “Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos) para oferecer grana a eles?”, disparou, ressentido, o presidente da OAS, Léo Pinheiro. Amigo pessoal do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos tempos de bonança, ele descobriu na cadeia que as amizades nascidas do poder valem pouco atrás das grades.
Na conversa com os colegas presos e os advogados da empreiteira, ele reclamou, em particular, da indiferença de Lula, de quem esperava um esforço maior para neutralizar os riscos da condenação e salvar os contratos de sua empresa. Léo Pinheiro reclama que Lula lhe virou as costas. E foi dessa mágoa que surgiu a primeira decisão concreta do grupo: se houver acordo com a Justiça, o delator será Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos. As empreiteiras sabem que novas delações só serão admitidas se revelarem fatos novos ou o envolvimento de personagens importantes que ainda se mantêm longe das investigações. Por isso, o alvo é o topo da cadeia de comando, em que, segundo afirmam reservadamente e insinuam abertamente, se encontram o ex-presidente Lula e Dilma Rousseff.

terça-feira, fevereiro 03, 2015

O PT é o maior culpado pela eleição de Eduardo Cunha; quem mandou ignorar os movimentos sociais?


O peemedebista Eduardo Cungha durante sua posse como presidente da Câmara.O peemedebista Eduardo Cungha durante sua posse como presidente da Câmara.
Grande derrotado na eleição em primeiro turno do novo presidente da Câmara dos Deputados, oPartido dos Trabalhadores precisa olhar para o espelho e, em vez de ver ali a vítima, reconhecer o principal culpado –ele mesmo.
Não poderia haver representante mais adequado a uma Câmara dos Deputados apequenada por interesses mesquinhos, e a serviço de mega-financiadores de campanha, do que o negocista Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o eleito.
Mas ele é a consequência natural da tal governabilidade a todo custo, defendida com unhas e dentes pelo alto comando petista. E que levou o partido nascido das lutas operárias e estudantis dos anos 1970 e 1980 a um distanciamento sem precedentes dos movimentos sociais.
É que, para não desagradar aliados ruralistas, o PT rifou a luta pela Reforma Agrária e pela demarcação das terras indígenas; para não melindrar a bancada evangélica, o partido colocou em banho-maria a criminalização da homo e da transfobia (Dilma só se lembrou disso na campanha do segundo turno). Descriminalização do aborto, lei de drogas, desmilitarização das Polícias Militares, reforma urbana… o PT fugiu de todas essas raias, abandonando os movimentos sociais à própria sorte, enquanto colocava todas as suas fichas nas articulações com os caciques partidários.
A descaracterização a que o PT se obrigou em nome da governabilidade levou o partido, que já encarnou os melhores sonhos da juventude, a esgotar seu capital simbólico de agente transformador progressista. Confundiu-se com os “300 picaretas” que já denunciou.
Logo depois de abertas as urnas no ano passado, dizia-se que o país elegera o congresso mais conservador desde o fim da Ditadura Militar. Como poderia ser diferente, se o principal partido de esquerda havia baixado suas bandeiras históricas e colocado todas as fichas para eleger oportunistas, como o ex-presidente do Corinthians Andrés Sanchez?
A direita ganhou a maioria da Câmara por W.O.


O PT não apareceu para jogar ou chegou atrasado.
Eduardo Cunha, o presidente da Câmara dos Deputados agora eleito, é produto dessa infeliz safra, uma caricatura de político conservador com viés de fundamentalista religioso. Denúncias de corrupção contra ele há aos magotes, desde que foi presidente da Telerj, a companhia telefônica do Rio de Janeiro, ainda no governo de Fernando Collor.
Em 2010, debochado, apresentou o projeto de criminalização da “heterofobia” e de criação do “Dia do Orgulho Hétero”. Como se os heterossexuais fossem atacados e assassinados como acontece diariamente com gays, lésbicas e transgêneros… Escárnio.
Também é autor de projeto de lei que prevê pena de 6 a 20 anos para médico que realiza aborto, além da cassação do registro profissional. “Estamos sob ataque dos gays, abortistas e maconheiros”, fantasiou.
Para atrair as simpatias dos grandes grupos de comunicação, Cunha declarou-se contrário a qualquer forma de regulamentação da mídia. Para brecar a reforma política, defende —cara-de-pau— o financiamento privado de campanha.
Pudera! Em 2010, ele recebeu R$ 4,76 milhões para fazer sua campanha, dos quais R$ 500 mil vieram da empreiteira Camargo Corrêa; outros R$ 500 mil da Usina Naviraí de Açúcar e Álcool.
Em 2014, Cunha prosperou. Seu comitê de campanha embolsou R$ 6,83 milhões de empresas como oShopping Iguatemi, Bradesco, Líder Táxi Aéreo, Santander, BTG Pactual, entre outros.
Os jornais já se assanham em prognosticar os próximos passos do minueto sinistro. O PT, que já entregou os anéis, dará dedos, mãos e pés, em prol da governabilidade, já que Eduardo Cunha, como presidente da Câmara, apossou-se das chaves para abrir um eventual processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (com ou sem motivo).
Mas dar os anéis, dedos, mãos e pés significa descaracterizar ainda mais o partido, mesclá-lo totalmente ao lixo político que a juventude rejeita e que presta um desserviço às causas da igualdade e da liberdade.
Um outro rumo é possível, as ruas estão mostrando, mas exige a coragem que a direção do partido parece ter perdido. Coragem de tentar restabelecer o contato com sindicalistas, ativistas sociais, sem-terra, juventude, movimentos de mulheres, de direitos humanos, lideranças indígenas, sem-teto. Porque, se a Câmara foi para o brejo, o país não foi. Ainda.
Só para lembrar, uma Igreja Católica desmoralizada pela intolerância com o mundo moderno, peloshábitos ostentatórios, por uma saraivada de escândalos de corrupção e pedofilia, pelodesânimo dos fiéis acossados pelo avanço neopentecostal, mostrou-se capaz de reação, ao contrariar a Cúria Romana e eleger o papa Francisco, depois da renúncia de Bento 16.
Com seus 2.000 anos de sabedoria e sobrevivência política, a Igreja Católica sabe que às vezes é preciso mudar, ainda que seja um pouco, para não perecer.

Graça Foster não é mais presidente da Petrobras

A presidente da Petrobras, Graça Foster, participa de uma entrevista coletiva na sede da empresa, no Rio de JaneiroA presidente da Petrobras, Graça Foster, participa de uma entrevista coletiva na sede da empresa, no Rio de Ja …
Graça Foster será substituída no cargo de presidente da Petrobras. O Palácio do Planalto já informou a atual chefe da petrolífera sobre a decisão. A presidente Dilma Rousseff convenceu-se nos últimos dias que a manutenção de Graça era insustentável e prejudicial à estatal. As informações são do jornal Folha de S.Paulo.

Enquanto conseguiu, Dilma segurou Graça, que é sua amiga pessoal, no cargo. A divulgação de que a Petrobras deveria baixar seus ativos em R$ 88 bilhões por conta da corrupção e da ineficiência de planejamento, feita na semana passada, foi decisivas para a escolha.

De acordo com informações do jornal Folha de S.Paulo, o ministro Joaquim Levy, da Fazenda, está pessoalmente tratando da escolha da próxima pessoa que ocupará o cargo. Ele esteve em São Paulo onde fez as primeiras sondagens para escolher o novo presidente da Petrobras.

Em um curto período de tempo, a estatal brasileira perdeu quase 75% de seu valor de mercado devido à política de investimentos utilizada e, principalmente, com a evolução da Operação Lava Jato, que deflagrou esquema de corrupção na estatal.

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