quarta-feira, fevereiro 04, 2015

Senado exclui da Mesa Diretora partidos que apoiaram rival de Renan

Em sessão tensa, o plenário do Senado Federal elegeu nesta quarta-feira (4), com 46 votos favoráveis,  2 contrários e uma abstenção, os dez integrantes da Mesa Diretora que administrarão a Casa pelos próximos dois anos.
A chapa aprovada, porém, excluiu o PSDB e o PSB, dois partidos que teriam direito a assento no colegiado pelo critério da proporcionalidade, mas que apoiaram a eleição do rival de Renan Calheiros (PMDB-AL) na disputa pela presidência do Senado. Antes mesmo da votação, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) bateu boca de forma ríspida com o presidente. Aos gritos, disse que Renan “diminui” o Senado e não tem legitimidade para representar a oposição. O peemedebista reagiu e, muito exaltado, tocou na ferida da derrota do tucano na eleição para presidência da República. “Por isso deu no que deu”, disse Renan com dedo em riste. “Honre os meus 51 milhões de votos. O senhor me respeite”, respondeu o Aécio, que foi aplaudido por grande número Senadores, e disse que perdeu para as mentiras da sua adversária. A oposição protestou por quase quatro horas, tentou adiar a votação e se retirou do plenário antes da votação. DEM e PSDB classificaram a votação como “manobra” de Renan Calheiros com o objetivo de “retaliar” e “atropelar” os senadores que aderiram à candidatura rival de Luiz Henrique (PMDB-SC).

SENADORES ELEITOS PARA A MESA DIRETORA
1º VICE-PRESIDENTE
Jorge Viana (PT-AC)
2º VICE-PRESIDENTE
Romero Jucá (PMDB-RR)
1º SECRETÁRIO
Vicentinho Alves (PR-TO)
2º SECRETÁRIO
Zezé Perrella (PDT-MG)
3º SECRETÁRIO
Gladson Cameli (PP-AC)
4º SECRETÁRIO
Ângela Portela (PT-RR)
SUPLENTES
Sérgio Petecão (PSD-AC), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Douglas Cintra (PTB-PE)
Composição da Mesa
Para o segundo cargo mais importante da Casa, o de 1º vice-presidente, foi reeleito o petista Jorge Viana (AC) e, para 2º vice-presidente, também foi mantido Romero Jucá (PMDB-RR). Ambos os nomes não foram questionados e contavam com aval de todos os partidos, uma vez que PMDB e PT são donos das duas maiores bancadas da Casa, com 18 e 14 senadores em exercício respectivamente.

Tradicionalmente, o Senado respeita o critério da proporcionalidade partidária na escolha dos membros da Mesa. Por isso, coube ao PMDB indicar o cargo mais importante, de presidente. Renan foi escolhido pelo partido para a disputa, mas o dissidente Luiz Henrique (PMDB-SC) - com apoio de PSDB, DEM, PSOL, PPS e PSB e parte do PDT e do PP – decidiu levar sua candidatura adiante.
O apoio à candidatura independente, na visão do presidente Renan e do líder do PMDB, Eunício Oliveira (CE), deu abertura a outros partidos reivindicarem cargos a que não teriam direito se fosse levado em conta o tamanho das bancadas.
Pelo critério da proporcionalidade, teriam direito às quatro secretarias da Mesa Diretora PSDB, PT, PSB e PDT. Já DEM, PP, PR e PSD ficariam com as suplências das secretarias.
A chapa apresentada pelos governistas, porém, excluiu PSDB (que tem 10 senadores) e PSB (6 senadores) e incluiu mais um integrante do PMDB e um do PTB (3 senadores). A chapa mantinha um nome do DEM, o da senadora Maria do Carmo Alves (SE), mas o partido o retirou como forma de protesto.
Renan negou ter excluído propositalmente o PSDB e o PSB da composição da Mesa e disse ter tentado por três dias chegar a um acordo entre todos os líderes.
“Ouso renovar o apelo para que haja entendimento entre os líderes. Se tivermos um acordo entre os líderes e tomarmos como referência a proporcionalidade, nós chegaremos a bom termo. Isso é bom para o Brasil, é bom para o Senado”, disse Renan Calheiros durante o debate que antecedeu a eleição.
O PSDB havia escolhido Paulo Bauer (PSDB-SC) para a primeira secretaria, indicação que rendeu um racha dentro da própria bancada tucana. Lúcia Vânia (PSDB-GO), que queria ficar com o cargo, chegou a anunciar que deixará o partido. Antes da votação, porém, o PSDB retirou sua candidatura.

Já o PSB, que teria direito à quarta secretaria, havia indicado Antonio Carlos Valadares (PSB-SE), mas também desistiu da candidatura.

Oposição
PSDB, DEM e PSB, que protestaram durante toda a sessão, deixaram o plenário antes da votação como forma de protesto. O líder do DEM, Ronaldo Caiado (GO), prometeu que, a partir daquele momento, os senadores passariam a ver uma oposição “que nunca antes viram nessa Casa”.

“Não espere das oposições a compreensão que tivemos nos últimos anos”, afirmou Aécio Neves. “Será a oposição mais dura da história recente”, disse Paulo Bauer (PSDB-SC) ao anunciar que não concorreria mais à 1ª secretaria. Renan, então ironizou: “eu lamento a retirada da candidatura de Paulo Bauer e comemoro a notícia de que a oposição vai fazer oposição”.

A primeira rusga entre Renan e Aécio se deu quanto o tucano afirmou que Deus havia dado ao alagoano a “oportunidade histórica” de “reconciliar o Senado com a sociedade brasileira” e que Renan “não se coloca à altura da casa de Ruy Barbosa”.

Já bastante nervoso, o presidente respondeu: “quem perdeu a oportunidade que Deus deu não fui eu. Vossa excelência está redondamente errado” – uma referência à derrota do tucano nas eleições presidenciais de 2014. Aécio revidou afirmando que não haveria candidaturas avulsas se Renan e o PMDB não tivessem concordado. “Um desrespeito, uma manobra sem precedentes”.
O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), também classificou de “manobra” a exclusão do PSDB e do PSB. “Renan fez uma opção clara de dividir o Senado e governar apenas para os 49 que votaram nele. Uma manobra inaceitável, um acordo de conchavo e de coxia”, reclamou.
O senador José Agripino (DEM-RN) classificou a votação como “a sessão da vergonha, do constrangimento”. “A democracia faleceu”, lamentou o democrata.
Um dos únicos senadores da base aliada que se manifestou durante a votação foi Luiz Henrique. Derrotado por Renan na eleição à presidência, disse que gostaria de fazer um “apelo”. “Eu quero que todos reconheçam sua presidência e, para que isso ocorra, é fundamental que não tenhamos uma decisão que exclua qualquer legenda”, declarou.
“Lamento muito, muito mesmo que eu não tenha essa delegação devido ao conflito de interesses que se estabeleceu nas lideranças partidárias”, respondeu Renan aos senadores que pediram uma nova reunião para se tentar estabelecer um acordo. Aécio fez referência ás vaias que a presidente Dilma, vem levando em todos os lugares aonde vai, com grandes contingentes de pessoas que  querem a presidente fora do poder.

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