O corpo do jornalista Rogério Marinho está sendo velado na tarde desta segunda-feira (25) no Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio. O velório reúne parentes, amigos, funcionários e ex-funcionários do jornal O Globo. Rogério Marinho morreu nesta manhã, aos 92 anos, de insuficiência respiratória aguda.A filha Ana Luisa, emocionada, quis apenas dizer uma frase: "Além de ter deixado um legado para o jornalismo brasileiro, deixou para mim uma herança inestimável: o amor pela arte, pela música, pelos livros. Isso niguém vai me tirar", disse a produtora cultural.A coreógrafa Deborah Colker, amiga de Ana Luisa, lembrou que o jornalista sempre apoiou seu trabalho, desde o início de sua companhia. "Tenho um carinho especial por ele, uma pessoa sensível," disse, lembrando que o jornalista sempre ia a seus espetáculos até dois anos atrás, quando a saúde já dava sinais de fragilidade.O colunista George Vidor lembra que o conheceu em 1972, quando começou em O Globo. "Sua sala era colada à redação, mas ele sempre estava junto dos funcionários. Era muito doce no trato social", lembra Vidor, dizendo que ele se comportava com os jornalistas como um "colega de profissão".Estiveram presentes ainda no velório os imortais da Academia Brasileira de Letras Luiz Paulo Horta e Merval Pereira, colunista do jornal O Globo, e o diretor da Central Globo de Jornalismo, Ali Kamel.O corpo do jornalista será velado até às 18h30 desta segunda. Na quinta-feira (28), será cremado no Crematório do Caju, Zona Portuária do Rio.Rogério Marinho começou a trabalhar em O Globo em 1938, quando o jornal já era dirigido por seu irmão Roberto Marinho, 15 anos mais velho, e no qual já trabalhava, desde 1933, seu outro irmão, Ricardo.Suas primeiras funções no jornal foram na seção de esportes, onde trabalhou sob orientação de Mário Filho. Logo passou a integrar a equipe de Alves Pinheiro, na qual fazia todo tipo de tarefa, da apuração de reportagens à tradução de telegramas. Ainda em 1938, teve a ideia de utilizar o “bonequinho” nas críticas de cinema, criando a seção Bonequinho viu, até hoje publicada no jornal.Criador do 'bonequinho' de O Globo, Rogério foi grande defensor da naturezaEm depoimento ao projeto Memória Globo, Rogério Marinho descreveu a atividade jornalística naquela época. "Era um jornalismo heróico. Não era esse jornalismo de hoje, tecnológico. Era um jornalismo de esforço pessoal, cada um fazia o que devia fazer e o que outros deviam fazer também, para não atrasar o jornal".Em 1940, passou a trabalhar como redator, atuando também nas mais diversas áreas: além de reportagens variadas, fez críticas de cinema, de ópera e teve uma coluna esportiva assinada por pseudônimo. Uma de suas primeiras entrevistas foi feita com Ari Barroso, que retornava dos Estados Unidos. Entre os profissionais com quem trabalhou à época, estavam José Lins do Rego, Thiago de Mello e Pinheiro Lemos. Em 1952, foi designado por seu irmão para assumir o cargo de diretor substituto, passando mais tarde a vice-presidente do jornal.Entre julho de 1944 e maio de 1945, dirigiu com Pedro Motta Lima o tabloide O Globo Expedicionário, destinado a elevar o moral dos pracinhas e a prestar serviços como troca de mensagens e publicação de cartas. Segundo Rogério Marinho, havia a preocupação editorial de buscar matérias que fossem de interesse dos soldados. Alguns números do Globo Expedicionário foram publicados após o término da 2ª Guerra Mundial.Quando Rogério Marinho ingressou em O Globo, o jornal era ainda um vespertino. A edição matutina começou apenas entre 1935 e 1937. Uma das “missões” confiadas a Rogério Marinho por seu irmão Roberto foi a de agilizar a saída do jornal, de forma a torná-lo o vespertino que primeiro chegasse ao público, fazendo frente a outros vespertinos como Última Hora e Diário da Noite. Para isso, Rogério chegava ao jornal entre 3h30 e 3h45, revisava todos os originais, ampliava ou condensava assuntos e, quando necessário, fazia alterações editoriais de última hora. Em torno de 1954, seus esforços conseguiram fazer com que O Globo passasse a chegar às ruas entre 7h e 8h.Rogério Marinho teve a ecologia como uma de suas preocupações constantes. Foi membro do Conselho Deliberativo da Fundação Brasileira pela Conservação da Natureza entre 1975 e 1987; vice-presidente do Conselho de Curadores da Fundação Rio Congressos e Eventos - Rio Convention Bureau, entre 1984 e 1989; e membro do Conselho Nacional do Meio Ambiente a partir de 1986, quando foi designado pelo então presidente José Sarney.Também participou como membro do Conselho Superior da Associação Comercial do Rio de Janeiro, do Conselho da Associação dos Amigos do Museu Imperial e do Conselho do Museu Nacional de Belas Artes. Foi agraciado com as seguintes medalhas: Ordem Mérito Naval, Ordem ao Mérito Santos Dumont e Grande Oficial da Ordem do Mérito Brasília.Rogério Marinho casou-se, em 1948, com Elizabeth Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, filha do Marechal José Pessoa Cavalcanti de Albuquerque, idealizador da Academia Militar das Agulhas Negras. Os dois tiveram uma filha, Ana Luisa Pessoa Marinho, também jornalista, que lhe deu 2 netos, Eduardo Marinho Christoph e Bruno Marinho de Mello.
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