sexta-feira, dezembro 02, 2011

AREIA BRANCA POR ANTÔNIO MIRANDA

Antônio Fernando de Miranda,é um grande conterrâneo, seu brilhante texto dizendo de Manoel Avelino nos enche de lembranças e recordações dos tempos que não voltam mais. Obrigado grande Miranda e meus parabéns.

Texto de Antônio Fernando Miranda.
O início desta história todos os areiabranquenses conhecem, porém o final, por está arquivado por mais de 50 anos, apenas em meu PC (cérebro pessoal), e somente agora retiro uma cópia para dar uma pequena contribuição, que sem dúvidas será anexada à história de Areia Branca, nem os que escreveram sobre ele (Manoel Avelino), tinham conhecimento. Isto é o que me parece, pois não li até hoje, qualquer comentário sobre o assunto. É necessário inicialmente, descrever o que um pouco, o que os escritores areia branquenses já descreveram.
No início dos anos 50, volta a Areia Branca o senhor Manoel Avelino Sobrinho, ostentando o título de Doutor, formado pela Faculdade de Direito do então Distrito Federal, o que foi motivo de orgulho para todos os filhos da terra, por ter sido o primeiro advogado areiabranquense. O seu escritório de advocacia foi montado em frente ao jardim (Praça da Conceição), à Rua João Felix.
Pouco tempo depois, surgiu na cidade uns panfletos apócrifos, em linguagem matuta, mais que era de fácil entendimento por todos, onde dois matutos (Zeferino e Malaquias) criticavam a política do então prefeito Zé Sólon. Todos os amigos do doutor Manoel Avelino, sabiam que o autor dos panfletos que o povo o batizou logo de “O Malaquias”, era o próprio Avelino, porém se fosse indagado quem seria o autor, negavam com todas as forças. Apesar de terem sido circulados vários “Malaquias”, passado o período de sua publicação, os correligionários do Dr. Manoel Avelino, foram aconselhados a desfazerem-se de todos, para não comprometer o futuro político do mesmo, conforme veremos mais adiante. Portanto dos vários Malaquias, guardei no meu PC, apenas uma frase de um deles, em que o Zeferino dizia para o Malaquias: “poisé cumpadi, o puliticu é cumu fejão de môiu, o qui sobi é pruque num presta”.
Como estava próxima a apresentação do candidato que iria substituir seu Zé Sólon, seu Dimas (Dimas Pimentel Ramos) como correligionário de Zé Sólon, esperava ver lançado a candidatura de seu Zeca de Celso (José do Couto Dantas), que era seu genro. Entretanto seu Zé Brasil (José Brasil Filho), com a sua habilidade de convencer as pessoas, não foi difícil convencer seu Zé Sólon, de que o substituto ideal seria o Dr. Avelino, tendo o mesmo aceitado a sugestão de seu Zé Brasil. Com esta decisão, houve um protesto dentro do PSP, e seu Dimas, Paizinho (como era conhecido popularmente Braz Pereira de Araújo), que era vereador e delegado do sindicato dos marinheiros, Dr. Vicente Dutra, os irmãos Manoel e Zé do Vale, Manoel Leandro Sobrinho e outros formaram um grupo dissidente, e em protesto lançaram as candidaturas de Braz Pereira e Manoel Leandro.
Seu Zeca de Celso, vendo suas pretensões desfeitas, e tentando ajudar aos novos candidatos apoiados por seu Dimas e os demais citados, lançou uma carta aberta ao prefeito Sólon, afirmando que o “Malaquias”, não era outro senão o Dr. Manoel Avelino que ele agora estava apoiando. Isto causou a principio um grande mal estar na candidatura da situação. Porém. em seguida seu Chico Avelino (Francisco Avelino dos Santos), como bom irmão, e não poderia ser diferente, lançou outra carta aberta, chamando para si toda a responsabilidade pelo Malaquias, inocentando de culpas o Dr. Manoel Avelino. Isto fez com que a candidatura do mesmo tomasse mais impulso. E talvez como marketing (na época, não se usava esta palavra), trouxe do Rio de Janeiro, seu irmão, o então acadêmico de medicina Zé Maria (José Maria dos Santos), para gratuitamente atender a população carente, oferecendo a ela os seus conhecimentos da medicina. Isto sem dúvidas deu mais um novo impulso à candidatura já vitoriosa, para desespero dos seus opositores. De nada adianta relatar a liderança que o Dr. Manoel Avelino exerceu sobre os areiabranquenses, pois os escritores Deifilo Gurgel, José Jaime, Francisco Rodrigues da Costa e outros já o fizeram, e muito bem.
avelino_juscelino
Nesta foto da campanha de Juscelino para presidente, aparecem da esquerda para a direita: Rudson Góis, Jofre Josino, Manoel Avelino (discursando), Vingt Rosado, Quinquinho Lucio, Juscelino, Jango, seu Dimas, e outros. Foto O Manoelito (de Mossoró).
Agora entra a parte principal e desconhecida até agora, inclusive dos biógrafos do Dr. Manoel Avelino. Talvez para referendar o crescimento da candidatura Manoel Avelino, surgiu um novo panfleto, desta vez em forma de verso, cujo mote era:
Sem ser Manoel Avelino
Onde está o candidato?

E a glosa era:

 Perguntando a muita gente
E ao povo não satisfeito
Aonde anda o prefeito?
Me diga, Dimas Ramos
Só você é persistente
Por querer ser muito exato
Embora bancando o pato
Com seu instinto ferino
Sem ser Manoel Avelino
Onde está o candidato? 

Esta glosa teve enorme repercussão na época, deixando os “avelinista” em estado de euforia. Apesar de apócrifa, a mesma era de autoria do grande poeta areiabranquense João Figueiredo, que era sogro do Dr. Manoel Avelino. Muito embora publicamente ele não assumisse a paternidade da mesma, e nem os avelinistas confirmavam.
Porém, como em Areia Branca sempre teve bons poetas, não demorou muito, e surgiu outro panfleto também em forma de glosa e apócrifo, cujo mote era.
Se diz Manoel Avelino
Porque não diz Malaquias?
E a glosa era:
Eis a resposta ao glosista
Que procura candidato
Chamando Dimas de pato
Mostrando ser pessepista
A este poeta sem pista
Eis a resposta em dias
Se diz Manoel Avelino
Por que não diz Malaquias? 
Quem não viu há dias passados
Este que hoje é candidato
Imitando gestos de gato
Dando unhada e a se esconder
Quem não viu, podia ver
Fazia com garbo e alegria
E hoje desajeitado
Nega e briga avermelhado
Que não é o Malaquias.
Apesar da resposta ter sido bem elaborada dentro do tema, a glosa não teve repercussão no seio avelinista, e tampouco na candidatura Manoel Avelino, que àquela altura já estava consolidada. Sobre o autor da resposta, na ocasião foram citados vários nomes como, por exemplo, Zé e Amaro de Frederico, senhor barbeiro, Manoel do Vale e outros. Porém de todos os citados, e até hoje não confirmados, acredito que tenha sido Manoel do Vale (ou Manoel de Touzinho como também era conhecido), que também tinha sua veia poética, e além disso, era um dissidente. Como disse no início estes fatos estão arquivados apenas na minha memória, não tenho como fazer uma afirmação concreta, a não ser se tiver a oportunidade de me encontrar com o possível autor, que ainda está entre nós, para dirimir esta dúvida. Porém a glosa inicial deve ser anexado ao histórico deste grande poeta areiabranquense, que foi João Figueiredo. Sinto-me envaidecido, em poder dar esta pequena contribuição poética (não minha claro), para abrilhantar cada vez mais a história de Areia Branca.

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