terça-feira, fevereiro 24, 2015

Sociedade civil será chamada para discutir reforma política


Também serão convidados para os debates o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes; o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, Dias Toffoli; e o procurador-geral eleitoral, Rodrigo Janot. Ainda não foram definidas as datas das audiências. 
O relator da Comissão Especial da Reforma Política, deputado Marcelo Castro (PMDB-PI), apresentou o seu plano de trabalho. Ele sugeriu que sejam realizadas duas reuniões por semana, nas terças à tarde e nas quintas pela manhã, o que, segundo ele, já foi acertado com o presidente do colegiado, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ).
Depois das reuniões com as entidades, o relator propõe que haja de duas a quatro sessões para que os parlamentares se concentrem nos temas principais: financiamento de campanha e sistema eleitoral.
Marcelo Castro fez ainda um apelo para que os parlamentares compareçam à comissão com o espírito de fazer o melhor para o Brasil. “Temos que aprovar uma reforma que passe no Plenário e melhore o sistema eleitoral”, ressaltou.
Maioria da comissão da reforma política quer o fim da reeleição
Dos 34 deputados titulares integrantes da comissão especial sobre a reforma política, pelo menos 23 são favoráveis ao fim da reeleição do presidente da República, dos governadores e dos prefeitos. A maioria (22) também é favorável à coincidência da data das eleições, conforme enquete realizada pela Agência Câmara, que mostra a tendência anterior ao início dos debates da comissão. Responderam ao questionário 28 dos 34 membros titulares.
O fim da reeleição e a coincidência das eleições municipais com as eleições estaduais e federal a partir de 2018 estão previstos na Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 352/13, que será a base do início dos debates da comissão especial. “Acredito que o fim da reeleição é um ponto de convergência de quase todos os parlamentares”, opina o deputado Victor Mendes (PV-MA).
O deputado Henrique Fontana (PT-RS), que foi relator da reforma política na legislatura passada, destaca que só é a favor do fim da reeleição se forem instituídos mandatos mais longos, de cinco anos. Sobre a coincidência das eleições, Fontana observa que é a favor de que todos os pleitos sejam realizados no mesmo ano, mas não no mesmo dia. “Por exemplo, as eleições municipais poderiam ocorrer no início de agosto, e no início de outubro poderia haver a eleição presidencial”, afirma.
Favoráveis ao fim da reeleição, o líder do Solidariedade, Arthur Maia (BA), e os deputados Benito Gama (PTB-BA) e Milton Monti (PR-SP) também defendem mandatos mais longos, de cinco anos. Monti é a favor da realização de eleições em uma data única: “Desse modo, certamente teríamos possibilidades de desenvolver um trabalho melhor, seria mais útil para o Brasil. Hoje, na época da eleição, o governo e o Congresso Nacional param, as forças políticas acabam se voltando para as campanhas.”
O deputado Antonio Bulhões (PRB-SP), por sua vez, é contra o fim da reeleição.
Coincidência das eleições
Os deputados Chico Alencar (Psol-RJ), Esperidião Amin (PP-SC), Indio da Costa (PSD-RJ) e Valtenir Pereira (Pros-MT), por exemplo, são contra a coincidência das eleições. “A eleição de dois em dois anos é importante porque o debate é frequente”, argumenta Pereira. “Acho saudável, apenas separando as datas da eleição para cargos do Poder Executivo e para o Parlamento.”
Na visão do deputado do Pros, da forma como é hoje – eleições para o Congresso Nacional e para presidente e governadores na mesma data –, “os legislativos são coadjuvantes em suas propostas” e “o protagonismo fica com os cargos do Executivo”.
Já o deputado Rubens Otoni (PT-GO) acredita que esses dois pontos – fim da reeleição e coincidência das eleições – são temas menores na discussão da reforma política. “Tenho abertura para discutir essas propostas, desde que o debate inclua temas mais importantes e estruturantes, como o financiamento das campanhas”, ressalta.
Fim do voto obrigatório
A PEC 352/13, apresentada por um grupo de trabalho da Câmara, também prevê o fim do voto obrigatório, instituindo o voto facultativo. Esse ponto é rejeitado por 15 integrantes da comissão especial, como os petistas Rubens Otoni e Henrique Fontana; os deputados do PP Espiridião Amin e Renato Molling (RS); e Marcelo Castro (PMDB-PI), que acreditam que o voto deve continuar sendo uma obrigação do cidadão.
“Por enquanto, o País não está preparado para o voto facultativo; ainda precisamos melhorar o ensino, a nossa cultura”, argumenta Molling. “O voto obrigatório ainda faz parte de mecanismos importantes para fortalecer a democracia, a participação popular no debate das propostas”, reitera Otoni.
Enquanto deputados como Marcus Pestana (PSDB-MG), Silvio Torres (PSDB-SP), Leonardo Picciani (PMDB-RJ) e Moema Gramacho (PT-BA) são a favor do voto facultativo, outros têm dúvida em relação a esse ponto da proposta, como Benito Gama (PTB-BA), Chico Alencar e Tadeu Alencar (PSB-PE). “A discussão ainda merece um aprofundamento”, opina Tadeu Alencar.
Já o deputado Edmar Arruda (PSC-PR) é favorável ao fim do voto obrigatório, mas não para a próxima eleição, apenas a partir de 2020 ou 2022.
Com Agência Câmara

Estudo mostra que 2/3 dos fumantes morrerão por causa do cigarro

Um amplo estudo com mais de 200 mil pessoas confirmou que dois a cada três fumantes morrerão de doenças relacionadas ao cigarro, caso continuem fumando. O estudo, realizado por pesquisadores da Universidade Nacional da Austrália, é a primeira evidência científica independente - isto é, não ligada a associações militantes -, com uma amostra populacional tão grande, a fornecer evidências de que a taxa de mortalidade ligada ao tabagismo chega a dois terços. O estudo foi publicado na revista científica BMC Medicine.

"Já sabíamos que fumar é ruim, mas agora temos uma prova direta e independente que confirma as preocupantes descobertas que têm surgido internacionalmente, disse a coordenadora do estudo, Emily Banks, pesquisadora da universidade australiana.
De acordo com ela, o estudo mostrou também que os fumantes têm um risco três vezes maior de morte prematura e que eles morrerão, em média, cerca de 10 anos antes dos não-fumantes.
Segundo os autores do estudo, até recentemente estimava-se que metade dos fumantes morreriam por causa do cigarro, mas um estudo posterior feito com voluntários da Sociedade Americana de Câncer já indicava que a morte pelo cigarro poderia atingir 67% dos fumantes. "Nós conseguimos mostrar exatamente o mesmo resultado com uma amostra populacional muito maior", disse Banks.
A pesquisa foi o resultado de uma análise de quatro anos das informações sobre a saúde de mais de 200 mil homens e mulheres que participaram do estudo "45 and Up", do Instituto Sax, da Austrália, considerado a maior pesquisa sobre saúde e envelhecimento realizada no Hemisfério Sul.
A Austrália tem uma das mais baixas taxas de tabagismo do mundo - apenas 13% da população - e é líder internacional em embalagens genéricas de cigarro, quando as caixas e maços são padronizadas e não podem ter marcas, cores, imagens ou logotipos.
"Mesmo com as baixas taxas de tabagismo que temos na Austrália, nossa descoberta é um importante alerta de que a guerra contra o tabaco ainda não foi vencida - e os esforços para o controle do tabagismo precisam seguir adiante", disse Banks.
A pesquisa também apontou que, em comparação aos não fumantes, quem fuma apenas 10 cigarros por dia dobra o risco de morte, enquanto quem fuma um maço por dia aumenta o risco de morte de quatro a cinco vezes. O estudo, conduzido por uma equipe internacional, foi apoiado pela Fundação Nacional do Coração, da Austrália, em colaboração com o Conselho do Câncer de New South Wales.
O presidente do conselho, Kerry Doyle, afirmou que o governo australiano está no caminho certo para diminuir ainda mais as taxas de tabagismo, por meio de iniciativas como o aumento de impostos e a embalagem genérica.
"Os preços mais altos do cigarro têm se mostrado a intervenção mais eficaz disponível para todos os governos que queiram reduzir a demanda de tabaco. Como o tabagismo é uma das principais causas de doenças cardiovasculares, incluindo enfarte, derrame e doença vascular periférica, quanto mais fatores de dissuasão as pessoas tiverem entre elas e o cigarro, melhor", disse Doyle.
Fonte: Estadao Conteudo

segunda-feira, fevereiro 23, 2015

Protesto de caminhoneiros bloqueia estradas pelo país

Do G1, em São Paulo
Protesto de caminhoneiros fecha parte da rodovia Fernão Dias (Foto: Moisés Silva/O Tempo/Estadão Conteúdo)Protesto de caminhoneiros fecha parte da rodovia Fernão Dias (Foto: Moisés Silva/O Tempo/Estadão Conteúdo)
Um protesto de caminhoneiros bloqueia nesta segunda-feira (23) rodovias de ao menos sete estados em todo o país: GO, MG, MS, MT, PR, RS e SC. Entre as principais reclamações dos profissionais, estão o alto preço do combustível e os baixos valores dos fretes.
MG
A Fernão Dias, principal ligação entre os estados de Minas Gerais e São Paulo, tinha 17 km de lentidão na região da Grande Belo Horizonte no início da tarde, no sentido São Paulo. Já quem trafegava em direção à capital mineira enfrentava 8 km de congestionamento.

"Nós não temos condições de pagar o óleo (diesel) a R$ 2,75. Nesses últimos três meses, o petróleo subindo, subindo e o frete lá embaixo", disse o caminhoneiro Juarez Ananias, que participa do protesto.
Também havia pontos de interdição perto de Oliveira, na Região Centro-Oeste, e em Perdões e Santo Antônio do Amparo, ambas no Sul do estado. Nestas cidades, os bloqueios ocorrem desde a noite de domingo.
PR
No Paraná, 20 rodovias permaneciam fechadas por volta das 13h em trechos entre as cidades de Cascavel, Curitiba e Guarapuava. Em alguns pontos de rodovias federais, a fila de veículos já passava de 5 km, segundo a Polícia Rodoviária Federal. Os manifestantes estavam impedindo os caminhões de passarem, mas liberavam os demais veículos, como carros de passeio e de emergência.

Por causa dos bloqueios, alguns postos de combustíveis do sudoeste e do oeste do Paraná já enfrentam desabastecimento. Os protestos ocorrem desde o dia 13 no estado.
Além de criticar os preços dos combustíveis, a categoria no Paraná pede a fixação do frete por quilômetro rodado e a carência de seis meses a um ano para os financiamento de veículos de carga, entre outras reivindicações.
SC
Em Santa Catarina, os protestos ocorrem desde quarta-feira (18). Nesta segunda, oscaminhoneiros continuavam bloqueando 10 pontos em cinco rodovias. A Polícia Rodoviária Federal informou que vai enviar reforços para os locais, a fim de evitar abusos. "A nossa preocupação é porque ontem [domingo] houve alguns abusos. Houve bloqueios, ataques a caminhoneiros, acidentes, pessoas que ficaram presas", explicou o chefe da Comunicação da PRF, Luiz Graziano.

Os manifestantes pedem a queda no preço do diesel e melhores condições nas rodovias da região.
RS
No Rio Grande do Sul, seis pontos de rodovias federais e outros sete pontos de rodovias estaduais foram bloqueados. Alguns caminhoneiros colocaram fogo em pneus no acostamento da estrada. Eles criticam os valores dos combustíveis e dos pedágios e a tributação no transporte de cargas.

MT
Os caminhoneiros de Mato Grosso bloqueavam trechos das duas principais rodovias do estado, as BRs 163 e 364, por volta das 10h. Eles tentam impedir, há quase uma semana, que os veículos de cargas façam o escoamento da produção agrícola. Na manhã desta segunda, havia cinco trechos de interdição, e o terminal ferroviário de Rondonópolis já registrava queda no número de descarregamentos, segundo a empresa que administra o local.

O sindicalista Wilson Júnior Samoro disse houve queda de mais de 20% no valor do frete e, com o custo alto, os motoristas só estão trabalhando para cobrir as despesas.
MS
O trecho da BR-163, em Dourados, Mato Grosso do Sul, também estava bloqueado na manhã desta segunda. Ainda não há informações sobre congestionamento da rodovia. Caminhoneiros dizem que a manifestação pode durar até que as principais reivindicações da categoria sejam atendidas.

GO
Em Goiás, um protesto de caminhoneiros interditava parcialmente a BR-364, no perímetro urbano de Jataí, no sudoeste do estado. A rodovia é uma das principais rotas de escoamento de grãos e liga Goiás ao Mato Grosso.

Bloqueio parcial dos caminhoneiros causou lentidão no trânsito na BR-369, em Arapongas (Foto: Alberto D'Angele/RPC)Bloqueio parcial dos caminhoneiros causou lentidão no trânsito na BR-369, em Arapongas, no Paraná (Foto: Alberto D'Angele/RPC)

sábado, fevereiro 21, 2015

Para FHC, presidente foge da responsabilidade

São Paulo (AE) - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) rebateu as afirmações da presidente Dilma Rousseff de que se os escândalos de corrupção na Petrobras tivessem sido investigados durante a gestão de FHC alguns dos funcionários corruptos não estariam mais praticando atos ilícitos. “A Excelentíssima Presidente da República deveria ter mais cuidado. Em vez de tentar encobrir suas responsabilidades, jogando-as sobre mim, que nada tenho a ver com o caso, ela deveria fazer um exame de consciência. Poderia começar reconhecendo que foi no mínimo descuidada ao aprovar a compra da refinaria de Pasadena e aguardar com maior serenidade que se apurem as acusações que pesam sobre o seu governo e de seu antecessor”, afirmou o tucano, em nota. 
FHC disse ainda que lamenta o caráter “de tsunami que a corrupção tomou no caso do “Petrolão” e que espera o pronunciamento da Justiça e o resultado das investigações para dar opiniões sobre possíveis culpados. O tucano disse, no entanto, que se sente “forçado” a reagir uma vez que “a própria Presidente entrou na campanha de propaganda defensiva, aceitando a tática infamante da velha anedota do punguista que mete a mão no bolso da vitima, rouba e sai gritando “pega ladrão”!”, escreveu.

O tucano lembra ainda as declarações do ex-gerente de Serviços da Petrobras Pedro Barusco que admitiu, em delação premiada, que desde o governo FHC há corrupção na estatal e ainda revelou que houve uma transferência de US$ 200 milhões de recursos desviados da Petrobras para o Partido dos Trabalhadores. O PT nega. Para FHC, o delator foi explícito em suas declarações à Justiça. “Disse que a propina recebida antes de 2004 foi obtida em acordo direto entre ele e seu corruptor; somente a partir do governo Lula a corrupção, diz ele, se tornou sistemática”, afirma FHC.
 

quarta-feira, fevereiro 18, 2015

Joaquim Barbosa pede a demissão do Ministro da Justiça em seu Twitter


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O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa pediu no último sábado, em seu perfil no Twitter, a demissão do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo.
Barbosa mostrou insatisfação com a revelação de que José Eduardo Cardozo tranquilizou advogados de executivos presos na Operação Lava Jato da Polícia Federal sobre os rumos do caso depois do feriado de carnaval.
Barbosa escreveu: “Nós, brasileiros honestos, temos o direito e o dever de exigir que a presidente Dilma demita imediatamente o ministro da Justiça”, escreveu em sua conta oficial no Twitter.
De acordo com informações do jornal O Globo, o ministro Cardozo recebeu três advogados representantes da Odebrecht, construtora envolvida na operação Lava-Jato.
Segundo a publicação, eles esperavam receber ajuda do governo para soltar os 11 executivos que estão presos.
Cardozo também teria encontrado outros advogados de construtoras como a UTC e a Camargo Corrêa, segundo a Folha de S. Paulo.

sábado, fevereiro 14, 2015

Costa diz que era preciso dar algo a partidos para ser diretor da Petrobras

Nathalia PassarinhoDo G1, em Brasília
Lava Jato Paulo Roberto Costa depõe à Justiça 02 (Foto: Vagner Rosario/Futura Press)Paulo Roberto Costa chega à Justiça Federal do Paraná para depor no processo da Lava Jato (Foto: Vagner Rosario/Futura Press)
O ex-diretor de Refino e Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou nesta sexta-feira (13), em depoimento à Justiça Federal do Paraná, que, durante o período em que ele atuou no alto escalão da estatal, nenhum executivo alcançava um cargo na diretoria sem “dar algo em troca” a partidos políticos. Investigado pela Polícia Federal (PF) na Operação Lava Jato, Costa fez acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal e tem colaborado com informações sobre o esquema de corrupção na petroleira.
 
OPERAÇÃO LAVA JATO
PF investiga lavagem de dinheiro.
A declaração foi dada quando o juiz perguntou se o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró também recebia propina para viabilizar contratos entre a estatal e empresas estrangeiras. Ao responder, Costa ponderou que, dentro da companhia, comentava-se que Cerveró também recebia suborno para facilitar as contratações de seu setor.
“O que se comentava é que na diretoria internacional, que tinha apoio do PMDB e do PT, esses partidos teriam alguns benefícios. Pelos comentários internamente [o diretor Cerveró] também recebia [pagamentos]”, observou Paulo Roberto Costa.
Ao juiz federal, o ex-diretor voltou a dizer que recebeu US$ 1,5 milhão em propina para não criar entraves à compra da refinaria de Pasadena, no Texas, negócio sob suspeita de superfaturamento. Sem citar nomes, ele afirmou acreditar que outros diretores também receberam dinheiro. “Se eu recebi, possivelmente outros diretores receberam. Porque que somente eu receberia?”, questionou.
Em 2006, a Petrobras pagou US$ 360 milhões por 50% da refinaria (US$ 190 milhões pelos papéis e US$ 170 milhões pelo petróleo que estava em Pasadena). O valor é muito superior ao que foi pago um ano antes pela belga Astra Oil pela refinaria inteira: US$ 42,5 milhões.
Em 2008, a Petrobras e a Astra Oil se desentenderam, e uma decisão judicial obrigou a estatal brasileira a comprar a parte que pertencia à empresa belga. Assim, a aquisição da refinaria de Pasadena acabou custando US$ 1,18 bilhão à petroleira nacional, mais de 27 vezes o que a Astra teve de desembolsar.
Preso em Curitiba, Baiano é apontado pelo próprio Paulo Roberto Costa como operador do PMDB no esquema de corrupção que atuava na Petrobras. O PMDB nega a acusação.'Fernando Baiano'
No depoimento desta sexta à Justiça Federal, Paulo Roberto Costa também contou que se encontrava com o lobista Fernando Soares, conhecido como "Fernando Baiano", somente para discutir pagamentos de propina.
G1 procurou o advogado de Fernando Baiano, mas até a última atualização desta reportagem não obteve retorno.
Questionado pelo juiz federal Sérgio Moro sobre se os encontros com Baiano haviam ocorrido somente para tratar de "pagamentos de vantagem indevida" e "propina", Costa foi taxativo, dizendo que sim.
Logo em seguida, o magistrado questionou se em algum encontro houve discussão técnica sobre contratos da Petrobras. Costa, então, disse que não.
"Sempre propina, então?", questionou Moro. "É, e visão de futuro, de projetos que poderiam ser feitos. Algumas vezes ele [Baiano] mencionou a empresa que ele representava, se tinha alguma atividade que a Petrobras podia utilizar a empresa espanhola", respondeu o ex-dirigente da petroleira.
VALE ESTE - Arte Lava Jato 7ª fase (Foto: Infográfico elaborado em 15 de novembro de 2014)

quinta-feira, fevereiro 12, 2015

Youssef diz que Dirceu e Palocci eram 'ligações' de delator no PT


Youssef diz que Dirceu e Vaccari receberam propina pelo PT (Dida Sampaio e  Sérgio Castro/Estadão Conteúdo)
Em acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF), o doleiro Alberto Youssef afirmou ter intermediado pagamento de propina das empresas Camargo Corrêa e Mitsui Toyo ao Partido dos Trabalhadores (PT) por meio do ex-ministro José Dirceu e do tesoureiro petista João Vaccari Neto. Em outro depoimento concedido no mesmo mês à Polícia Federal (PF), Youssef disse que Dirceu e o ex-chefe da Casa Civil Antônio Palocci eram "ligações" do executivo da Toyo Setal Júlio Camargo com o Partido dos Trabalhadores (PT).
Apontado como um dos intermediários das propinas pagas no esquema de corrupção que atuava na Petrobras, Júlio Camargo é um dos delatores da Operação Lava Jato. As declarações de Youssef foram dadas em uma série de depoimentos prestados à Polícia Federal (PF) em outubro do ano passado e anexados nesta quinta-feira (12) no processo da Lava Jato.
"Que o dinheiro entregue pelo declarante [Youssef] em São Paulo servia para pagamentos da Camargo Corrêa e da Mitsui Toyo ao Partido dos Trabalhadores, sendo que as pessoas indicadas para efetivar os recebimentos à época eram João Vaccari e José Dirceu"registrou a PF no depoimento prestado pelo doleiro em 10 de outubro de 2014.
A Camargo Corrêa é uma das 16 empreiteiras suspeitas de terem formado um cartel para executar obras da Petrobras, o chamado "clube" das empreiteiras. Já a empresa Mitsui Toyo, representada por Júlio Camargo, fechou uma parceria com a Petrobras, em 2006, para a construção de navios-sonda e plataformas petrolíferas.
Preso desde março em Curitiba, o doleiro relatou aos policiais federais, em 13 de outubro, que o executivo da Toyo Setal tinha "ligações" com o PT, "notadamente" com Dirceu e Palocci. Segundo Youssef, Camargo é "amigo" de José Dirceu.
Em nota divulgada no site de Dirceu (veja a íntegra ao final desta reportagem), a assessoria do ex-ministro afirmou que ele “repudia com veemência” as declarações de Youssef de que teria recebido recursos ilícitos de Júlio Camargo ou de “qualquer outra empresa investigada” na operação.
O ex-chefe da Casa Civil declarou ainda no comunicado que nunca representou o PT em negociações com o empresário ou com outra construtora e que, depois que deixou o primeiro escalão do governo Luiz Inácio Lula da Silva, sempre viajou em aviões de carreira ou táxi aéreo.
“As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu”, afirma a nota divulgada pela assessoria de Dirceu.
A Secretaria de Finanças do PT publicou nota na página do partido no Facebook (veja a íntegra no final desta reportagem) na qual informa que João Vaccari nega “veementemente” ter recebido qualquer quantia em dinheiro por parte de Alberto Youssef. No comunicado, a legenda ressalta que são “absolutamente mentirosas” as acusações feitas pelo doleiro.
“A afirmação de Youssef causa profunda estranheza, pois sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras, no último dia 8 de outubro, que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto”, diz a nota do PT.
Na última quinta-feira (5), o presidente nacional do PT, Rui Falcão, disse que todas as doações feitas ao seu partido são legais. O dirigente petista também garantiu que todas as contas da legenda foram aprovadas pela Justiça Eleitoral.
A construtora Camargo Corrêa declarou por meio de nota oficial que "repudia as acusações sem comprovação" e reitera que segue à disposição das autoridades. O comunicado destaca que a empresa tem prestado as informações solicitadas pelas autoridades para esclarecer os fatos e "demonstrar que estas acusações são improcedentes”.
G1 procurou o advogado de Palocci, mas até a última atualização desta reportagem não havia obtido retorno. A direção da Mitsui Toyo não foi encontrada.
Uso de avião
No depoimento à PF, Youssef disse ainda que Dirceu usou “diversas vezes” um avião de Júlio Camargo. O doleiro, no entanto, não soube informar o motivo de o ex-ministro ter viajado na aeronave. Ele relatou aos policiais que a utilização da aeronave ocorreu após Dirceu ter deixado o comando da Casa Civil, em 2005.

“[Alberto Youssef disse] que acredita que José Dirceu tenha uma relação ‘muito boa’ com Júlio Camargo, pois aquele [Dirceu] utilizava a aeronave Citation Excel de propriedade deste [Camargo]. Que, conforme já dito em termo anterior, [Youssef] destaca ainda que Júlio Camargo possuía ligações com o Partido dos Trabalhadores – PT, notadamente com José Dirceu e Antônio Palocci”, informou a Polícia Federal em documento.
'Bob'
Alberto Youssef também contou à Polícia Federal que teve acesso a um arquivo com senha mantido em um pen drive por Franco Clemente Pinto, responsável, segundo ele, pela contabilidade dos supostos pagamentos de propina e caixa dois do executivo da Toyo Setal. De acordo com o doleiro, neste pen drive eram armazenadas todas as movimentações financeiras de Júlio Camargo.

Youssef disse que eram utilizadas siglas na "contabilidade ilícita" de Franco para se referir aos destinatários de pagamentos irregulares. O doleiro destacou que ele próprio era tratado como "Primo" na planilha. Já Dirceu, observou Youssef, era chamado de “Bob”.
"Que afirma que Franco utilizava um pen drive para armazenar todas as movimentações financeiras de Júlio Camargo; que eram utilizadas siglas em tal contabilidade ilícita, sendo que a do declarante era "Primo" e a de José Dirceu era "Bob"; que o declarante viu várias vezes o arquivo do pen drive, que era acessado por senha", relata outro trecho do depoimento de Alberto Youssef.
Propina para partidos
Em depoimento à Justiça Federal do Paraná, em outubro do ano passado, o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa afirmou que parte da propina cobrada de fornecedores da estatalera direcionada para atender a PT, PMDB e PP e foi usada na campanha eleitoral de 2010.

Na ocasião, o ex-dirigente da petroleira relatou ao juiz federal Sérgio Moro, responsável pelo processo da Lava Jato na primeira instância, que as diretorias comandadas pelos três partidos recolhiam propinas de 3% de todos os contratos. Costae explicou como funcionava a divisão da propina entre as legendas partidárias.
Segundo o ex-diretor, o PT recolhia para o seu caixa 100% da propina obtida em contratos das diretorias que a sigla administrava, como, por exemplo, as de Serviços, Gás e Energia e Exploração e Produção.
Preso em regime domiciliar no Rio de Janeiro, Paulo Roberto Costa disse ainda que, se o contrato era de uma diretoria que pertencia ao PP, o PT ficava com dois terços do valor e o restante era repassado para a legenda aliada.
"Olha, em relação à Diretoria de Serviços [comandada por Renato Duque], todos sabiam que 2%, dos 3% [cobrados de propina], eram para atender ao PT, através da Diretoria de Serviços. Outras diretorias, como Gás e Energia e Exploração e Produção, também eram PT. [...] O comentário é que, neste caso, os 3% ficavam diretamente para o PT porque eram diretorias indicadas PT com PT", declarou Costa à Justiça Federal.
Costa também afirmou ao juiz federal que o PMDB, que costumava indicar o diretor da área internacional da Petrobras, também obtinha uma parte do rateio da propina. Ele, no entanto, não detalhou qual o percentual que ficava com os peemedebistas.
"A diretoria internacional tinha indicação do PMDB. Então, tinha recursos que eram repassados para o PMDB, na Diretoria Internacional", afirmou.
Leia a íntegra da nota divulgada pela assessoria de José Dirceu:
NOTA À IMPRENSA
O ex-ministro José Dirceu repudia, com veemência, as declarações do doleiro Alberto Youssef de que teria recebido recursos ilícitos do empresário Júlio Camargo, da Toyo Setal, ou de qualquer outra empresa investigada pela Operação Lava Jato.

O ex-ministro também afirma que nunca representou o PT em negociações com Júlio Camargo ou com qualquer outra construtora. As declarações são mentirosas. O próprio conteúdo da delação premiada confirma que Youssef não apresenta qualquer prova nem sabe explicar qual seria a suposta participação de Dirceu. O ex-ministro também esclarece que, depois que deixou a chefia da Casa Civil, em 2005, sempre viajou em aviões de carreira ou por empresas de táxi aéreo.
NOTA OFICIAL
O secretário Nacional de Finanças do PT, João Vaccari Neto, nega veementemente que tenha recebido qualquer quantia em dinheiro por parte do senhor Alberto Youssef. Dessa forma, são absolutamente mentirosas as afirmações feitas por esse senhor, em processo de delação premiada, tanto no que concerne a uma suposta entrega de dinheiro para sua cunhada quanto em um suposto encontro em um restaurante.

A afirmação de Youssef causa profunda estranheza, pois sua contadora, Meire Bonfim Poza, declarou à CPI Mista da Petrobras, no último dia 8 de outubro, que não conhece e que nunca fez transações financeiras com Vaccari Neto.
Essa secretaria reitera que todas as doações que o Partido dos Trabalhadores recebe são feitas na forma da lei e declaradas à Justiça.
Secretaria de Finanças do PT

Página de depoimento de Youssef à Polícia Federal (parte 1) (Foto: reprodução)Página de depoimento de Youssef à Polícia Federal (parte 1) (Foto: reprodução)

Página de depoimento de Youssef à Polícia Federal (parte 2) (Foto: Reprodução)Página de depoimento de Youssef à Polícia Federal (parte 2) (Foto: Reprodução)

Página de depoimento de Youssef à Polícia Federal (parte 3) (Foto: reprodução)

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