sexta-feira, setembro 21, 2012

'Este é um momento de recuperação moral', diz Fernando Henrique





O candidato pelo PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, participou ao lado do ex-presidente Fernando Henrique, de encontro com artistas e intelectuais, no Cinema reserva Cultura, na TV Gazeta
Foto: Michel Filho / O Globo
O candidato pelo PSDB à prefeitura de São Paulo, José Serra, participou ao lado do ex-presidente Fernando Henrique, de encontro com artistas e intelectuais, no Cinema reserva Cultura, na TV GazetaMICHEL FILHO / O GLOBO
SÃO PAULO - No momento em que o Supremo Tribunal Federal (STF) julga o núcleo político do processo do mensalão, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso avaliou nesta terça-feira que esta é a ocasião para uma “recuperação moral” da política brasileira e considerou que há um sentimento de decepção no país em virtude dos escândalos de corrupção. Em encontro com intelectuais e artistas, que declararam apoio à candidatura de José Serra à prefeitura de São Paulo, o ex-presidente tucano afirmou que a população brasileira sente que este é um momento de questionamento, que pode levar a uma recuperação das práticas políticas no país. A Suprema Corte analisa neste momento as supostas irregularidades cometidas pelo ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, pelo ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares e pelo ex-presidente do PT José Genoino.

- Após vários anos de conquista, a democracia começa a ser minada por dentro pela falta de crença. E essa falta de crença vem da decepção que existe no país com práticas correntes e recorrentes. Eu não preciso dizer quais são, mas todas as pessoas sentem que o momento é de questionamentos que vão além do banal e do usual. Porque, ao mesmo tempo, há uma possibilidade de recuperação. Ainda que digam que é melhor não entrar em certos tipos de questão, porque não interessam ao eleitorado, é também um momento de recuperação moral - afirmou o ex-presidente tucano.
O processo do mensalão, que tem sido explorado no horário eleitoral gratuito, também voltou a ser citado pelo candidato do PSDB. Em discurso, José Serra considerou que o julgamento do escândalo politico é um começo para o fim da impunidade no Brasil e avaliou que irá condicionar o sistema jurídico nacional. O ex-governador de São Paulo também fez críticas duras ao PT. Segundo ele, o partido “reviveu o que tinha de pior” no que chamou de “patrimonialismo” da máquina pública. Na avaliação dele, a nomeação da ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy para o Ministério da Cultura mostra que o patrimonialismo chegou a um “ponto máximo”.
- O PT reviveu o que tinha de pior nessa matéria. Falar de patrimonialismo bolchevique é até um elogio a essa altura - criticou.
O encontro, que teve Fernando Henrique Cardoso como anfitrião, reuniu intelectuais e artistas como os ex-ministros Celso Lafer e José Gregori, as atrizes Beatriz Segall e Bruna Lombardi, o maestro Júlio Medaglia, o cineasta Héctor Babenco, o sociólogo José de Souza Martins, entre outros. No evento, foi foi divulgado ainda um manifesto público de apoio a José Serra, o qual faz críticas ao PT e ao PRB. O documento ataca o “populismo”, o “autoritarismo” e o “velho obscurantismo”.
ENTREVISTA
Em entrevista ao SPTV, também nesta terça, Serra disse que o programa “Minha Casa Minha Vida” não se aplica à cidade de São Paulo.
- Todo mundo sabe que o valor do programa não se aplica para São Paulo. Na capital o terreno é mais caro. Todo mundo sabe isso – disse Serra.
O tucano disse que pretende construir 24 mil casas populares em São Paulo, além de promover a urbanização de mais 200 favelas.
- Já fiz isso na minha gestão . Urbanizamos 60 mil moradias e urbanizar não é arrumar a casa é trazer serviços de saneamento, esgoto, calçadas. A favela de Heliópolis tinha 5% de esgoto e hoje tem mais de 90%. Vamos fazer mais - disse Serra, para quem é o governo estadual e municipal que 'vão atrás' do problema de habitação em São Paulo. O candidato disse que poderia atuar em conjunto com o governo federal.
Serra também negou que o projeto de Nova Luz, iniciado na sua gestão, e travado por questões judiciais seja um fracasso.
- Vou entregar em dois anos mais ou menos. Se revelou difícil [o projeto] porque tem problemas legais. É algo muito radical.
Na entrevista de oito minutos, Serra também fez uma defesa do atual prefeito Gilberto Kassab (PDS).
- A rejeição se deve ao fato de que ele se preocupou com o partido e deixou a prefeitura de lado. Não é verdade. Mas passou essa imagem.

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