Na quarta-feira passada, o ex-jogador de futebol e deputado federal fluminense Romário (PSB) esteve em Mossoró para participar da campanha da deputada estadual Larissa Rosado (PSB) para prefeito de Mossoró. Após participar de uma gravação para o horário eleitoral, o parlamentar concedeu entrevista exclusiva ao jornal O Mossoronse. Ele falou sobre a vida como político e, claro, sobre futebol. Confira abaixo:
O Mossoroense: Temos uma questão cultural no Brasil que é o fato de as pessoas cobrarem mais dos jogadores de futebol do que dos políticos. Qual a sua opinião sobre isso, tendo em vista que conhece os dois lados dessa cobrança?
ROMÁRIO: Eu vejo um pouco diferente de você. A cobrança em relação ao jogador de futebol é muito grande, até porque o futebol é o esporte mais querido, mais amado, não só no Brasil como em todo o mundo. Os últimos resultados da nossa seleção infelizmente não têm sido muito positivos. O brasileiro gosta de vitórias, de títulos, de medalhas, gosta como qualquer brasileiro que quer sempre ser o número um, principalmente quando se trata de futebol. Em relação ao político, a cobrança é muito grande e com muita razão porque o político vive do dinheiro do povo, dos impostos que todos nós pagamos. Infelizmente muitos deles não cumprem com as suas obrigações. Por isso a cobrança é bastante pertinente e verdadeira.
O Mossoroense: Que diferenças o senhor vê do ambiente do futebol para o da política?
ROMÁRIO: Olha... Eu estou há pouco tempo na política, há apenas um ano e seis meses. No futebol eu vivi praticamente 30 anos e não tenho uma experiência muito ampla em política para te dar um exemplo do que é diferente ou não, mas o que eu posso te dizer é que com relação a mim como sempre fui cobrado na época em que joguei também sou cobrado na política. Sou uma pessoa bastante presente, um político bastante participativo, principalmente com as bandeiras que são minhas, como as pessoas com deficiência, doenças raras, drogas, e hoje estamos vivendo um momento de esporte no país com a próxima Copa do Mundo e Olimpíadas. Por isso tenho me dedicado muito a essas bandeiras e tenho sido bastante cobrado pelo povo, principalmente por aqueles quase 150 mil eleitores lá do Rio de Janeiro que me colocaram em Brasília. Eu estou, particularmente, bastante feliz com a minha atuação. Tenho feito dentro daquilo que eu posso e tenho aprendido o máximo e acredito é que a tendência é de daqui para a frente a gente pegar um pouco mais de experiência e as coisas melhorarem.
O Mossoroense: O senhor acredita que o novo presidente da CBF, José Maria Marin, mudará alguma coisa no futebol brasileiro?
ROMÁRIO: Eu, particularmente, no começo não acreditava muito, não, mas passei a acreditar porque ele fez algumas coisas que me agradaram. Mas, por exemplo, ele (Marin) sabe que há uma máfia, um cartel na seleção de convocação de jogadores em que muitos jogam dinheiro; e já saiu depois da minha denúncia em jornais exemplos disso, e o treinador continua no cargo. Se ele não tomar uma decisão, infelizmente a artilharia vai passar para ele, porque como presidente ele tem que moralizar o futebol, que já não era moralizado e quando ele entrou, deu uma melhorada, e agora todos nós sabemos o que vem acontecendo, e, se ele não tomar uma atitude, com certeza será o responsável.
O Mossoroense: Como o senhor tem analisado o papel da presidenta Dilma Rousseff nos preparativos para a Copa e Olimpíadas?
ROMÁRIO: A Dilma, dentro do que ela tem feito, tem tido até um papel positivo, mas poderia ser bem maior no que se trata das instituições como CBF e COB. São, a princípio, duas entidades privadas, e teoricamente os governos não teriam que se meter, mas não é bem assim: o COB recebe dinheiro público do Ministério do Esporte e da Loteria Federal. Por conta disso tem que, no mínimo, dar satisfação ao Governo Federal. A CBF não recebe nenhuma verba federal, mas é isenta de impostos, que são absurdamente elevados. A Dilma, como presidenta, poderia e deveria, sim, intervir de uma forma tranquila, legal e colocar algumas pessoas da sua confiança dentro dessas entidades, porque o que a gente tem visto são pessoas se beneficiando dessas verbas e nada tem acontecido de positivo. Você viu a última Olímpiada em que o COB nos últimos quatro anos recebeu quase R$ 1 bilhão e teve um resultado que não foi ruim, até melhor que o anterior, mas em relação à qualidade que têm os nossos atletas, poderia ter sido bem melhor, se a verba fosse melhor investida, e ficamos em 23° ou 24º, muito longe da nossa realidade. Em contrapartida, os paraolímpicos, que não têm nem 10% dessas verbas, vão lá e conseguem a melhor marca da história, ficando em sétimo lugar. Os paraolímpicos usam as verbas que vão para lá no lugar devido. Infelizmente, a CBF e o COB não fazem assim.
O Mossoroense: Como o senhor analisa o trabalho da CBF em relação ao futebol feminino e para as divisões inferiores como as séries C e D?
ROMÁRIO: Na verdade, a CBF não tem nenhum tipo de trabalho para o futebol feminino. O futebol feminino praticamente não existe no Brasil e teria que ser uma obrigação da CBF e infelizmente não acordaram para isso. Em relação ao futebol das séries C e D, a CBF já entendeu que existem grandes clubes que disputam essas competições e passou a dar um valor diferenciado a essas competições, ao contrário de anos anteriores.
O Mossoroense: E as divisões de base?
ROMÁRIO: Com relação às divisões de base, vemos que a exemplo da seleção principal é uma máfia que existe, um cartel em que se convocam jogadores para ganhar dinheiro.
O Mossoroense: Voltando à sua atuação parlamentar. Uma de suas bandeiras de luta como deputado é a questão dos deficientes físicos. Como o senhor vê a questão da acessibilidade nas cidades brasileiras?
ROMÁRIO: Nós vimos no ano passado que a nossa presidenta saltou um pacote em relação a esse segmento da sociedade. Algumas coisas têm acontecido lentamente e outras não começaram ainda porque a nossa política pública em relação às pessoas com deficiência praticamente não existe, mas por outro lado existem grupos de deputados e senadores dentro do Congresso que entendem que essas pessoas têm que ter uma melhor qualidade de vida, e nós estamos buscado alguns projetos que existem na Casa, algumas ideias que já são antigas e vamos juntar tudo isso e fazer um projeto novo, para que essas pessoas possam ser mais respeitadas, sofrer menos preconceitos e ter mais acesso aos lugares que eles merecem, como nós vamos a cinemas, hotel, enfim... Em Mossoró, eu sei que a Larissa também entende essas pessoas e daqui para frente teremos mais respeito, porque as pessoas precisam de uma acessibilidade melhor nas cidades e acredito que esse será um dos compromissos da Larissa em sua administração em Mossoró. Com certeza, não só as pessoas com deficiência, mas o povo de Mossoró vai ter uma prefeita correta, trabalhadora e muito séria.
O Mossoroense: Outra bandeira do seu mandato é o combate às drogas. Como é seu trabalho nesse sentido?
ROMÁRIO: O combate às drogas é uma outra política pública que o Brasil espera. Tenho ido muito a grandes cidades, pequenas cidades, periferia e comunidades para dar depoimentos e mostrar que eu fui um cara que saiu de uma comunidade e através do esporte pude ter o que eu tenho e espero que esses jovens possam conseguir o mesmo. As drogas invadiram o nosso país, principalmente o crack. Em Mossoró, há esse grande problema. Estou aqui com o deputado Gilvando Carimbão, que é um especialista desse assunto na Câmara Federal. Tenho certeza de que Larissa prefeita fará um grande trabalho em favor dos usuários e das famílias. A Larissa dará uma atenção diferenciada a todos eles, a partir do dia que ela assumir a Prefeitura, vai começar a mostrar esse olhar diferenciado.
Bruno Barreto
Editor de Política
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