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O filho do cineasta Eduardo Coutinho, morto a facadas aos 80 anos neste domingo (2), em sua casa, na Lagoa, Zona Sul do Rio, foi preso em flagrante, segundo a Polícia Civil. Daniel Coutinho, 42 anos, é o principal suspeito do crime e está internado no Hospital Miguel Couto, sob custódia. A mulher do cineasta, Maria das Dores Coutinho, 62 anos, também foi esfaqueada e está hospitalizada em estado grave e só sobreviveu porque se trancou no banheiro após ser golpeada, segundo a Divisão de Homicídios da Polícia Civil.
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O corpo de Eduardo Coutinho será velado a partir das 10h, na Capela 3 do Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul. O enterro está marcado para as 16h.
Segundo o delegado Rivaldo Barbosa, Daniel foi preso por homicídio doloso, quando há intenção de matar, e tentativa de homicídio, "Que o Daniel atingiu o pai e a mãe, isso é fato. Tanto é que está preso em flagrante pela morte do pai e tentativa de homicídio da mãe", explicou, em entrevista coletiva na sede da DH, na Barra. "O que aconteceu hoje, por volta das 11h, é a expressão genuína da palavra tragédia", acrescentou.
'Libertei meu pai', teria dito
Daniel, que supostamente sofre de problemas mentais e após o crime teria batido na porta de um vizinho dizendo com palavras desconexas."Libertei meu pai, tentei libertar minha mãe e a mim mesmo", teria dito, segundo Rivaldo.
Daniel passou por cirurgia e está internado na unidade intermediária do hospital, segundo a Secretaria Municipal de Saúde. Ele levou duas facadas no abdômen e tem quadro estável. De acordo com a policiais que foram ao apartamento do cineasta, na Rua Lineu de Paula Machado, moradores disseram que o filho surtou, esfaqueou os pais e depois tentou o suicídio. Vizinhos teriam confirmado a versão à Polícia Civil.
Mãe se trancou no banheiro
A mãe dele levou dois golpes de faca nos seios, três no abdômen e teve ainda uma lesão no fígado. Segundo o delegado, elá só sobreviveu porque se trancou no banheiro e ligou para outro filho. De lá, só saiu com a chegada dos bombeiros. Maria das Dores também já passou por cirurgia e seu estado de saúde é grave, segundo a Secretaria Municipal de Saúde.
O corpo do cineasta foi levado para o Instituto Médico Legal. O atestado de óbito indica "perfuração contundente" na altura do abdômem, segundo funcionário da Santa Casa da Misericórdia.
O Corpo de Bombeiros informou que a chamada para a ocorrência no apartamento de Coutinho foi feita às 11h48. Homens do quartel do Humaitá constataram que o cineasta já estava morto ao chegar no local, e levaram os outros dois feridos para o Miguel Couto.
Repercussão
Um dos primeiros a se manifestar sobre a morte do diretor foi o também cineasta Cacá Diegues. “Ele era muito respeitado, era um mestre, os jovens cineastas do Brasil respeitavam muito ele. Coutinho era uma pessoa acima do bem e do ma”, declarou.
O também diretor de cinema Jorge Furtado ficou chocado com a notícia. "A morte do Coutinho é uma tragédia do cinema brasileiro, ele é um dos maiores documentaristas do mundo, um grande pensador do cinema."
Carreira
Considerado um dos maiores documentaristas do Brasil, o paulistano Coutinho é ganhador do Kikito de Cristal, principal premiação do cinema nacional, pelo conjunto da obra. Entre seus principais filmes estão "Edifício Master", "Jogo de cena", "Babilônia 2000" e "Cabra Marcado para Morrer".
Em junho do ano passado, ele e o também cineasta José Padilha (autor dos filmes "Tropa de Elite 1 e 2") foram convidados a integrar a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, responsável pela premiação do Oscar.
Em toda a carreira, Coutinho dirigiu, entre longas e curtas, 20 filmes, segundo informações do site IMDB. São eles:
As Canções, de 2011
Um Dia na Vida, 2010
Moscou, 2009
Jogo de Cena, 2007
O Fim e o Princípio, 2006
Peões, 2004
Edifício Master, 2002
Porrada, 2000
Babilônia 2000, 1999
Santo Forte, 1999
Boca de Lixo, 1993
O Fio da Memória, 1991
Santa Marta, 1987
Cabra Marcado Para Morrer, 1985
Exu, Uma Tragédia Sertaneja 1979
Teodorico, o Imperador do Sertão, 1978
Seis Dias de Ouricuri, 1976
Faustão, 1971
O Homem Que Comprou o Mundo, 1968
O ABC do Amor, 1967
Entrevista exclusiva
Ao G1, em 2013, o cineasta disse que era fácil se apresentar para grandes plateias, como ocorreu no Festa Literária Internacional de Paraty de 2013. Ele também deu detalhes de seus filmes e de como conseguia tirar o máximo de cada entrevistado.
Coutinho explicou que seus temas principais sempre foram os mais simples do dia a dia. "O que é viver? Para quê estudar? Para quê dinheiro?", afirmou, dizendo que as perguntas mais básicas sempre são as mais interessantes.
Na entrevista, o diretor também deu uma sugestão do que poderia ser um bom documentário atual. Segundo Coutinho, as manifestações de rua vistas em junho de 2013 no país também valeriam um filme, desde que ele se propusesse a discutir o assunto. "Bom é o filme que faz perguntas, o que tem respostas, você joga no lixo", comentou.
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