Por Gibran Araújo
Não há dúvidas de que Joca Soares aliado aos Gomes da Silva foram os principais povoadores de Areia Branca. Assim, é atribuído a ele o título de
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Fundador de Areia Branca. No entanto, seria este homem visionário também um patriarca? Ou seja, este fundador também povoou
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Pesquisar a genealogia areia-branquense, isto é, estudar sobre a origem e os liames das famílias que povoaram
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Areia Branca, nos auxilia, sobretudo, conhecer e compreender melhor o passado de nossa terra.
Por vezes, os historiadores esquecem que os seus personagens foram humanos. Sendo assim, essas pessoas estiveram sujeitas aos sentimentos e às relações pessoais antes de qualquer atitude ou decisão histórica.
Para entendermos certos motivos do presente e algumas conseqüências do futuro, devemos fazer uma análise histórica do passado. E para certas análises, não se pode ignorar o fator humano.
Em 1870, o político e comerciante mossoroense João Francisco de
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Borja, conhecido como Joca Sores, se mudou com a esposa e os cinco* filhos para a casa que ele havia construído um ano antes, uma das primeiras construções edificadas no local que atualmente corresponde a Cidade de
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Areia Branca, onde estabeleceu uma casa de venda de gêneros alimentícios, fazendas, salinas, etc., sendo também o encarregado no recebimento de mercadorias de importação e exportação do comércio de Mossoró. Sua casa transformou-se em hospedaria de quantos desembarcavam ou vinham embarcar no Porto. Em 1872, quando foi criado o Distrito de
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Paz de Areia Branca, Joca Soares foi eleito seu 1º Juiz, tendo também ocupado outros lugares de eleição populares e de nomeação do governo. 1
Seu pai, o imigrante
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Reino de Portugal que veio para Mossoró ainda moço e aqui fixou residência, foi proprietário, agricultor e comerciante. Casou-se com
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Manoel Guilherme de Melo e de Geralda Joaquina Fraga. Desse matrimonio, nasceram 11 filhos, dos quais o quarto, João Francisco de
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Francisca Rosa e Josefa de
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Rio Grande do Norte, no meado do século XVIII, aproximadamente, fixou residência no Taboleiro Grande, à margem do
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Rego Barros, de Natal de quem era aparentado. Foi o patriarca da família Guilherme de Melo, que juntamente com os Cambôa, osAuzentes, os Freitas Costa, os Alves de Oliveira e os Souza Machado, foram as primeiras e as mais tradicionais famílias mossoroenses1.
De seu matrimônio com Felismina Cândida, Joca Soares criou cinco* filhos na Povoação de Areia Branca2: [ver imagem abaixo]
1) Coriolano Soares de Borja. Faleceu ainda solteiro, jovem e sem filhos.
2) Maria Cândida Soares. Casou-se com
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3) Maria Praxedes Soares. Casou-se com Manoel Lúcio de Góis, primo legítimo de
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4) *Maria Soares do Couto. Casou-se com
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Francisco Fausto de
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Souza, seu irmão Antonio Bento de Souza e seu primo legítimo Manoel Lúcio de Góis eram trinetos, ou terceiros netos, do alferes
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Aracati, onde se tornou proprietário de terras e gado e ocupou a função de Juiz Ordinário, fixou residência em Mossoró. Foi o patriarca da família Cambôa, como são conhecidos os Nogueira de Lucena e os Souza Rocha em Mossoró1. [ver imagem abaixo]
5) *Ana Soares do Couto. Casou-se com André Corsino de
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Medeiros, natural de Macau/RN, filho de holandesa e neto de açoriano. 3
Os três últimos casais são os patriarcas de umas das mais tradicionais famílias areia-branquenses: Bento de Souza, Lúcio de Góis e Soares de Medeiros.
Logo estes três grupos familiares se entrelaçaram entre si e com outras pessoas importantes da época, pertencentes a algumas das primeiras famílias areia-branquenses: Brasil, Moura, Nepomuceno, Paula, Costa, Monte, Rebouças, Félix, Leite, Rodrigues, Santos, Vale, Amaral, Cirilo, Rolim, Souto.
José de Menezes Brasil, mais conhecido como Sinhô Brasil, foi o patriarca da família Menezes Brasil em Areia Branca. Nascido a 1869 em Icapuí/CE, era comerciante do ramo de padaria e mercearia, além de industrial salineiro em Aracati, Macau e Areia Branca, onde se tornou Juiz Distrital e passou a residir com a primeira esposa Francisca Martins Senda e os filhos. Desse primeiro matrimônio, nasceram 9 filhos, dos quais a primogênita, Maria Brasil Bento,Lilia, e a segunda, Francisca Brasil de Góis, Francisquinha, se casaram respectivamente com os areia-branquenses Manoel Bento de Souza e Antonio Lúcio de Góis, netos* de Joca Soares. Sinhô Brasil se casou novamente com Evangelina Emerenciano Brasil. Desse matrimônio, nasceram mais 4 filhos. Faleceu aos 68 anos de idade2. [ver imagem abaixo]
Conhecendo a genealogia, se torna mais compreensível saber como esses familiares dominaram o poder público de Areia Branca por praticamente toda a primeira metade do século XX. Chegando ao ponto de um certo Presidente da Intendência ter tanto um filho quanto um neto eleitos Prefeitos Municipais.
Também, nos facilita entender porque tanto prédios, escolas, ruas e outros logradouros públicos de Areia Branca receberam tais nomes.
Assim é o nosso município fundado por Joca Soares e construído pelos seus genros, netos, bisnetos…
*As irmãs Maria e Ana Soares do Couto eram filhas de Manoel Soares do Couto e de Maria Gamelo de Oliveira. Portanto eram sobrinhas tanto de Joca Soares quanto de sua esposa Felismina1. Foram criadas pelo casal de tios como se fossem filhas legítimas2.
1SOUZA, Francisco Fausto de. História de Mossoró. Editora Universitária/UFPb, João Pessoa/PB, 1979. 276 p. (Coleção Mossoroense). 1ª Edição.
2GURGEL, Deífilo. Areia Branca: a terra e a gente. Deífilo Gurgel, Natal/RN, 2002. 410 p. (Fundação José Augusto). 1ª Edição.
3MEDEIROS, Francisco Fausto Paula de. Viva Getúlio : as areias brancas da memória : elegia do cotidiano. Editora Lidador, Rio de Janeiro/RJ, 2004. 552 p. 1ª Edição.
4SIQUEIRA Neto, Aristides. Areia Branca – Minha Terra 1604 a 1999. Aristides Siqueira Neto, Natal/RN, 1999. 170 p. 1ª Edição.
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