São Paulo (AE) - A Polícia Federal citou o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nos autos da Operação Lava Jato sobre a empreiteira Odebrecht. Em relatório sobre interceptação telefônica da Operação Erga Omnes, 14.ª fase da Lava Jato, a PF informa ao juiz federal Sérgio Moro que o ex-presidente conversou com o executivo Alexandrino de Salles Ramos Alencar, da Odebrecht, no dia 15 de junho deste ano.
Heinrich Aikawa/Instituto LulaLuiz Inácio Lula da Silva aparece nos autos da Operação Lava Jato
Quatro dias depois do telefonema, Alexandrino Alencar foi preso com o presidente da maior empreiteira do País, Marcelo Bahia Odebrecht. Segundo o relatório, datado de 30 de julho, Lula estaria preocupado com “assuntos do BNDES”. A PF não grampeou o ex-presidente. Os investigadores monitoravam os contatos do executivo, por isso a conversa foi gravada.
“Outro contato considerado relevante ocorreu em 15 de junho de 2015 às 20:06, entre Alexandrino Alencar e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Nele ambos demonstram preocupação em relação aos assuntos do BNDES referindo-se também a um artigo assinado por Delfim Netto que seria publicado no dia seguinte sobre o tema. Alexandrino disse também que Emilio (Emílio Odebrecht, pai de Marcelo) teria gostado da nota que o Instituto Lula (...) teria lançado depois da divulgação do laudo pericial acerca da contabilidade da empresa Camargo Corrêa, que teria doado três milhões de reais ao Instituto entre 2011 e 2013 e efetuado pagamentos a Lils Palestras Eventos e Publicidade LTDA na ordem de R$ 1,5 milhão no mesmo período”, escreveu o delegado federal Eduardo Mauat da Silva, que integra a força-tarefa da Lava Jato.
Na conversa, conforme a PF, eles fazem referência a um evento do qual havia participado no mesmo dia Marcelo Odebrecht e no qual ele defendeu os empréstimos obtidos pela empreiteira no BNDES. O ex-presidente não é investigado no âmbito da Lava Jato, mas é alvo de uma apuração criminal conduzida pela Procuradoria da República no Distrito Federal por suspeita de tráfico internacional de influência em favor da Odebrecht.
Em nota, a Odebrecht afirmou que "lamenta que as informações sejam colocadas fora de contexto, traçando conclusões equivocadas". O BNDES também disse que "lamenta tentativas, na imprensa e em redes sociais, de manipular e distorcer informações”.
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