Brasília (AE) - A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) propôs ontem uma redução de 18% no valor da chamada bandeira vermelha – que é uma cobrança extra que os consumidores vêm recebendo na conta de luz porque a geração de energia está custando mais. Caso essa redução seja aprovada, o valor cobrado para cada 100 kilowatt-hora (kWh) consumidos durante a vigência dessa bandeira cairia de R$ 5,50 para R$ 4,50, a partir de setembro. Considerando o consumo médio residencial brasileiro, a redução média nas contas de luz das famílias seria de 2%. Isso equivale a uma redução de R$ 1,7 bilhão na arrecadação das empresas de distribuição até o fim do ano. A decisão final sobre isso, porém, só deverá sair em uma audiência no dia 28.
Ana Silva
Segundo o relator, a expectativa é de que o novo valor possa ser aprovado no dia 28 de agosto
Segundo o relator, a expectativa é de que o novo valor possa ser aprovado no dia 28 de agostoA proposta de alteração foi motivada pelo desligamento de 21 térmicas na semana passada, responsáveis pela geração de 2.000 megawatts (MW). Por se tratarem das térmicas mais caras em operação, a economia de custos estimada até o fim do ano é de R$ 5,5 bilhões. "As bandeiras tarifárias sinalizam de maneira imediata para os consumidores - mês a mês - os custos de geração da energia elétrica", destacou o diretor da Aneel relator da proposta, Reive Barros, para justificar a redução. De acordo com o relator, a chamada "Conta de Bandeiras" hoje ainda é deficitária em R$ 1,25 bilhão, um passivo considerado normal pelo órgão regulador, que espera um equilíbrio até o fim do ano.
Segundo Barros, os custos a serem cobertos são bastante voláteis e incluem inclusive questões que hoje são afetadas por liminares judiciais sobre o risco hidrológico (GSF). "Por outro lado, a demanda tem respondido adequadamente, com a redução do consumo que também possibilitou o desligamento das térmicas", completou o diretor.
Valor
Segundo o relator, a expectativa é de que o novo valor possa ser aprovado no dia 28 de agosto, após a fase de audiência pública que vai até 24 deste mês. Para a bandeira amarela não há alteração, continuando a cobrança em R$ 2,50 por 100 kWh consumidos. Na bandeira verde, não há cobrança adicional. Mesmo se a mudança para R$ 4,50 for aprovada, ainda assim, a "taxa extra" vermelha do setor elétrico continuará mais cara que a cobrança prevista originalmente, que era de R$ 3 até fevereiro deste ano, quando os valores foram reajustados.
"A proposta é realista, sem nenhuma aventura. É até mesmo uma proposta conservadora, já que existem cenários em aberto, com liminares e sem liminares. Se houver mudança nos cenários, vamos reavaliar o assunto", alegou o diretor-geral da Aneel, Romeu Rufino. Ou seja, se as liminares perderem validade, poderá haver um novo desconto na bandeira vermelha.
Na última terça-feira, a presidente Dilma Rousseff adiantou que a redução na bandeira vermelha ficaria entre 15% e 20%. Na ocasião, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, explicou que a economia com as térmicas ainda não seria suficiente para alterar pela primeira vez a bandeira para o nível amarelo, que ainda não foi aplicado a nenhum mês desde o início da vigência do regime, em janeiro. "Para mudar para a bandeira amarela, seria necessário desligar muito mais térmicas ainda este ano, o que eu não acho provável", concluiu Rufino.
SAIBA MAIS
O que são bandeiras tarifárias?
A partir de 2015, as contas de energia passaram a trazer uma novidade: o Sistema de Bandeiras Tarifárias. As bandeiras indicam se a energia custa mais ou menos, em função das condições de geração de eletricidade. O sistema possui três bandeiras: verde, amarela e vermelha. Confira abaixo o que acada uma indica:
- Bandeira verde: condições favoráveis de geração de energia. A tarifa não sofre nenhum acréscimo;
- Bandeira amarela: condições de geração menos favoráveis. A tarifa sofre acréscimo de R$ 0,025 para cada quilowatt-hora (kWh) consumidos;
- Bandeira vermelha: é a que está em vigor atualmente e significa que há condições mais custosas de geração. A tarifa sobre acréscimo de R$ 0,055 para cada quilowatt-hora kWh consumidos.
Obs.: O sistema de bandeiras é aplicado por todas as concessionárias conectadas ao Sistema Interligado Nacional. A partir de 1º de julho de 2015, passou a ser aplicado também pelas permissionárias de distribuição de energia.
Fonte: Aneel





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