Brasília (AE) - O ministro Gilmar Mendes, vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), enviou ao Ministério Público Estadual de São Paulo um relatório técnico elaborado pela Secretaria da Fazenda paulista que detectou irregularidades em pagamentos feitos a uma empresa contratada pela campanha de 2014 da presidente Dilma Rousseff. A empresa, com nome de Angela Maria do Nascimento Sorocaba-ME, foi aberta em agosto de 2014 - a dois meses da eleição - e somente entre agosto e setembro emitiu notas fiscais no valor de R$ 3,683 milhões. Deste valor, R$ 1,651 milhão foi emitido em nome da campanha presidencial petista: Eleição 2014 Dilma Vana Rousseff Presidente.
Dorivan Marinho
Gilmar Mendes aponta indícios de irregularidade da empresa
Gilmar Mendes aponta indícios de irregularidade da empresaA medida foi tomada dentro da prestação de contas eleitorais da presidente e é apenas uma das frentes de análise feita pelo TSE atualmente com relação aos gastos realizados pela campanha. Além da checagem das contas, a Corte eleitoral investiga em quatro ações - propostas pela coligação que lançou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) à presidência no ano passado - eventuais irregularidades e abuso de poder político e econômico na campanha da presidente.
No caso da empresa paulista, a suspeita é de que seja uma companhia considerada fantasma, já que não há "registro de entrada de materiais, produtos e serviços". Também não há destaque de pagamento de impostos nas notas fiscais emitidas. O Fisco paulista não encontrou a empresa no seu endereço comercial, em Sorocaba, interior de São Paulo. A empresa seria responsável por entregar produtos de publicidade, placas, standards e faixas, além de despesas com pessoal.
Procurada pela Secretaria da Fazenda, a proprietária da companhia foi localizada em endereço residencial e disse ter sido "orientada a abrir a empresa para funcionar no período eleitoral". De acordo com ela, todo o material era proveniente de outra empresa, a Embalac Indústria e Comércio Ltda. As duas empresas possuem um mesmo contador, Carlos Carmelo Antunes, que disse ter aberto a segunda empresa a pedido dos sócios da Embalac. O intuito, segundo ele, era faturar os produtos destinados às eleições em nome de Angela para que a Embalac não fossse "desenquadrada" do regime tributário conhecido como Simples Nacional.
O relatório que aponta as possíveis irregularidades foi elaborado pelo órgão fazendário paulista depois do pedido de Mendes para que fossem verificados indícios de irregularidades com relação à gráfica Focal Confecção e Comunicação Visual. Em ofício ao TSE, a Fazenda do Estado afirmou que precisaria de mais tempo para análise sobre a Focal "devido ao grande volume de documentos apresentados". O órgão, no entanto, apurou a situação fiscal de outros estabelecimentos paulistas citados na prestação de contas da presidente e apontados pela assessoria técnica do TSE, entre eles a Angela Maria do Nascimento Sorocaba-ME.
Diante do verificado, o ministro Gilmar Mendes, relator das contas da presidente no TSE, quer que o Ministério Público paulista apure "eventual ilícito" com relação à empresa. As contas de campanha da petista foram aprovadas com ressalvas pelo TSE no ano passado e indícios de possíveis irregularidades foram encaminhados aos órgãos competentes para que fosse feita a análise.





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