O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, passa nesta quarta-feira (26) por sabatina no Senado, para que possa ser reconduzido ao segundo mandato à frente do Ministério Público Federal. Janot foi o primeiro colocado em uma lista tríplice de candidatos ao cargo, com 799 votos de procuradores, e depois recebeu a indicação da presidente Dilma Rousseff para continuar no cargo.
Em suas palavras iniciais, Janot ainda reafirmou seu compromisso de combater sem trégua à corrupção” e manter isonomia no tratamento entre ricos e pobres. “Pau que dá em Chico, dá em Francisco”, disse, citando o ditado popular.
“O que me motiva a um novo mandato? Esse desejo não se presta à satisfação do ego nem a sofreguidão do poder. Não é isso que me move.”
Dentre as arguições, a mais contundente foi a do senador Fernando Collor (PTB-AL). Collor acusou Janot de contratar uma empresa de comunicação sem licitação e disse que o procurador havia mentido ao afirmar a lisura de sua conduta ética. O senador citou um suposto período em que Janot teria advogado enquanto atuava como subprocurador da República e perguntou se isso era eticamente aceitável.
Collor também perguntou se Janot usa como “estratégia” vazar informações de investigações para determinados veículos de comunicação. “Quem está dizendo isso não sou eu, não sou só eu”, disse.
Collor é um dos dez dos 13 senadores investigados na Lava Jato que compõem a comissão responsável por sabatinar Janot. No dia 8 deste mês, o procurador-geral ofereceu denúncia ao Supremo Tribunal Federal (STF) contra Collor a partir das investigações da Operação Lava Jato por corrupção e lavagem de dinheiro.
Em sua resposta, Janot, afirmou que os contratos com a empresa de comunicação Oficina da Palavra são legais e que essa empresa faz consultoria e media training para o Ministério Público Federal e para vários órgãos públicos.
Sobre os vazamentos, o procurador afirmou que, à época da chamada Lista de Janot, não houve vazamento, mas especulações. “Sou discreto”, disse.
Em outro momento da sabatina, Janot e Collor se estranharam. “Vossa excelência não me interrompa”, disse o procurador-geral da República ao senador.
Mais sobre a sabatina
Além de Collor, outros senadores – alguns antes e outros depois do alagoano – também interpelaram o procurador-geral. O senador Aloysio Nunes (PSDB-SP) questionou Janot sobre a questão das chamadas “pedaladas fiscais” do governo federal. O procurador-geral disse que essa é uma questão que deve ser avaliada tecnicamente e que o Ministério Público Federal ainda aguarda informações da Presidência sobre o tema.
Questionado pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR), Janot negou a existência de um “acordão” celebrado no âmbito da Operação Lava Jato. Ele chamou a hipótese de um “factoide” e refutou a hipótese de qualquer acordo que possa interferir nas investigações.
“Ainda que quisesse fazer um acordo desses, teria que combinar com os russos, 20 colegas e um grupo de delegados muitos preparados da Polícia Federal”, ironizou.
O procurador-geral também negou que os presos tenham acesso ao conteúdo da delação premiada dos outros, a não ser quando a delação seja aberta.
Fonte: IG
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