Nasceu na cidade de Angicos, no dia 11 de agosto de 1921 Foi um menino pródigo, inteligente e interessado em tudo que acontecia de importante na cidade dando inicio a sua carreira de jornalista ainda criança. Fundador do jornal "O Clarim", que era datilografado e possuía apenas um exemplar, passando de casa em casa de mão em mão. O jornal, segundo Aluízio, era ele mesmo que desenhava em vermelho, e por ele escrito: desde o editorial às notas de aniversários, notícias de festas, entrevistas, convites, propaganda, anúncios etc., às vezes, jornalista e datilógrafo de dois dedos, levava o dia inteiro, as vezes sem almoçar, entrava pela noite, sob o protesto da mãe. Veio a recompensa quando aos domingos O Clarim ia passando de casa em casa, com os comentários dos vizinhos, leitores de toda a cidade de Angicos as extrapolando ao circular também em Assu “. La na frente, mais duas outras iniciativas, no meio jornalístico: o jornal” A Palavra “e a revista” Potiguarânia “. Também dirigiu o jornal” O Estudante" . Ao criar o Jornal A Razão, Aluizio Alves recebeu o convite do Partido Popular para trabalhar como repórter. O jornal pertencia a Dinarte Mariz que foi em vida o seu maior adversário político, e tinha como diretor Eloy de Souza que foi Senador da Republica e hoje é nome de cidade. O PP da época conseguiu eleger três deputados, e o governo apenas um. Aluizio Alves recebeu o primeiro mandado de prisão quando ainda era de menor, o motivo: escreveu um artigo com o titulo de ´Três a Um´ acusando o interventor Bertino Dutra de "apêndice podre da Marinha brasileira". Diante da ofensa, a Marinha mandou prender Aluízio. Foi criado, então, o impasse: Aluizio Alves era de menor, tinha apenas 13 anos de idade... A solução, foi fechar o jornal. Mário Câmara quando foi nomeado interventor a publicação voltou a circular.O jornalista criança enfrentou outro problema semelhante. O major Abelardo de Castro deu uma entrevista criticando a situação que havia no Rio Grande do Norte. Essa entrevista foi publicada no "Diário de Pernambuco". Como o jornal da oposição se encontrava fechado, a entrevista foi impressa em forma de boletim. Na noite seguinte, Aluízio, com outras pessoas, pregavam com grude os boletins nas paredes das casas, edifícios públicos, etc. Quando Aluízio estava colando as folhas atrás da catedral velha, foi preso. Mas não podia ser preso por causa da idade. O chefe da polícia, capitão da Marinha, Paulo Mário, chamou seu Nezinho Alves, aconselhou, ameaçou, porém Aluizio Alves foi colocado em liberdade. Como repórter, do Jornal A Razão, junto à Assembléia Legislativa, passou momentos difíceis : "Chegava às seis horas da manhã no jornal", escrevia várias matérias. Quinze para oito ia para o colégio e ficava até onze horas. Às onze horas voltava para a "A Razão" para escrever e fazer a revisão da matéria. Uma hora da tarde voltava para o colégio, até aí sem comer, sem almoçar, ficava no colégio até três e meia da tarde. Quando saía às três e meia da tarde ia para o jornal, assistir o fechamento da edição do jornal". Começou a se interessar por política em 1932, aos onze anos de idade, viu a derrubada do prefeito de Angicos, João Cavalcanti, seu pai, Manoel Alves, foi eleito prefeito. Foi o ano, da seca os flagelados da região procuraram seu "Nezinho", que reuniu os comerciantes para colaborar: recebendo e distribuindo gêneros alimentícios, e Aluizio Alves estava presente dando sua colaboração. Outro acontecimento que marcou sua precoce carreia política, foi quando na revolução Constitucional de 32. Naquele momento ele estava na cidade de Ceará Mirim havia uma rádio, na casa de Waldemar de Sá. O filho de seu Nezinho Alves ouvia os discursos dos líderes do movimento, repetindo para os presentes, Estudou no Ginásio São Luiz em Fortaleza. Ocorreu então o seguinte fato: um motorista de ambulância dirigia em alta velocidade para salvar um doente. A ambulância virou, o motorista morreu, porém, o doente sobreviveu. O acontecimento emocionou a cidade de Fortaleza. Aluízio foi escolhido para fazer a oração, durante uma homenagem prestada pelos estudantes aos familiares da vítima do acidente. Seu discurso emocionou a todos os presentes. A partir daquele momento passou a ser o orador oficial do ginásio. No ano de 1940, em Angicos, a paróquia organizou a festa de Cristo Rei. Presentes, o governador Rafael Fernandes e Aldo Fernandes. Nesta ocasião fez uma palestra falando da importância para a região que tinha a Paróquia de Angicos, o resultado, o menino conferencista foi convidado por Aldo Fernandes para trabalhar no jornal "A República", quando se tornou repórter e editor do mais importante jornal da imprensa potiguar, na época, era dirigido por Edgar Barbosa. Com a seca de 1942 Natal foi invadida pelos flagelados. Aldo Fernandes chamou Aluízio, dizendo que queria fazer uma reunião com as principais autoridades da cidade. Aluízio, então, escreveu um artigo fazendo a convocação da família natalense", escolhido para organizar o trabalho de assistência aos flagelados. Formou uma grande equipe e em apenas três dias 8 mil pessoas estava abrigadas. Terminada a seca, Aluízio Alves organizou a volta dos retirantes, fazendo com que cada um levasse instrumento de trabalho, além de recursos para recomeçar a vida, inclusive, comida para um mês. Aconteceu que, no final, ficaram 60 menores de ambos os sexos. Aluízio Alves sugeriu, então, criar um Serviço de Assistência ao Menor. Aprovada a idéia, Aluízio Alves foi para Recife e, naquela cidade, entrou em contato com as autoridades que tratavam do problema, foi quando fundou o "Abrigo Melo Matos", com Orígenes Monte assumindo a direção. Era Incansável, com ajuda da Legião Brasileira de Assistência, criou o Instituto Padre João Maria e, com auxílio da prefeitura, Já em 1942, Aluízio Alves dava demonstrações de que sua luta que começou aos treze anos não foi em vão e mostrava a que veio e depois ao tornar-se diretor da LBA no Estado organizou o Abrigo Juvino Barreto. Ambos foram inaugurados no dia 19 de abril de 1943, importantes entidades que até hoje servem a sociedade do Rio Grande do Norte, principalmente aos menos favorecidos. Quatro anos depois já era deputado federal pela UDN, conseguindo ainda três mandatos depois desse, 1950, 1954 e 1958, como deputado federal. Em 1958, Aluízio Alves começa a articular sua candidatura ao governo do Estado para as eleições que seriam realizadas em 1960. Existia uma crise sem precedentes no Rio Grande do Norte, as oligarquias formadas tentavam a qualquer custo impedir a ascensão de novas lideranças, assim abria caminho para que o populismo ganhasse espaço junto à sociedade. Essa hegemonia política oligárquica era instituída pelas representações locais dos partidos UDN - do qual fazia parte Aluízio Alves - , e PSD, que desde 1947 revezaram-se no poder do Estado, garantindo os interesses das oligarquias, das quais eram os seus fiéis representantes. O Ex – Governador Carlos Lacerda era muito amigo de Aluizio Alves, como conta a história e esta quem contava era o próprio Aluizio e só sabe quem leu seu livro de memórias ´o que não esqueci´. Quando Carlos Lacerda, largou em 1949 o Correio da Manhã, em divergência com a direção do jornal, a sua primeira idéia foi pedir um emprego de novelista na Rádio Mayrink Veiga. Com o sucesso que fazia na Rádio Nacional a novela cubana O Direito de Nascer, pensou em abandonar o jornalismo, embora sua experiência na ficção fosse um fraco livro, que dizia sentir vergonha o titulo do livro é - Bailarina Nua Solta no Mundo. Se ao invés de fundar a Tribuna da Imprensa, como aconteceu, Lacerda tivesse optado mesmo pela radio - novela. Poderia haver uma mudança radical no Brasil de hoje? Totalmente diferente. Se Lacerda não tivesse denunciado, o Presidente Getúlio Vargas não teria se suicidado. Jânio Quadros não teria renunciado. Sem a renúncia de Jânio, possivelmente não tivesse havido a ditadura. Muitos brasileiros não teriam sido torturados, muitos não teriam sido mortos pelos torturadores por militares sedentos em matar, prender e bater. No final dos anos 40, Lacerda escrevia no Correio a coluna política "Da Tribuna da Imprensa". Nela havia coberto, com muito sucesso, a Assembléia Constituinte de 1946. Mas pediu demissão quando o dono do jornal, Paulo Bittencourt, o proibiu de criticar o grupo econômico Soares Sampaio, que tinha ganho, no governo Dutra, a concessão para instalar uma refinaria de petróleo. Dezenas de amigos foram a seu apartamento para prestar solidariedade. No meio deles, um deputado de 25 anos, Aluízio Alves, eleito pela UDN do Rio Grande do Norte, no 2º ano de Direito. Achando que nenhum jornal lhe daria emprego, Lacerda tinha decidido tentar a radionovela. Foi Aluízio que sugeriu a alternativa: "Por que não montar um jornal?" O outro abriu a boca: "Eu? Com que dinheiro?" Na manhã seguinte foram juntos ao escritório do milionário Lauro Carvalho, dono da loja de roupas "A Exposição", que se ofereceu como acionista: "A idéia pode ser ousada, mas nada tem de maluca". Assim nasceu a Tribuna da Imprensa - o primeiro jornal brasileiro, talvez o único, cujo capital foi levantado em subscrição popular. Em poucos meses, milhares de cariocas de todas as classes, unidos pela admiração a Lacerda, compraram ações do futuro jornal. Eleito deputado federal Aluizio Alves abandonou o jornal até que, um dia, Lacerda foi localizá-lo em Araxá, Minas Gerais, representando a Câmara dos Deputados num Congresso das Classes Produtoras: Lacerda então o convocou com telegrama desaforado que dizia assim: Convoco redator-chefe Tribuna da Imprensa vir assumir seu posto. Abraço fraternal, Carlos Lacerda". O jornalista Aluízio Alves, que chefiou a Tribuna da Imprensa de 1949 a 1958, conta a movimentada história do jornal no seu livro de memórias ´ O que eu não esqueci ´Formado em direito em Maceió no ano de 1950 e neste mesmo ano fundou e dirigiu o Jornal A Tribuna do Norte, que posteriormente tornava-se sua propriedade. Foi reeleito deputado federal para o segundo mandato. Em 1954 com uma votação espetacular de 18.000 mil votos foi para o seu terceiro mandato, muitas foram as missões confiadas pela Câmara dos Deputados ao deputado AA, com destaque no exterior como observador parlamentar da Conferencia Internacional do Trabalho em Genebra na Suíça, foi vice-líder da UDN na Câmara. Foi eleito em 1958 para o quarto mandato de deputado federal aumentando sua votação para 23.000 votos. Já em 1959 juntamente com Carlos Lacerda trabalhava a unificação da UDN e um nome chave era o de Jânio Quadros maior liderança de São Paulo, neste espaço de tempo homologaram a candidatura de Jânio para presidente, tendo inclusive acento à mesa.Sua luta contra as oligarquias no Rio Grande do Norte era intensa. A partir de 1960, a sustentação desse sistema político, voltado para a manutenção dos interesses oligárquicos, já dava sinais de enfraquecimento e crise, pois, no cenário econômico e social do Rio Grande do Norte tinham ocorrido mudanças significativas, como por exemplo, a atuação da burguesia e da classe média em prol da industrialização do Estado, que exigiam uma nova postura dos políticos que pretendessem alcançar e se manter no poder. Neste contexto, se um político se comprometesse com a causa da industrialização contaria com o apoio dessas classes emergentes e poderia assegurar um bom desempenho em sua escalada política. Aluízio Alves fez mais do que isso. Apresentando-se como uma figura política inovadora capaz de romper com o atraso político e econômico, patrocinado pelas oligarquias, ganhou rapidamente o apoio da burguesia e da classe média, e, além disso, utilizando-se de práticas notoriamente populistas do tipo assistencialista e paternalista junto às camadas sociais mais carentes ganhou o apoio também da população sofrida, que depois teria o adjetivo de “ GENTINHA´. Seu nome tomou conta do Rio Grande do Norte, em todas as cidades tinha o apoio de uma liderança forte. Quero me referir a Areia Branca que é a minha terra, lá Aluizio foi apoiado pelo meu avô Antônio Lucio de Gois, não foi uma articulação fácil mesmo porque existia um laço familiar muito forte com os Rosados, Francisco Lucio de Gois (tio Cabôco Lucio) irmão do meu avô é pai de Odete de Gois Rosado casada com a extraordinária figura que era Dix-Neuf Rosado este irmão de Vingt Rosado candidato a vice-governador na chapa com Djalma Marinho. Mais prevaleceu a palavra do líder maior Antonio Lucio e juntos macharam juntos para a vitória de Aluizio. Não foi fácil, Areia Branca viveu uma das maiores campanhas eleitorais, José Lucio, Chico Costa, Sebastião Amorim, Celso Dantas, Manoel Lucio, Quimquim Lucio, José Jaime e muitos outros amigos Aluizio era uma lenda viva, tudo dava certo. Em 1944 casa-se com D. Ivone Lira Alves. Quatro anos depois nascem os filhos Henrique Eduardo Lira Alves e Ana Catarina Lira Alves, neste ano já era deputado federal pela UDN, conseguindo ainda três mandatos depois desse, 1950, 1954 e 1958, como deputado federal. Em 1958, Aluízio Alves começa a maquinar a sua candidatura ao governo do Estado nas eleições de 1960. Mais uma vez Aluízio Alves utilizava-se de práticas de cunho puramente assistencialistas e imediatistas, porém que obtiveram grande impacto nos extratos populares. Foi com esse objetivo que ele apresentou um projeto à Câmara que fora transformado em lei, chamada "Crédito de Emergência", que teve grande importância durante sua campanha eleitoral, tornando-se um de seus carros-chefes. Em 1960, o destino político de Aluízio Alves, começou a ser definido com relação à postura política que teria durante a campanha. Primeiramente rompeu com Dinarte Mariz, por este não ter aceitado a indicação de José Augusto, feita por Aluízio Alves, à candidatura ao Senado. Depois deixou a legenda da UDN, o que era permitido por Lei,e passou a assediar o PSD em busca de encabeçar a sua chapa para governador, o que é aceita por Theodorico Bezerra, líder do PSD no Estado e pretenso candidato a governador, ao ser aconselhado pelo então presidente Juscelino Kubitschek. Durante as conversações para coligação de partidos políticos, Aluízio Alves demonstrou ser um grande articulador político, pois conseguiu manter o apoio em torno de sua candidatura, de diversos partidos - ignorando as chamadas correntes ideológicas - tais como: PTB, PTN, PDC, PSP, PSB, e de alguns dissidentes da UDN local e, além disso, ainda tentava o apoio do comando nacional da UDN. Foi na sua campanha para governador do Estado do Rio Grande do Norte em 1960, que Aluízio Alves pôs em prática toda a sua capacidade em ser um político populista e oportunista. Em 1961 era secretario do diretório nacional da UDN, cargo este que ocupou durante três anos, como candidato a governador foi votado por 121.076 eleitores contra 98.195 do seu adversário governista Djalma Aranha Marinho que era um candidato que valorizava a disputa, pelo seu conceito de homem público e de renome nacional, que recebeu o apoio do então governador Dinarte de Medeiros Mariz. Aluizio como governador participou de acontecimentos que marcaram a política nacional como por exemplo a formação de um grupo de governadores, destacando Nei Braga do Paraná, Petrônio Portela do Piauí,Virgilio Távora do Ceará, João Seixas Doria de Sergipe,Magalhães Pinto de Minas Gerais, este grupo poderoso articulava a campanha do plebiscito, que promoveria a votação para o Brasil voltar ao presidencialismo pois até então estávamos no regime parlamentarista e tinha Tancredo Neves como Primeiro Ministro, em janeiro de 1963 o presidencialismo saiu vencedor no plebiscito. Ainda neste ano o governador Aluizio Alves recebeu a visita do embaixador norte-americano Lincoln Gordon. Em abril de 1963 era inaugurada no Rio Grande do Norte a energia de Paulo Afonso. elegeu-se governador do Rio Grande do Norte, com apoio da coligação formada pelo PSD-PTB, derrotando o advogado Djalma Marinho. A UDN não apoiou sua candidatura devido às suas desavenças com o então líder Dinarte Mariz. Mais de uma vez, Aluízio relembrou as origens desse episódio em suas várias entrevistas concedidas a jornalistas de todo o Brasil. Em seu livro de memórias ele conta as articulações, conversas e estratégias políticas digno de um cientista político. Ao contrário de 1958, quando apoiou candidatura de Dix-huit para senador, em detrimento a de José Augusto, Dinarte evitou um grande problema com os rosados de Mossoró, pois a intenção era fazer valer a candidatura de Vingt Rosado ao governo em 1960 com o apoio de Aluizio, ora este já articulava a sua candidatura negando pois o apoio ás pretensões do grupo políticos dos rosados, Aluizio desta forma mesmo com o bom relacionamento que tinha com Dinarte, mas achava difícil a UDN, que cedera a senadoria ao PR - pequeno partido quase limitado a Mossoró - concordasse em entregar-lhe o governo. Sem resposta Aluizio voltou a Natal e, dias depois, sofreu o golpe com a intervenção no partido, com o voto de desempate, de 33 dos 63 diretórios municipais da UDN que, acreditava ter o apoio, o golpe estava dado. Porém Aluizio tinha a metade dos delegados natos e a maioria do Diretório de Natal, após a campanha de 1958. Com receio da reação das bases do partido, fez candidato Djalma Marinho, a quem admirava, mas não considerava um temperamento executivo.Vingt foi candidato a vice-governador. Não teve outro caminho. Com a convenção praticamente unânime, após a intervenção dos diretórios, concluiu sua estratégia foi o candidato por uma dissidência. Grupos de estudantes, liderados por Quinho Alves, criaram a ‘Cruzada da Esperança’, que foi adotado como legenda da campanha. Articulou-se procurando todas as forças politicas, pretendendo somá-las em torno de uma candidatura de oposição.” Os udenistas, aliados ao Partido Republicano - PR e ao Partido Social Trabalhista - PST, apontaram como candidato oficial o deputado federal Djalma Marinho. Tendo como candidato a vice-governador o monsenhor Walfredo Gurgel,deputado estadual, deputado federal e um líder filho do seridó e oposição a Dinarte. Aluízio Alves obteve 121.076 votos, contra 98.195 de Djalma Marinho. Em janeiro de 1961, renunciou ao mandato de deputado, tomando posse como governador no dia 31 do mesmo mês. A campanha de 1960 foi memorável. Nela, Aluízio Alves iria imprimir um estilo que o acompanharia pela vida afora. Os lenços verdes, os galhos de árvores, os grandes comícios, a voz rouca, a peregrinação pelo interior do Estado, que ficou conhecida como “Cruzada da Esperança” e o principal trunfo de marketing político de Aluízio Alves, a legenda do Cigano Feiticeiro, em uma época em que mal se ouvia falar ainda em marketing político. O surgimento de uma marca e um mito. Na cidade de Pau dos Ferros, Djalma Marinho fez comício na véspera de sua chegada. Alegando que tinha uma vida organizada, com escritório de advocacia em Natal, etc., enquanto Aluízio andava pelo Estado, de dia e de noite, sem almoçar ou jantar na casa dos líderes que o apoiavam,se dormia era nas estradas. Os amigos ficaram revoltados. E foram esperar Aluízio - que também falaria em Pau dos Ferros - a dois quilômetros da cidade, para contar o episódio e dizer que o povo estava aguardando sua resposta no mesmo tom. Ele ouviu as recomendações. Na cidade, a multidão estava ansiosa. No microfone, Aluízio disse: ‘Pau dos Ferros, o cigano chegou’. Sob aplausos constantes e cada vez mais entusiastas, começou, então, a ler as mãos do povo, como se fosse ‘cigano’: a mão do agricultor, da dona-de-casa, do comerciante, do estudante. Foi um sucesso, que Aluízio passou a repetir em outros lugares, sobretudo depois que dona Guiomar Morais, ainda hoje residente em Pau dos Ferros, fez a música do ‘Cigano’, que logo se espalhou por todo o Estado e passou a ser ‘Cigano Feiticeiro’, porque na letra falava que o cigano a enfeitiçara. ´Cigano feiticeiro teu feitiço me pegou, no coração do povo o teu nome ... já brotou Aluizio Alves inovou, revolucionou a política do Rio Grande do Norte.
As Senadoras de Mossoró, as primeiras marqueteiras.
Um dos maiores símbolos da capacidade de atração de Aluízio Alves foi o movimento conhecido como 'senadoras', um grupo de mulheres mossoroenses que dedicaram todo seu tempo a promover memoráveis campanhas de Aluízio Alves e de seus candidatos em Mossoró de forma benemérita sem pedir nada em troca por isso.Integrante do movimento desde o seu início, em 1960,Aluízio se hospedava na casa de Duarte Filho vizinho a casa de Ozelita Cascudo onde as mulheres que o admiravam costumavam se reunir e Aluízio as chamava de 'senadoras'. Elas assumiram a responsabilidade de comandar as campanhas dele em Mossoró depois do rompimento político com Duarte Filho, foram responsáveis pela campanha de Henrique a deputado federal nos anos 70 seu primeiro mandato com apenas 21 anos de idade. As senadoras eram aguerridas e unidas, dentre elas destacamos os nomes de Edite Souto, Rose Cantídio, Edna Medeiros de Gois, Neide Paula. Faziam a mídia para ele visitando as pessoas, explicando quem era Aluízio, o que estava acontecendo com ele e porque se deveria votar em Henrique",.Outra integrante histórica do movimento é a empresária Edite Souto que considera as senadoras uma das maiores demonstrações de carinho a um político no Rio Grande do Norte. "O movimento das senadoras, foi inigualável, ninguém fez nada por um político como as 'senadoras' fizeram por Aluízio que foi um dos maiores líderes políticos que o nosso Estado já teve". O nome as 'senadoras' era forte e respeitado pelo eleitor, o movimento perdeu força depois das eleições de 1982. "Dizem que o nome foi dado pelos adversários que, de forma irônica, chamava de 'senadoras' numa tentativa de tentar diminuir e Aluízio como sempre incorporava os apelidos e passou a chamar de 'minhas senadoras' e o apelido ficou. Desde 82 o movimento se enfraqueceu porque o povo hoje não vota mais por amor ", é uma opinião geral.
Aluízio mágico popular
O mossoroense José Lacerda Felipe reuniu em sua tese os símbolos e as imagens usadas por Aluízio Alves na campanha para o governo do Estado em 1960, são a matéria-prima da tese acadêmica apresentada pelo professor de geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, e publicada na edição de 13 de abril de 1997 na Tribuna do Norte. No estudo, o professor diz que Aluízio soube aproveitar, com maestria, a magia de uma era iniciada nos anos de 1950 com o nacionalismo do governo Vargas, reforçada pela visão futurista de Juscelino Kubistcheck. A Tese defendida pelo professor.
No Estado, através da campanha do governo de Aluízio Alves, percebe-se, com mais clareza, a relação entre a imagem desenvolvimentista e o discurso populista. A contradição é ressaltada na imagem industrialista do discurso, na medida em que o apoio político é dado pelas oligarquias agrárias. A modernidade das palavras só se transforma em prática quando os beneficiados são as forças conservadoras, geralmente de caráter oligárquico e patrimonialista. Aluízio se apropria dos signos do imaginário nacional-desenvolvimentista. Sem ser nacionalista, percebeu que, com ele, poderia fazer a mágica que o mantém como o líder maior de um grupo que polariza a política potiguar. Porém, o mesmo tornou-se refém daquilo que o consagrou, apropriado pelas coisas das quais se apropriou. Os signos de ontem (a cor verde da esperança, os lenços verdes e os galhos de árvores e o polegar para cima, em substituição ao "V" da vitória) são resgatados e incorporados em toda a campanha. Eles identificam não só as campanhas e sim o próprio Aluízio Alves, dizer que perderam a sintonia com a esperança, talvez não, eles não foram forjadas em momento algum, como um jornalista que não recordo aonde li. Na política tudo é possível até no discurso, sobre o lugar e as possibilidades da sua sociedade de superar os seus limites, criaram-se imagens, signos, gestos, símbolos,ação que exerce por sinais capazes de produzir coisas sociais e, sobretudo, grupos.Foi esse poder simbólico, mítico e mágico, que Aluízio evocou para si quando foi candidato ao governo do Estado em 1960. O porta-voz de um grupo que recebe o poder de fazer o grupo.O apelo político de AA é fazer de sua causa a causa de todos os cidadãos norte-rio-grandenses. Para tanto convoca um exército - a Cruzada da Esperança - e reivindica o imaginário nacional-desenvolvimentista, o qual pregava a superação do atraso e da dependência através da industrialização. Esse imaginário vai ser batizado de "esperança" em um futuro melhor para o povo potiguar. É a carona que Aluízio pega na febre futurista dos anos 1950.Deputado federal de 1946 a 1960, fundou neste período dois jornais: a Tribuna do Norte em Natal, e a Tribuna da Imprensa, juntamente com Carlos Lacerda, no Rio de Janeiro. Aluízio, deputado da UDN, vivenciou e participou dos discursos e dos signos que coletivizaram essa imagem de um futuro promissor para o Brasil. A sua tarefa em 1960 foi transportar esse imaginário para o RN e transformá-lo no discurso da Esperança e torna-se a salvação do seu povo, o portador da boa-nova, o profeta, o herói consagrado. O Rio Grande do Norte é o Brasil de Aluízio Alves; as oligarquias os seus inimigos. Entretanto era nessas lideranças e, mais especificamente, na oligarquia algodoeira - pecuária que se localizava a sua origem. Os interesses pela modernização do Estado via industrialização chegavam num momento em que a compreensão do quadro político nacional criava uma imagem positiva desse processo, cujos sinais mais significativos conformavam-se na indústria automobilística e na proposta de trazer a energia de Paulo Afonso para nosso pobre e sofrido Rio Grande do Norte, a par de tudo a onda brasileira da construção de Brasília.Ao nível de Nordeste, os sinais são dados pelo GTDN - Grupo de Trabalho para o Desenvolvimento, cujo documento absorve as teses de desenvolvimento refletidas naquele momento, principalmente àquelas (a teoria de dependência e os pólos de crescimento, por exemplo) que apontavam a industrialização como solução para os problemas econômicos, sociais e políticos das regiões atrasadas.Outros sinais importantes são a criação da Sudene, as dificuldades da economia algodoeira que, juntamente com o contexto político do País, colocam em crise as oligarquias agrárias que percebem o início do desmonte de seus currais eleitorais localizados nas fazendas e nas sedes dos pequenos municípios, devido às migrações.A evidencia cultural dos grandes centros do Brasil, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Belo Horizonte e São Paulo, representada pela Bossa Nova, o Cinema Novo,o futebol,a grande imprensa,os grandes livros, o melhor ensino junto as melhores universidades, uma nova poesia, responsável também por um sentimento de que o País estava se modernizando e preparando um caminho melhor para o seu futuro, era mais um sinal, mais um aceno, mais uma lição.Aluízio percebe esses sinais no momento político e tira vantagem disso. Não se tratava de substituir pura e simplesmente a tradicional dominação oligárquica no comando político do Estado, porém modernizar para conservar, em essência essa dominação.Caminhar no imaginário de raízes nacionalistas, sem ser nacionalista. Por isso mesmo deveria ser uma campanha pensada, planejada por um profissional do simbolismo, J. Albano, o "marqueteiro" político, que "elaborava a propaganda e sugeria comportamentos e atitudes a serem seguidos pelos candidatos a governador e vice-governador - Aluízio Alves e monsenhor Walfredo Gurgel".Um discurso para cada público, um teatro com texto diferente segundo o gosto da platéia. Para os trabalhadores salineiros sindicalizados (Macau e Areia Branca), com forte orientação comunista, um discurso nacionalista bem ao agrado das esquerdas reformistas. Para os "coronéis" do Seridó, aliados de outras campanhas, um discurso ameno e conservador. Isso explica a heterogeneidade dos apoios dados a Aluízio Alves, os quais vão além das forças conservadoras da UDN, o seu partido desde 1946, cuja liderança no Estado é o governador Dinarte Mariz, com quem Aluízio rompe e deixa o partido por conta do apoio de Dinarte à candidatura de Djalma Marinho para governador e Vingt Rosado para vice-governador. Iniciada a campanha política para o governo do Estado foram criados signos identificando Aluízio Alves. Os lenços verdes, galhos de árvores e a camisa verde de Aluízio Alves significam a esperança; o polegar levantado significa a vitória, diferenciando-se do seu opositor que é o "V" da vitória. Uma inovação que ocasionou muita mobilidade popular foi a transformação dos comícios, vigílias, caminhadas e passeatas em festa com orquestras e batucadas acompanhando as "ala-moças" que cantavam as marchas e os hinos da campanha. Parte dessas músicas de campanha e alguns discursos previamente preparados fazem parte do LP "Gentinha". Tudo isso tomou conta dos quatro cantos do estado, do litoral ao sertão Aluizio encantava, era o cigano, o tuberculose (o povo tinha pena), chorava e rezava pedindo saúde. para seu líder seu herói. A análise das letras dessas músicas, dos cartazes e dos discursos previamente elaborados mostram Aluízio Alves como herói consagrado, predestinado a cumprir sua odisséia, convocado "pela mais poderosa força de convocação: a voz do povo". Para cumprir a missão de redimir esse mesmo povo da miséria e de "abrir para todos a Porta da Esperança". Uma vez das muitas que pude estar com ele, brincava dizendo que ele é tão forte que Silvio Santos procura imitá-lo com a porta da esperança. Essa é a mensagem do discurso de início da campanha e que faz parte do LP da "Gentinha".
"Vim para lutar. Vim para ficar. Vim para vencer. Nada me impediria de vir: nenhum obstáculo, nenhum receio, nenhuma acomodação."O mar que nos separava, gigante e solitário, era uma gota d'água. A distância de milhares de quilômetros, não resistiria ao ímpeto e à tenacidade de nossa marcha. Ameaças de violência cairão no ridículo. Manobras de bastidores políticos são ilusões de tristes marionetes que já cansaram o povo. Ouvimos, sentimos, avistamos a maior, a melhor, a mais poderosa força de convocação: a voz do povo. O povo desencantado dos campos: humilde, paciente, analfabeto, empobrecido, esquecido. O povo das cidades: esmagado, inquieto, inseguro. Os homens sem perspectivas para o trabalho fecundo e certo. A juventude forçada a repetir, geração a geração, os mesmos caminhos do País: na enxada, no emprego público, na semi-ociosidade; perdida nas ruínas do pauperismo comum. As mulheres, crucificadas na cruz do amor materno, com os filhos crescendo para morrer aos primeiros vagidos, ou sobrando da morte para crescer no desemprego, na fome, na ignorância. As crianças, as grandes vozes mudas, que juntas em multidão já poderão ser ouvidas em gemidos, crescentes pedindo assistências, escolas, proteção, futuro, vida."Por isso, não pude deixar de vir. Aqui estou para lutar, para ficar, para vencer. Para, com o trabalho de muitos e o voto do maior número, abrir para todos a Porta da Esperança".
Ele gostava de dizer a data e a cidade aonde nasceu, Angicos, no dia 11 de agosto de 1921.
Foi um menino precoce, iniciando sua carreira de jornalista ainda criança. Fundou o jornal "O Clarim", que era datilografado e possuía apenas um exemplar, passando de casa em casa. O jornal, segundo Aluizio, era por ele mesmo desenhado em vermelho, e por ele escrito: desde o editorial às notas de aniversários, notícias de festas, entrevistas etc., às vezes, jornalista e datilógrafo de dois dedos, levada o dia inteiro, até sem almoço, entrava pela noite, sob o protesto da mãe. Tudo era compensado pelas alegrias do domingo: o jornal ia passando de casa em casa, com os comentários dos vizinhos, leitores de toda a cidade e as vezes ultrapassava fronteiras chegando ao Assu.Mais adiante, duas outras iniciativas, ambas no campo do jornalismo: o jornal A Palavra e a revista Potiguarânia. Dirigiu também o jornal O Estudante.O Partido Popular, quando criou A Razão , designou Aluizio para trabalhar como repórter. O jornal pertencia a Dinarte Mariz e seu diretor era Eloy de Souza. Após a vitória do Partido Popular, que conseguiu eleger três deputados, e a situação apenas um, Aluizio Alves escreveu um artigo com o título "Três a Um", quando chamou o interventor Bertino Dutra de "apêndice podre da Marinha brasileira", Diante da ofensa, a Marinha mandou prender Aluizio. Foi criado, então, o impasse: o autor do artigo era menor, contava apenas 13 anos de idade... Como solução, o jornal foi fechado. Na administração de Mário Câmara, a publicação voltou a circular.
O jornalista-mirim enfrentou outro problema semelhante. O major Abelardo de Castro deu uma entrevista criticando a situação que havia no Rio Grande do Norte. Essa entrevista foi publicada no "Diário de Pernambuco". Como o jornal da oposição se encontrava fechado, a entrevista foi impressa em forma de boletim. Na noite seguinte, Aluizio, com outras pessoas, pregavam com grude os boletins nas paredes das casas, edifícios públicos etc. Quando Aluizio estava colando as folhas atrás da catedral velha, foi preso. Mas não podia ser preso por causa da idade. O chefe da Polícia, capitão da Marinha, Paulo Mário, chamou Seu Nezinho pai do menino, aconselhou, ameaçou,o castigo foi o fechamento do jornalzinho. E Aluizio foi posto em liberdade.
Aluizio, repórter de A Razão, junto à Assembléia Legislativa, viveu momentos difíceis nessa fase: As seis horas da manhã já estava no jornal, escrevia várias matérias. Quinze para as oito ia para o colégio e ficava até onze horas. Às onze horas voltava para a "A Razão" para escrever e fazer a revisão da matéria. Uma hora da tarde voltava para o colégio, até aí sem comer, sem almoçar, ficava no colégio até três e meia da tarde. Quando saía às três e meia da tarde. Quando saía às três e meia da tarde, ia para o jornal, assistia ao final do jornal".Aluizio Alves começou a se interessar por política no ano de 1932, com onze anos de idade, quando, após a derrubada do prefeito de Angicos, João Cavalcanti, seu pai, Manoel Alves, foi eleito prefeito. Nesse ano, ocorria uma terrível seca e os flagelados da região procuraram seu "Nezinho", que convocou os comerciantes para colaborar: recebendo e distribuindo gêneros alimentícios, estava ali presente o menino Aluizio Alves pronto para ajudar.Outro acontecimento vai marcar a carreira precoce do político Aluizio Alves: durante a revolução Constitucional de 32, ele se encontrava em Ceará Mirim. Nessa cidade só havia um rádio, na casa de Waldemar de Sá. O menino Alves ouvia os discursos dos líderes do movimento, repetindo para os presentes. Aluizio, indo para o Ceará, estudou no Ginásio São Luiz. Ocorreu então o seguinte fato: um motorista de ambulância dirigia em alta velocidade para salvar um doente. A ambulância virou, o motorista morreu, porém, o doente sobreviveu. O acontecimento emocionou a cidade de Fortaleza. Aluizio foi escolhido para fazer a oração, durante uma homenagem prestada pelos estudantes aos familiares da vítima do acidente. Seu discurso emocionou a todos os presentes. A partir daquele momento passou a ser o orador oficial do ginásio! Em 1940, em Angicos, a Paróquia organizou a festa de Cristo Rei. Estiveram presentes o governador Rafael Fernandes e Aldo Fernandes. Na oportunidade, Aluizio pronunciou uma conferência sobre a Paróquia de Angicos. Como resultado, o menino-conferencista foi convidado por Aldo Fernandes para trabalhar no jornal "A República", quando se tornou repórter e editor do referido órgão de imprensa, na época, dirigido por Edgar Barbosa.
Em 1942, uma grande seca. Natal foi invadida pelos flagelados. Aldo Fernandes chamou Aluizio, dizendo que queria fazer uma reunião com as principais autoridades da cidade. Aluizio, então, escreveu um artigo intitulado 'Convocação à família natalense", sendo designado para organizar o trabalho de assistência aos flagelados. Dentro de três dias. 8 mil pessoas estava abrigadas. Terminada a seca, Aluizio Alves organizou a volta dos retirantes, fazendo com que cada um levasse instrumento de trabalho, além de recursos para recomeçar a vida, inclusive, comida para um mês. Aconteceu que, no final, ficaram 60 menores de ambos os sexos. Aluizio Alves sugeriu, então, criar um Serviço de Assistência ao Menor. Aprovada a idéia, Aluizio Alves foi para Recife e, naquela cidade, entrou em contato com as autoridades que tratavam do problema. Foi fundado o "Abrigo Melo Matos", com Orígenes Monte assumindo a direção.Incansável, Aluizio Alves, com ajuda da Legião Brasileira de Assistência, criou o Instituto Padre João Maria e, com auxílio da prefeitura, organizou o Abrigo Juvino Barreto. Ambos foram inaugurados no dia 19 de abril de 1943.
Nos anos 60, o Brasil passava por uma série crise política, agravada pelo conflito ideológico esquerda versus direita, com radicalismo de ambas as partes. Dentro desse contexto, se destacava o antagonismo entre as forças nacionais ("comunistas") e as forças conservadoras ("entreguistas"), com a participação ativa de políticos operários e estudantes. Como conseqüência da crise que abalava o país Quadros renunciou, entregando o cargo de presidente da República a João Goulart, em agosto de 1961. Goulart, em agosto de 1961. Goulart tomou posse em 7 de setembro e governou, em regime parlamentarista, até ser deposto pelo golpe militar em 1964. As constantes crises políticas vividas pelo país refletiam e deixavam profundas marcas na região nordestina. Apesar do crescimento de sua produção industrial, a participação do Nordeste no produto total do país caía para 15,5%, índice menor do que o de outras regiões. Como conseqüência do processo de industrialização, cresceram os centros urbanos, e, ao mesmo tempo, aumentava o êxodo rural, com o deslocamento de grande número de famílias para as grandes cidades. Um dos fatores que contribuíram para o êxito do populismo no Rio Grande do Norte foi a atuação da Igreja Católica, com a instalação dos sindicatos rurais e com o Movimento de Educação de Base. As campanhas de educação popular contribuíram também para acelerar o processo de politização das camadas mais humildes. Exemplos: a "Campanha de Pé no Chão Também se Aprende a Ler", em Natal, e ao "Movimento de Cultura Popular" em Recife, ambas em 1960. Foi sobretudo no processo político que o descontentamento popular se refletiu no Nordeste, com grandes vitórias conquistadas pela oposição durante o período compreendido entre 1956 a 1962. No Rio Grande do Norte, em 1960, Aluízio Alves se elegeu governador e, no mesmo ano, Djalma Maranhão chegou à prefeitura de Natal, também pela oposição. A campanha política de 1960 se desenrolou num clima de muita agitação. O governo Dinarte Mariz deixou um testamento político que desorganizou, completamente, as finanças do Estado. O povo norte-rio-grandense estava asfixiado, aspirava por se livrar daquela situação, recebendo com entusiasmo a mensagem oposicionista que prometia reformular os processos administrativos, dinamizar a administração pública e criar as condições básicas para iniciar a industrialização, começando, dessa maneira, o desenvolvimento do Estado. Essa proposta de governo era defendida por um jovem e dinâmico político: Aluízio Alves. Uma vez candidato, rapidamente assumiu a liderança do seu grupo, organizando uma coligação partidária com a denominação de "Cruzada da Esperança", formada pelo PSD, PTB, PCB, PRP, PTN e dissidentes da UDN. Para vice-governador foi indicado o monsenhor Walfredo Gurgel, uma das mais expressivas lideranças do PSD seridoense. Para a prefeitura da cidade do Natal, dois líderes representantes da esquerda: Djalma Maranhão, para titular, e Luiz Gonzaga, para vice-prefeito. A nível nacional, a Cruzada da Esperança dividia-se. PSD, PTB e PTN apoiavam o marechal Lott para presidente da República, um homem honesto, nacionalista, porém, sem nenhuma aptidão política. Aluízio Alves e a dissidência da UDN apoiavam Jânio Quadros. Para vice-presidente, os candidatos eram João Goulart, com apoio do PSD, PTB e PTN, e Milton Campos, apoiado por Aluízio. Djalma Maranhão, um homem da classe média sem nenhuma ligação com qualquer grupo econômico forte, de mãos limpas, partiu para a sua campanha com muita garra. Sua atuação vai se caracterizar, principalmente, por dois aspectos. Primeiro, um caráter nitidamente ideológico. Nacionalista, desencadeava uma luta aberta contra o imperialismo. Segundo, a participação direta e espontânea do povo, em seus segmentos mais pobres. Dentro dessa linha de ação, foram criados os Comitês Nacionalistas, cuja importância foi salientada por Moacyr de Góes: "a organização da campanha se fez em função dos Comitês Nacionalistas. A mobilização origina-se do Comitê, para o Comitê e pelo Comitê. Entre janeiro e fins de setembro, foram organizados e funcionaram 240 Comitês Nacionalistas também conhecidos como Comitês Populares ou Comitês de Rua. Esse número ganha maior expressão quando situado numa cidade de 160 mil habitantes, à época, tendo tido um comparecimento eleitoral de pouco mais de 36 mil votantes". A mobilização foi, portanto, muito grande. Crescia de importância porque não se fazia apenas a exaltação da personalidade do candidato Djalma Maranhão, mas ao mesmo tempo eram discutidos temas locais, regionais e nacionais. Paralelamente à campanha política propriamente dita, se realizava também um verdadeiro trabalho de politização das massas. Claro, uma vez politizado, o eleitor se integrava na luta nacionalista e antiimperialista. A sua campanha fugia, e muito, das tradicionais campanhas políticas, cuja base era o ataque pessoal, tão comum no Rio Grande do Norte e no restante do Brasil. A campanha de Aluízio Alves foi radicalmente diversa da realizada por Djalma Maranhão quanto à metodologia de ação empregada, bem mais sofisticada utilizando inclusive uma empresa publicitária. Empregando, de maneira racional e inteligente, os meios de comunicação de massa (rádio e jornal). Usando slogans, como Fome ou Libertação?. mendicância ou trabalho?, ou ainda Miséria ou Industrialização?, colocava para do eleitor a situação grave e o caos em que se encontrava o Estado, sugerindo uma mudança radical através da vitória da oposição. Esse triunfo marcaria o início de um processo de desenvolvimento no Estado do Rio Grande do Norte. A Tribuna do Norte, jornal de Aluízio Alves, tinha uma tiragem diária de 5 mil exemplares, uma tiragem, bem maior do que A Folha da Tarde, de Djalma Maranhão. Como disse Agnelo Alves, irmão de Aluízio Alves, e também jornalista, foi o jornal que sedimentou a imagem de Aluízio, levando diariamente, durante dez anos, seu nome a todo o Estado.
A 'Tribuna do Norte' foi o principal responsável pela formação de opinião, serviu para influenciar segmentos da sociedade, os intelectuais, estudantes e grande parte do funcionalismo público federal, estadual e municipal. Contribuiu igualmente para a tomada de decisão de muitos indecisos. Com suas manchetes, notícias, fotos e editoriais, traçava um quadro inteiramente favorável aos candidatos da Cruzada da Esperança. A situação caótica em que se encontrava o Estado foi uma importante causa da vitória desta coligação partidária. A liderança carismática de Aluízio Alves empolgou o povo. Ciente de seu magnetismo pessoal, ele procurava por todos os meios manter o contato direto e pessoal com os eleitores. Os seus comícios e as suas passeatas impressionavam pelo número de participantes e pelo entusiasmo. Velhos, moços, crianças, mulheres de todas as idades, agitando nas mãos bandeiras e ramos verdes, cantando as músicas da campanha e gritando "Aluízio, Aluízio, Aluízio". Um espetáculo nunca visto no Rio Grande do Norte, suplantando, portanto, a campanha de José da Penha, o primeiro líder popular da história política do Estado. Enfim, Aluízio Alves aparecia como um "homem comum", simples, pobre, de resistência física extraordinária, passando noites inteiras acordado, em virtude de vigílias, lutando e sofrendo sempre ao lado do povo. Nesse aspecto, certamente, se aproximavam os dois líderes populistas: Djalma Maranhão e Aluízio Alves. Ambos se apresentavam como pessoas pobres, da classe média, sem dinheiro, lutando contra a máquina lubrificada, manipulada pelos poderosos.
Havia, entretanto, uma grande diferença com relação ao posicionamento ideológico. Um da esquerda, o outro do centro.Djalma Maranhão, nacionalismo é ainda um movimento, uma revolução em marcha, para se transformar, no futuro, no mais poderoso partido de toda a História do Brasil". Aluízio Alves definia o seu nacionalismo de outra maneira: "o nosso nacionalismo é, por isso, pragmático, e se despe de qualquer sentido ideológico de classe. Ele assenta no esforço capitalista, o esforço público, no esforço misto. Os seus dois objetivos são: primeiro, entregar a instrumentos brasileiros que representam a iniciativa privada e pública o comando da economia, estabelecendo mecanismo através do qual o enriquecimento nacional não se acumula nas mãos de poucos e antes alcance seu legítimo usufrutuário, que é o povo; segundo, criar no Nordeste parcela significativa e ponderável de um grande mercado interno que funcione para si e apenas secundariamente para o mercado externo. Tal nacionalismo não é anticoisa alguma. Nem anticapitalista nem anti-socialista. Ele se situa fora da área do debate ideológico para inserir-se corretamente na área em que o nacionalismo deve, por natureza colocar-se para colher o apoio de toda a Nação". Política partidária entre as décadas de 60 e 70: Maias, Alves e o inesperado Agenor Maria O Estado do Rio Grande do Norte no início dos anos 60 viu surgir um novo líder político no seio da UDN que representava uma ameaça para Dinarte Mariz. Aluízio Alves apareceu na política potiguar como líder político principal, renegando o papel de coadjuvante da UDN, que mais tarde terminaria com o rompimento Aluízio Alves/Dinarte Mariz, dando novos rumos à história política do Rio Grande do Norte: "O rompimento entre Aluízio Alves e Dinarte Mariz fixou definitivamente a divisão do Estado entre essas duas lideranças políticas, iniciando-se uma nova fase de radicalização política no Rio Grande do Norte" (Caderno de História, julho de 1996). As divergências políticas continuavam a existir no ambiente político estadual quando ocorreu o Golpe de Estado em 1964 que rompia a normalidade nacional e estadual. Cassado em 1969, Aluízio Alves não se afastou da política norte-rio-grandense, tendo em vista que o mesmo continuou por trás da "cortina" ditando as normas da política estadual: "Aluízio Alves revitalizou o MDB potiguar, dando-lhe forças para enfrentar a Arena. Além do mais, participou da escolha de três governadores indiretos (Cortez Pereira, Tarcísio Maia e Lavoisier Maia)". (TRINDADE apud MACHADO, 1995, p. 79). Em 1978, o quadro político do Rio Grande do Norte foi marcado por acordos e combinações políticas que deixou a grande maioria do eleitorado norte-rio-grandense um tanto confuso. Com a cassação de Aluízio Alves, os primeiros anos do governo de Tarcísio Maia receberam ferrenhas críticas e severa oposição à administração do segundo governador do Rio Grande do Norte indicado pelos militares. No entanto, no final de seu governo, Tarcísio Maia conseguiu fazer um acordo, como já frisamos, que ficou conhecido como "Paz Pública" celebrado com os Alves, cujo líder maior estava cassado, mas que era dono de um dos maiores meios de comunicação do Estado, a Rádio Cabugi, que passava a dar todo apoio ao seu governo. A Rádio Cabugi mudava de posição para favorecer a política de administração estadual, causando um grande descontentamento aos seus ouvintes que não conseguiam entender o que estava se passando no cenário político do Rio Grande do Norte, haja vista que, quando todos achavam que Aluízio Alves voltaria a defender o MDB, partido que lhe acolheu, ele passou a apoiar os candidatos da antiga Arena, antes adversários políticos.
O Rio Grande do Norte, Estado pequeno e dependente dos recursos provenientes do governo federal, durante o início da Ditadura Militar, passava por uma contínua turbulência política, graças à instabilidade política advinda do período pós-Revolução de 30, como também em virtude da disputa entre as principais correntes políticas no Estado: aluizistas e dinartistas. O rompimento de Aluízio com Dinarte Mariz, proporcionou a divisão do Estado entre duas lideranças políticas que marcariam a fase de radicalização no Rio Grande do Norte. Essa divisão política no Estado dificultou a possibilidade de surgimento de novas lideranças política no Estado que viessem a ameaçar o predomínio político de ambos. No entanto, surge na região Seridó uma figura política sertaneja que passa a ter significativa presença no cenário político estadual e, posteriormente ao nível nacional: Agenor Maria. Irregularidades e mais irregularidades desnorteavam a política do Rio Grande do Norte em meio aos problemas e a divisão de uma política partidária que corroia o quadro político e social dos norte-rio-grandenses:A instituição do bipartidarismo no Brasil e a vinculação de Aluízio e Dinarte aos militares em 1964, motivou-os a ingressarem no partido governista, a Arena. O ambiente político no estado permanecia agitado, principalmente após a eleição de 1965. Dinarte e Tarcísio Maia foram batidos pelos candidatos aluizistas, Walfredo Gurgel e Clóvis Mota". (MACHADO, 1995, p. 81). Homem de pouco estudo e de uma simplicidade singular, mas dono de uma retórica persuasiva, permitindo-lhe discutir sobre qualquer assunto relacionado à política norte-rio-grandense, Agenor Maria chegou à Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte pela UDN com o apoio do líder político seridoense Dinarte Mariz. Evidentemente que o Rio Grande do Norte e em especial a região Seridó, sonhavam com um representante público à altura de seus anseios quando Agenor Maria, um agricultor de pouca instrução educacional, apareceu na política norte-rio-grandense. À experiência de Agenor Maria como vereador em sua terra natal (São Vicente), lhe proporcionou para empreitadas maiores um certo conhecimento e desenvoltura política. Nesse contexto, vale salientar que o "inexpressivo" Agenor Maria permanecia na Assembléia Legislativa do Rio Grande do Norte como representante fiel e em defesa do agricultor frente ao regime militar que calava a boca e reprimia políticos e intelectuais por todo o país. Neste sentido, Agenor Maria ia se tornando um político de renome no cenário político estadual. Sua luta na Assembléia Legislativa em defesa do pequeno produtor rural, despertava credibilidade da população e dos líderes políticos do Rio Grande do Norte. Apesar de sua aproximação com o homem do campo, Agenor Maria não conseguiu assumir o papel de líder principal da política norte-rio-grandense, pois seu trabalho como deputado estadual não foi suficiente para elevá-lo a deputado federal em 1966, ficando na suplência por falta de um maior apoio por parte de seu correligionário e líder político Dinarte Mariz. Acolhido pelo MDB que tinha como líder político Aluízio Alves, principal oposicionista de Dinarte Mariz, Agenor Maria assumiu a cadeira de suplente de deputado federal em 1968 com objetivos fundamentais no que se refere a uma política "revolucionária" de assistência social aos menos favorecidos sem preocupar-se com qualquer norma de seu partido ou líder maior Aluízio Alves.. A política na década de 60 e o golpe: Aluízio, Dinarte, Djalma Maranhão entre sonhos populares e populistas. Os acontecimentos que culminaram com o golpe militar de 1964, no Rio Grande do Norte, foram bastante tumultuados, mas logo a repressão instaurou-se nos quatro cantos do Estado. "No dia 1º de abril, o sr. Aluízio Alves, imprensado pelos acontecimentos, redigiu dois manifestos, um a favor da revolução, e o outro, ao lado do amigo Jango". (GÓES, 1999 b, p. 246). Após consultar Magalhães Pinto, líder nacional da UDN e um dos articuladores do golpe civil-militar, o governador do Rio Grande do Norte, Aluízio Alves, define posição favorável aos golpistas, passando a integrar-se ao movimento, assumindo com os militares a defesa da Ditadura Militar no Estado.O governador Aluízio Alves era até então um líder populista, eleito governador em 1960, pelo PSD (Partido Social Democrático), numa coligação que reuniu o PCB, o PS (Partido Socialista) e o PTN (Partido Trabalhista Nacional) - partido do ex-prefeito de Natal, Djalma Maranhão, um dos maiores líderes de esquerda nacionalista no Rio Grande do Norte. Contava ainda com dissidentes udenistas que lhe apoiaram no momento do rompimento político com Dinarte Mariz, o qual preferiu apoiar Djalma Marinho na chapa da UDN. Para os grupos progressistas, esquerdistas e nacionalistas, que apoiaram a candidatura aluizistas, a aliança poria fim à política oligárquica, iniciando um período de conquistas econômicas e sociais para o povo do Rio Grande do Norte. A nível nacional, Aluízio mantinha aliança com o governo João Goulart, mas a nível local sua aliança era com as oligarquias e os EUA, através da Aliança para o Progresso, motivo que resultou no rompimento com Djalma Maranhão, fato deflagrado nas eleições de 1962, para os cargos legislativos nacionais e prefeituras. Aluízio Alves recusou-se a apoiar a candidatura de Djalma Maranhão para o Senado federal, garantindo a vitória de Walfredo Gurgel, então seu vice-governador. Com isso, Aluízio rompe definitivamente com os movimentos populares, que o haviam elegido, adotando práticas clientelistas e oligárquicas. Este passa a reprimir e perseguir movimentos reivindicatórios e manifestações coletivas, como no caso do movimento dos estudantes de Direito, em 1961, da greve dos Trabalhadores da Construção Civil, em 1963, e da greve da Polícia Militar, no mesmo ano. Quando o golpe já estava deflagrado, Aluízio Alves publicou nota na Tribuna do Norte, intitulada Ao Povo, na qual informava lamentar: "Que o presidente João Goulart, a quem reconhece e sempre há de proclamar inestimáveis serviços ao Rio Grande do Norte (...) não tenha podido impedir a radicalização das posições ideológicas e políticas, conduzindo o país a um impasse intolerável, que só pode ser solucionado com o respeito às tradições das forças armadas". (TRIBUNA DO NORTE, 02/04/64 apud PEREIRA, 1996, p. 132). Em posição contrária ao golpe militar e ao governador Aluízio Alves ficou o prefeito de Natal, Djalma Maranhão. Na manhã de 1º de abril/64, o prefeito comunicou ao comandante militar e ao secretário de Segurança Pública que estaria ao lado da democracia e do presidente da República, João Goulart. No mesmo dia, Djalma Maranhão reuniu-se na prefeitura de Natal com seus secretários, lideranças estudantis, sindicais e políticas. Numa atitude legítima, do ponto de vista democrático, Djalma conclama o povo, através de notas oficiais, a resistir ao golpe. Na primeira delas consta: O prefeito Djalma Maranhão, ao lado das forças populares e democráticas, conclama o povo para que se mantenha em permanente estado de alerta, nos seus sindicatos, diretórios, órgãos de classe, sociedades de bairros, ruas e praças públicas, na defesa intransigente da legalidade, que possibilitará a libertação do povo e do país do imperialismo e do latifúndio, a concretização das Reformas de Base do amanhã mais justo e mais feliz do Brasil. O prefeito Djalma Maranhão (...) cumpre a sua obrigação de dizer que a prefeitura é a casa do povo onde se instala nesta hora, o Q.G. da legalidade e da resistência. (DIÁRIO DE NATAL, 1º/04/64). Em Natal, não ocorre nenhuma manifestação popular de resistência, pois as autoridades militares das Forças Armadas, junto com o governador do Estado, Aluízio Alves, adotam medidas preventivas para impedir, mesmo com o emprego violento da força, se for o caso, a perturbação da ordem pública, deixando tropas de prontidão nas ruas. Em notas oficiais, os militares advertiam ao povo em geral e, particularmente, os estudantes e operários, que estavam proibidas as aglomerações, passeatas e comícios contrários ao regime instaurado. A situação era tensa na prefeitura. Djalma Maranhão tentou entrar em contato com Miguel Arraes, governador do Pernambuco, para informar-se dos acontecimentos naquele Estado, mas não conseguiu. A notícia que chegou à prefeitura naquele dia era que o presidente João Goulart já havia sido deposto. Durante a noite, uma patrulha do exército invadira o prédio da prefeitura de Natal. "O oficial que a comandava abriu a porta do gabinete do prefeito com um chute, e gritou: Acabou a baderna! Pra fora comunistas, filhos da puta". (GÓES, 1999 a, p. 182). Junto com Djalma Maranhão foram presos o presidente do Sindicato da Construção Civil, Evlin Medeiros, e o vice-prefeito Luís Gonzaga dos Santos, todos acusados de serem comunistas. Os outros presentes na prefeitura foram expulsos. Sobre este evento o próprio Djalma Maranhão relata numa de suas cartas no exílio: "Fui traído pelo comandante da Guarnição de Natal, Coronel Mendonça Lima (...) e que, se bandeando para o golpe, após invadir a prefeitura com forças militares, convocou-me ao Quartel General oferecendo-me a liberdade em troca da minha renúncia. Recusei em nome de minha honra e do respeito ao povo que, me conferira o mandato por mim desempenhado". (MARANHÃO, 1984, p. 74). No desejo maior de manter-se no controle do poder estadual, Aluízio Alves apoiou e liderou diversas ações repressivas. Formou ele próprio uma Comissão Especial de Investigação no Rio Grande do Norte, contratando em Pernambuco dois policiais que tinham treinamento especial na CIA: Carlos Moura de Morais Veras, com cursos no FBI (Federal Bureau of Information), e José Domingos da Silva. Estes agentes tinham amplos poderes para prender, encarcerar e torturar os subversivos que faziam mobilizações populares. Estes amplos poderes eram justificados pela retórica de que eles estavam agindo em nome da Segurança Nacional. Como em todo o país, foram instalados, no Rio Grande do Norte, diversos IPMs, criados pelo AI-1, chefiados por coronéis do Exército, ampliando o poder repressivo dos militares frente às atividades consideradas subversivas e antidemocráticas, juntamente com uma Comissão Geral de Investigações. Os militares e civis que cercearam o poder político fizeram questão de ocultar informações e apagar da memória do povo norte-rio-grandense, o trabalho social desempenhado por Djalma Maranhão, prefeito de Natal à época do golpe. A respeito da administração de Djalma Maranhão, Dorian Jorge Freire em artigo afirma: "Djalma não administrava para o povo - Djalma administrava com o povo. Com ele a democracia era mais o governo do povo do que pelo povo e para o povo. A intervenção militar de 1964 tinha de pegá-lo, porque não podia aceitar o povo no governo. Cassou Djalma Maranhão, prendeu Djalma Maranhão e terminou por exilá-lo". (MARANHÃO, 1984, S/P). Com o golpe de 1964, Djalma Maranhão foi afastado da prefeitura do Natal, preso e teve seu mandato cassado. Após a prisão, foi entregue ao IPM, dirigido pelo capitão Ênio de Lacerda. Segundo o próprio Djalma Maranhão: "Este [Ênio] com técnicas da Gestapo de Hitler, devassou a prefeitura, sindicatos diretórios estudantis, prendendo dezenas de pessoas, chegando a torturar presos políticos". (MARANHÃO, 1984, p. 70). Djalma Maranhão passou pelas prisões em Natal, Recife e Fernando de Noronha. Em muitas oportunidades, quando dos interrogatórios dos IPMs, foi incitado para acusar o governador do seu Estado, sob a alegação de que o homem, para estar ali em seu lugar, era o sr. Aluízio Alves. Recusou-se, e em todos os seus depoimentos não delatou ninguém assumindo, unicamente, a responsabilidade dos seus atos, apesar do terror existente". (GÓES, 1999 b, p. 246).( ato muito parecido com as acusações contra o ex-governador Fernando Freire, quando esquartejado pelo promotores metidos a santo, e este homen não delatou ninguém) Em sua administração, Djalma Maranhão deu prioridade à Educação. Este acreditava que o seu "crime maior foi alfabetizar vinte e cinco mil crianças na pioneira campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, reconhecida pela UNESCO". Mas não foi só isso. Djalma Maranhão defendia a reforma agrária e a limitação da remessa de lucros dos trustes para o exterior. Somente em fins de 1964, é que Djalma Maranhão foi libertado, por intermédio de um hábeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal. A Comissão Especial de Investigações chegou a produzir um relatório intitulado Subversão no Rio Grande do Norte. Este "ficou conhecido como Relatório Veras, fazendo alusão ao nome do delegado que presidia a comissão". (PEREIRA, 1996, p. 138). Esta comissão tratou de perseguir os funcionários públicos acusados de subversão e comunismo. As investigações duraram cinco meses. De abril a junho, as prisões se encheram. Foram 83 indiciados e 60 denunciados pela 7a Auditoria Militar do Recife. E, com base nas conclusões da Comissão Estadual de Investigação, o governo fez as demissões no Estado e no município: 13 demitidos, 9 aposentados e 1 em disponibilidade". O Relatório Veras foi publicado no jornal O POTI, de 27/09/64, mostrando ainda fotos de pessoas indiciadas, acusadas de subversivas. Os militares e o governo civil, usando-se de IPMs e comissões de investigações, chegaram a prender, torturar e exilar participantes do PCB, de sindicatos, do movimento estudantil, funcionários públicos e trabalhadores rurais. Maria Conceição P. de Góes afirma: Foram presos muitos trabalhadores do campo que reivindicavam direitos trabalhistas, e que, por esse motivo, se haviam aproximado das ligas camponesas ou dos sindicatos rurais. Muitos presos não eram chamados para depor, não sabiam de que eram acusados, iam ficando desesperados". Muitas lideranças católicas que trabalhavam em prol dos sindicatos rurais eram igualmente acusadas de comunistas, ou de pactuarem com eles. Dom Eugênio Sales, bispo conservador e administrador apostólico de Natal, teve seu principal colaborador no sindicalismo rural potiguar, José Rodrigues Sobrinho, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais do Rio Grande do Norte, preso por participar da Frente de Mobilização Popular e de movimentos grevistas no Estado. Dom Eugênio conseguiu a libertação de José Rodrigues do quartel do 16º RI (Regimento de Infantaria), mas a este fora recomendado o exílio, fato concretizado a posteriori. A repressão de 64 não atingira apenas os homens, pela primeira vez em Natal, mulheres foram presas por envolvimento político. Entre elas, estavam Maria Laly Carneiro, pertencente à Ação Popular; Diva da Salete Lucena e Margarida de Jesus Cortês, pedagogas da Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler e, Mailde Pinto Galvão, diretora de Documentação e Cultura da Prefeitura do Natal. No dia 10 de abril de 1964, foi preso também Luís Maranhão Filho, militante do PCB, irmão de Djalma Maranhão. Luís havia sido descoberto numa casa na Praia da Redinha, onde havia se refugiado após ter saído do Q.G. da Legalidade, em 1º/04/64. Luís Maranhão Filho já temia uma crise institucional no Brasil, por isso, e por sua posição ideológica, procurou refúgio. Luís Maranhão, que assistira ao Comício da Central em 13/03/64, ficara "bastante impressionado com o tom dos discursos. Parecia que as lideranças de esquerda pretendiam ultrapassar umas às outras pelo radicalismo. Ao ser preso, Luís foi levado para o RO (Regimento de Obuses) e deixado numa sala onde já se encontravam Luís Gonzaga dos Santos, José Macedo, Hélio Xavier de Vasconcelos (ex-secretario de educação, governo José Agripino) e Omar Pimenta, indiciados como comunistas e subversivos. Na noite de 21/04/64, Luís Maranhão e mais três companheiros foram levados para uma sessão de tortura. "Amarrados, pendurados pelos pés, recebiam choques elétricos, e, em seguida, mergulhados em tonel de água e óleo até quase desfaleceram". (GÓES, 1999 a, p. 192). No 16º RI, os procedimentos com os presos não eram diferentes. Entre os presos que lá se encontravam estavam: Djalma Maranhão, o médico Vulpiano Cavalcanti - um dos mais expressivos comunistas no Rio Grande do Norte - Moacir de Góes, Aldo Tinoco, alguns estudantes universitários, entre outros. O presidente da Ultar, Waldier Gomes dos Santos sofreu tanto espancamento que ficou com um pulmão afetado. Já o caicoense Evlin Medeiros, além das torturas, sofreu simulação de fuzilamento. Em agosto de 1964, foram embarcados para a prisão na ilha de Fernando de Noronha: Luís e Djalma Maranhão, Floriano Bezerra e Aldo Tinoco, só que eles não sabiam para onde estavam sendo levados. Ao chegarem em Fernando de Noronha foram colocados em uma prisão do quartel militar do Exército e puderam conversar. Na cela ao lado estava o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Mesmo sem se avistarem conversaram à noite, durante muito tempo". (GÓES, 1999 a, p. 197). Por intervenção do advogado e deputado federal Carvalho Neto, foi concedido o hábeas corpus a Luís Maranhão, que foi libertado em fins de outubro de 1964. Este retorna a Natal, mas sente um clima de insegurança e teme continuar na cidade, decidindo partir para o Rio de Janeiro.
Nem o advogado e deputado federal Carvalho Neto foi poupado da repressão. Este, que por intermédio de hábeas corpus conseguiu a libertação de muitos presos políticos do Rio Grande do Norte, fora igualmente detido no 16º RI, em fins de 1964. Carvalho Neto era acusado de prestar desserviços à "Revolução" e advogar comunistas e subversivos. O capitão Ênio Lacerda chegou a ameaçar Carvalho Neto de espancamento. Por intervenção da OAB junto ao Ministério da Justiça, Carvalho Neto foi libertado. Muitos políticos da UDN acusavam seus adversários da esquerda nacionalista de terem atividades subversivas, envolvendo-os em algum IPM, de maneira a eliminar a concorrência. Com a implantação do bipartidarismo pelo AI-2, Aluízio Alves filia-se à Arena, partido do governo, e consegue eleger-se deputado federal em 1966. Consegue também eleger seu sucessor a governador, Walfredo Gurgel, derrotando Dinarte Mariz, maior inimigo político de Aluízio Alves. Mesmo fazendo parte da mesma legenda, a convivência entre dinartistas e aluizistas tornava-se cada vez mais difícil. Por isso, a Arena no Rio Grande do Norte ramifica-se em duas: Arena verde, liderada por Aluízio Alves e, Arena vermelha, liderada por Dinarte Mariz. Devido a grande influência junto ao governo Costa e Silva, Dinarte Mariz faz sérias acusações ao governo de Aluízio Alves, que desembocaram no seu processo de cassação, entre elas destacaram-se: populismo, corrupção, abuso do poder indiretas, dando vantagens apenas aos políticos da Arena, ou seja, o partido da situação. O norte-rio-grandense Dinarte Mariz foi um grande defensor do regime militar. Nos seus discursos no Senado federal, ele sempre reafirmava seu compromisso com os militares. Considerava-se o defensor da "Revolução e das Forças Armadas contra as investidas dos comunistas e daquelas áreas que contestavam o regime. A política na década de 60 e o golpe: Aluízio, Dinarte, Djalma Maranhão entre sonhos populares e populistas . Os acontecimentos que culminaram com o golpe militar de 1964, no Rio Grande do Norte, foram bastante tumultuados, mas logo a repressão instaurou-se nos quatro cantos do Estado. "No dia 1º de abril, o sr. Aluízio Alves, imprensado pelos acontecimentos, redigiu dois manifestos, um a favor da revolução, e o outro, ao lado do amigo Jango". (GÓES, 1999 b, p. 246). Após consultar Magalhães Pinto, líder nacional da UDN e um dos articuladores do golpe civil-militar, o governador do Rio Grande do Norte, Aluízio Alves, define posição favorável aos golpistas, passando a integrar-se ao movimento, assumindo com os militares a defesa da Ditadura Militar no Estado. O governador Aluízio Alves era até então um líder populista, eleito governador em 1960, pelo PSD (Partido Social Democrático), numa coligação que reuniu o PCB, o PS (Partido Socialista) e o PTN (Partido Trabalhista Nacional) - partido do ex-prefeito de Natal, Djalma Maranhão, um dos maiores líderes de esquerda nacionalista no Rio Grande do Norte. Contava ainda com dissidentes udenistas que lhe apoiaram no momento do rompimento político com Dinarte Mariz, o qual preferiu apoiar Djalma Marinho na chapa da UDN. Para os grupos progressistas, esquerdistas e nacionalistas, que apoiaram a candidatura aluizista, a aliança poria fim à política oligárquica, iniciando um período de conquistas econômicas e sociais para o povo do Rio Grande do Norte. A nível nacional, Aluízio mantinha aliança com o governo João Goulart, mas a nível local sua aliança era com as oligarquias e os EUA, através da Aliança para o Progresso, motivo que resultou no rompimento com Djalma Maranhão, fato deflagrado nas eleições de 1962, para os cargos legislativos nacionais e prefeituras. Aluízio Alves recusou-se a apoiar a candidatura de Djalma Maranhão para o Senado federal, garantindo a vitória de Walfredo Gurgel, então seu vice-governador. Com isso, Aluízio rompe definitivamente com os movimentos populares, que o haviam elegido, adotando práticas clientelistas e oligárquicas. Este passa a reprimir e perseguir movimentos reivindicatórios e manifestações coletivas, como no caso do movimento dos estudantes de Direito, em 1961, da greve dos Trabalhadores da Construção Civil, em 1963, e da greve da Polícia Militar, no mesmo ano.Quando o golpe já estava deflagrado, Aluízio Alves publicou nota na Tribuna do Norte, intitulada Ao Povo, na qual informava lamentar:
Que o presidente João Goulart, a quem reconhece e sempre há de proclamar inestimáveis serviços ao Rio Grande do Norte (...) não tenha podido impedir a radicalização das posições ideológicas e políticas, conduzindo o país a um impasse intolerável, que só pode ser solucionado com o respeito às tradições das forças armadas". (TRIBUNA DO NORTE, 02/04/64 apud PEREIRA, 1996, p. 132). Em posição contrária ao golpe militar e ao governador Aluízio Alves ficou o prefeito de Natal, Djalma Maranhão. Na manhã de 1º de abril/64, o prefeito comunicou ao comandante militar e ao secretário de Segurança Pública que estaria ao lado da democracia e do presidente da República, João Goulart. No mesmo dia, Djalma Maranhão reuniu-se na prefeitura de Natal com seus secretários, lideranças estudantis, sindicais e políticas. Numa atitude legítima, do ponto de vista democrático, Djalma conclama o povo, através de notas oficiais, a resistir ao golpe. Na primeira delas consta: O prefeito Djalma Maranhão, ao lado das forças populares e democráticas, conclama o povo para que se mantenha em permanente estado de alerta, nos seus sindicatos, diretórios, órgãos de classe, sociedades de bairros, ruas e praças públicas, na defesa intransigente da legalidade, que possibilitará a libertação do povo e do país do imperialismo e do latifúndio, a concretização das Reformas de Base do amanhã mais justo e mais feliz do Brasil. O prefeito Djalma Maranhão (...) cumpre a sua obrigação de dizer que a prefeitura é a casa do povo onde se instala nesta hora, o Q.G. da legalidade e da resistência. (DIÁRIO DE NATAL, 1º/04/64 APUD PEREIRA, 1996, p. 128).
Em Natal, não ocorre nenhuma manifestação popular de resistência, pois as autoridades militares das Forças Armadas, junto com o governador do Estado, Aluízio Alves, adotam medidas preventivas para impedir, mesmo com o emprego violento da força, se for o caso, a perturbação da ordem pública, deixando tropas de prontidão nas ruas. Em notas oficiais, os militares advertiam ao povo em geral e, particularmente, os estudantes e operários, que estavam proibidas as aglomerações, passeatas e comícios contrários ao regime instaurado. A situação era tensa na prefeitura. Djalma Maranhão tentou entrar em contato com Miguel Arraes, governador do Pernambuco, para informar-se dos acontecimentos naquele Estado, mas não conseguiu. A notícia que chegou à prefeitura naquele dia era que o presidente João Goulart já havia sido deposto. Durante a noite, uma patrulha do exército invadira o prédio da prefeitura de Natal. "O oficial que a comandava abriu a porta do gabinete do prefeito com um chute, e gritou: Acabou a baderna! Pra fora comunistas, filhos da puta". (GÓES, 1999 a, p. 182). Junto com Djalma Maranhão foram presos o presidente do Sindicato da Construção Civil, Evlin Medeiros, e o vice-prefeito Luís Gonzaga dos Santos, todos acusados de serem comunistas. Os outros presentes na prefeitura foram expulsos. Sobre este evento o próprio Djalma Maranhão relata numa de suas cartas no exílio: "Fui traído pelo comandante da Guarnição de Natal, Coronel Mendonça Lima (...) e que, se bandeando para o golpe, após invadir a prefeitura com forças militares, convocou-me ao Quartel General oferecendo-me a liberdade em troca da minha renúncia. Recusei em nome de minha honra e do respeito ao povo que, me conferira o mandato por mim desempenhado". (MARANHÃO, 1984, p. 74). No desejo maior de manter-se no controle do poder estadual, Aluízio Alves apoiou e liderou diversas ações repressivas. Formou ele próprio uma Comissão Especial de Investigação no Rio Grande do Norte, contratando em Pernambuco dois policiais que tinham treinamento especial na CIA: Carlos Moura de Morais Veras, com cursos no FBI (Federal Bureau of Information), e José Domingos da Silva. Estes agentes tinham amplos poderes para prender, encarcerar e torturar os subversivos que faziam mobilizações populares. Estes amplos poderes eram justificados pela retórica de que eles estavam agindo em nome da Segurança Nacional. Como em todo o país, foram instalados, no Rio Grande do Norte, diversos IPMs, criados pelo AI-1, chefiados por coronéis do Exército, ampliando o poder repressivo dos militares frente às atividades consideradas subversivas e antidemocráticas, juntamente com uma Comissão Geral de Investigações. Os militares e civis que cercearam o poder político fizeram questão de ocultar informações e apagar da memória do povo norte-rio-grandense, o trabalho social desempenhado por Djalma Maranhão, prefeito de Natal à época do golpe. A respeito da administração de Djalma Maranhão, Dorian Jorge Freire afirma: "Djalma não administrava para o povo - Djalma administrava com o povo. Com ele a democracia era mais o governo do povo do que pelo povo e para o povo (...) A intervenção militar de 1964 tinha de pegá-lo, porque não podia aceitar o povo no governo. Cassou Djalma Maranhão, prendeu Djalma Maranhão e terminou por exilá-lo". (MARANHÃO, 1984, S/P). Com o golpe de 1964, Djalma Maranhão foi afastado da prefeitura do Natal, preso e teve seu mandato cassado. Após a prisão, foi entregue ao IPM, dirigido pelo capitão Ênio de Lacerda. Segundo o próprio Djalma Maranhão: "Este [Ênio] com técnicas da Gestapo de Hitler, devassou a prefeitura, sindicatos (...) diretórios estudantis, prendendo dezenas de pessoas, chegando a torturar presos políticos". (MARANHÃO, 1984, p. 70). Djalma Maranhão passou pelas prisões em Natal, Recife e Fernando de Noronha. Em várias oportunidades, quando dos interrogatórios dos IPMs, foi incitado para acusar o governador do seu Estado, sob a alegação de que o homem, para estar ali em seu lugar, era o sr. Aluízio Alves. Recusou-se, (...) e em todos os seus depoimentos não delatou ninguém assumindo, unicamente, a responsabilidade dos seus atos, apesar do terror existente". (GÓES, 1999 b, p. 246).Em sua administração, Djalma Maranhão deu prioridade à Educação. Este acreditava que o seu "crime maior foi alfabetizar vinte e cinco mil crianças na pioneira campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler, reconhecida pela UNESCO". (MARANHÃO, 1984, p. 69). Mas não foi só isso. Djalma Maranhão defendia a reforma agrária e a limitação da remessa de lucros dos trustes para o exterior. Somente em fins de 1964, é que Djalma Maranhão foi libertado, por intermédio de um hábeas corpus concedido pelo Supremo Tribunal Federal.
A Revoluçã de 64 não atingira apenas os homens, pela primeira vez em Natal, mulheres foram presas por envolvimento político. Entre elas, estavam Maria Laly Carneiro, pertencente à Ação Popular; Diva da Salete Lucena e Margarida de Jesus Cortês, pedagogas da Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler e, Mailde Pinto Galvão, diretora de Documentação e Cultura da Prefeitura do Natal.No dia 10 de abril de 1964, foi preso também Luís Maranhão Filho, militante do PCB, irmão de Djalma Maranhão. Luís havia sido descoberto numa casa na Praia da Redinha, onde havia se refugiado após ter saído do Q.G. da Legalidade, em 1º/04/64. Luís Maranhão Filho já temia uma crise institucional no Brasil, por isso, e por sua posição ideológica, procurou refúgio. Luís Maranhão, que assistira ao Comício da Central em 13/03/64, ficara "bastante impressionado com o tom dos discursos. Parecia que as lideranças de esquerda pretendiam ultrapassar umas às outras pelo radicalismo". (GÓES, 1999 a, p. 179). Ao ser preso, Luís foi levado para o RO (Regimento de Obuses) e deixado numa sala onde já se encontravam Luís Gonzaga dos Santos, José Macedo, Hélio Xavier de Vasconcelos e Omar Pimenta, indiciados como comunistas e subversivos. Na noite de 21/04/64, Luís Maranhão e mais três companheiros foram levados para uma sessão de tortura. "Amarrados, pendurados pelos pés, recebiam choques elétricos, e, em seguida, mergulhados em tonel de água e óleo até quase desfaleceram". (GÓES, 1999 a, p. 192).No 16º RI, os procedimentos com os presos não eram diferentes. Entre os presos que lá se encontravam estavam: Djalma Maranhão, o médico Vulpiano Cavalcanti - um dos mais expressivos comunistas no Rio Grande do Norte - Moacir de Góes, Aldo Tinoco, alguns estudantes universitários, entre outros. O presidente da Ultar, Waldier Gomes dos Santos sofreu tanto espancamento que ficou com um pulmão afetado. Já o caicoense Evlin Medeiros, além das torturas, sofreu simulação de fuzilamento. Em agosto de 1964, foram embarcados para a prisão na ilha de Fernando de Noronha: Luís e Djalma Maranhão, Floriano Bezerra e Aldo Tinoco, só que eles não sabiam para onde estavam sendo levados. Ao chegarem em Fernando de Noronha "(...) foram colocados em uma prisão do quartel militar do Exército e puderam conversar. Na cela ao lado estava o ex-governador de Pernambuco, Miguel Arraes. Mesmo sem se avistarem conversaram à noite, durante muito tempo". (GÓES, 1999 a, p. 197). Por intervenção do advogado e deputado federal Carvalho Neto, foi concedido o hábeas corpus a Luís Maranhão, que foi libertado em fins de outubro de 1964. Este retorna a Natal, mas sente um clima de insegurança e teme continuar na cidade, decidindo partir para o Rio de Janeiro.Nem o advogado e deputado federal Carvalho Neto foi poupado da repressão. Este, que por intermédio de hábeas corpus conseguiu a libertação de muitos presos políticos do Rio Grande do Norte, fora igualmente detido no 16º RI, em fins de 1964. Carvalho Neto era acusado de prestar desserviços à "Revolução" e advogar comunistas e subversivos. O capitão Ênio Lacerda chegou a ameaçar Carvalho Neto de espancamento. Por intervenção da OAB junto ao Ministério da Justiça, Carvalho Neto foi libertado.Muitos políticos da UDN acusavam seus adversários da esquerda nacionalista de terem atividades subversivas, envolvendo-os em algum IPM, de maneira a eliminar a concorrência. Com a implantação do bipartidarismo pelo AI-2, Aluízio Alves filia-se à Arena, partido do governo, e consegue eleger-se deputado federal em 1966. Consegue também eleger seu sucessor a governador, Walfredo Gurgel, derrotando Dinarte Mariz, maior inimigo político de Aluízio Alves. Mesmo fazendo parte da mesma legenda, a convivência entre dinartistas e aluizistas tornava-se cada vez mais difícil. Por isso, a Arena no Rio Grande do Norte ramifica-se em duas: Arena verde, liderada por Aluízio Alves e, Arena vermelha, liderada por Dinarte Mariz.Devido a grande influência junto ao governo Costa e Silva, Dinarte Mariz faz sérias acusações ao governo de Aluízio Alves, que desembocaram no seu processo de cassação, entre elas destacaram-se: populismo, corrupção, abuso do poder econômico durante as eleições e atos incompatíveis com o golpe de 1964. Com isso, em 1969, por meio do AI-5, Aluízio têm seus direitos políticos cassados até 1973. Assim como seus irmãos Agnelo e Garibaldi Alves. Durante este período, a família Alves ingressou no MDB, como única alternativa de oposição, mas sem respaldo político. A partir de 1970, as eleições para governo passam a ser indiretas, dando vantagens apenas aos políticos da Arena, ou seja, o partido da situação.O norte-rio-grandense Dinarte Mariz foi um grande defensor do regime militar. Nos seus discursos no Senado federal, ele sempre reafirmava seu compromisso com os militares. Considerava-se o defensor da "Revolução e das Forças Armadas contra as investidas dos comunistas e daquelas áreas que contestavam o regime (...)" (MARIZ, 1980, p. 66). (Por Maria Auxiliadora Oliveira da Silva e Neily Lopes Duran).Articulações políticas que levaram Aluízio Alves a vencer a campanha de 1960. A crise da hegemonia política oligárquica no Rio Grande do Norte, abriu caminho para que o populismo ganhasse espaço junto à sociedade. Essa hegemonia política oligárquica era instituída pelas representações locais dos partidos UDN - do qual fazia parte Aluízio Alves - , e PSD, que desde 1947 revezaram-se no poder do Estado, garantindo os interesses das oligarquias, das quais eram os seus fiéis representantes.A partir de 1960, a sustentação desse sistema político, voltado para a manutenção dos interesses oligárquicos, já dava sinais de enfraquecimento e crise, pois, no cenário econômico e social do Rio Grande do Norte tinham ocorrido mudanças significativas, como por exemplo, a atuação da burguesia e da classe média em prol da industrialização do Estado, que exigiam uma nova postura dos políticos que pretendessem alcançar e se manter no poder.Neste contexto, se um político se comprometesse com a causa da industrialização contaria com o apoio dessas classes emergentes e poderia assegurar um bom desempenho em sua escalada política. Aluízio Alves fez mais do que isso. Apresentando-se como uma figura política inovadora capaz de romper com o atraso político e econômico, patrocinado pelas oligarquias, ganhou rapidamente o apoio da burguesia e da classe média, e, além disso, utilizando-se de práticas notoriamente populistas do tipo assistencialista e paternalista junto às camadas sociais mais carentes ganhou o apoio também da população sofrida.Já em 1942, Aluízio Alves demonstrava a que veio quando se lança a frente de uma campanha de Assistência aos Flagelados da Seca, que houve naqueles anos, e depois ao tornar-se diretor da LBA no Estado. Quatro anos depois já era deputado federal pela UDN, conseguindo ainda três mandatos depois desse, 1950, 1954 e 1958, como deputado federal.Em 1958, Aluízio Alves começa a maquinar a sua candidatura ao governo do Estado nas eleições de 1960.Mais uma vez Aluízio Alves utilizava-se de práticas de cunho puramente assistencialistas e imediatistas, porém que obtiveram grande impacto nos extratos populares. Foi com esse objetivo que ele apresentou um projeto à Câmara que fora transformado em lei, chamada "Crédito de Emergência", que teve grande importância durante sua campanha eleitoral, tornando-se um de seus carros-chefes. Em 1960, o destino político de Aluízio Alves, começou a ser definido com relação à postura política que teria durante a campanha. Primeiramente rompeu com Dinarte Mariz, por este não ter aceitado a indicação de José Augusto, feita por Aluízio Alves, à candidatura do Senado. Depois deixou a legenda da UDN, e passou a assediar o PSD em busca de encabeçar a sua chapa para governador, o que é aceita por Theodorico Bezerra, líder do PSD no Estado e pretenso candidato a governador, ao ser aconselhado pelo então presidente Juscelino Kubitschek. Durante as conversações para coligação de partidos políticos, Aluízio Alves demonstrou ser um grande articulador político, pois conseguiu manter o apoio em torno de sua candidatura, de diversos partidos - ignorando as chamadas correntes ideológicas - tais como: PIB, PTN, PDC, PSP, PSB, e de alguns dissidentes da UDN local e, além disso, ainda tentava o apoio do comando nacional da UDN. Foi na sua campanha para governador do Estado do Rio Grande do Norte em 1960, que Aluízio Alves pôs em prática toda a sua capacidade em ser um político demagogo, populista e oportunista. (Por Walter José da Silva) Itamar e Aluízio Alves defendem transposição do rio São FranciscoSe como presidente da República ele deu total apoio ao então ministro da Integração Regional, Aluízio Alves, para desenvolver o projeto da transposição do rio São Francisco, não seria como governador do Estado de Minas Gerais que ele se oporia ao projeto. Foi isso o que deixou evidenciado o governador Itamar Franco, ao dar depoimento ontem à tarde na comissão especial da Câmara que discute o projeto. "Mesmo sendo Minas responsável por 70% das águas do rio São Francisco, o Estado não é dono do rio", disse o governador. Se Minas, que tem a maior parte do rio e será apenas doadora apóia o projeto, por que outros Estados hão de ser contra?". A pergunta ficou implícita nos inúmeros elogios que os participantes do Grupo de Estudos da Transposição do rio São Francisco na Câmara fizeram à postura do governador mineiro. Até Haroldo Lima (Pcdo-BA), um dos deputados que mais criticam o projeto, parabenizou a idéia de Itamar, mas fazendo ressalvas. "Paralelo a esse debate temos que barrar a privatização da Chesf e lutar pela transposição do Tocantins. Pois não queremos água só para beber, queremos industrializar o Nordeste", disse. Itamar Franco lembrou ainda que o Estado é responsável por 50% da água atualmente consumida pelo Nordeste. A audiência pública da Comissão Especial durou três horas e meia. Além do governador Itamar Franco, participaram dos debates o ex-ministro Aluízio Alves e o atual secretário nacional de infra-estrutura hídrica, Rômulo Macedo, do ministério da Integração Nacional. Ele foi um dos responsáveis pelo projeto original e atualmente é o gerente do projeto em fase de conclusão. Coube a Rômulo explicar as alterações previstas no projeto atual, cujas obras têm início programado para o segundo semestre deste ano. O ex-ministro Aluízio Alves fez uma retrospectiva do projeto reivindicado há mais de 150 anos pelos nordestinos. Ele criticou os parlamentares que se opõem a obra e defendeu o uso racional e múltiplo do rio São Francisco.Segundo Aluízio, o projeto atual deve ser executado e, no futuro, poderá ser feita a integração das bacias do São Francisco com a do Tocantins. Pelo projeto em discussão, a vazão de 70m3 por segundo atenderia a demanda dos Estados beneficiados com a transposição. Depois poderíamos pensar na integração de outras bacias. Aluízio Alves lembrou ainda que teve apenas seis meses para elaborar o projeto e deixou tudo pronto para as licitações no final do governo Itamar Franco. Até os editais estão incluídos nos 228 volumes do projeto. Depois vieram as ações judiciais. Foram sete ao todo, uma deles movida pelo atual ministro da Previdência Social, Valdeck Ornelas, do PFL da Bahia. Além do deputado Henrique Alves, que preside a comissão, participaram da audiência os deputados Betinho Rosado e Lavoisier Maia, do PFL, Múcio Sá e o senador Agnelo Alves, ambos do PMDB. Betinho elogiou as declarações do ex-presidente Itamar Franco e salientou o empenho do ex-ministro Aluízio Alves na elaboração do projeto.
Para o presidente da comissão, Henrique Alves, depois do debate, a comissão tomou outro rumo, já que o apoio de Minas Gerais significa um grande avanço no debate travado entre os parlamentares. O Rio Grande do Norte vai começar, a partir de hoje, a engatinhar de novo com relação a sua vida política, não só da cidade de Natal, mas de todo o Estado", disse o filho. Ele lembrou de sua mãe, que também faleceu, e da falta que ela faz, principalmente neste mês, quando se comemora o Dia das Mães.O seu filho, Aluízio Alves Neto, diz que espera pela felicidade de seu avô, para onde ele for. "Me sinto muito triste, não sei como expressar. Mas espero que Deus o receba de braços abertos, pois ele era um homem bom e merece o repouso", afirma.O neto do ex-ministro disse ainda que lembrará de seu avô pela coragem, como um ideal de justiça, que marcou a sua vida. Além disso, ele lembra que o seu avô sempre valorizou a importância da família, para crescer na vida.Além da família, diversos amigos estiveram no hospital atrás de maiores informações e visitar Aluízio Alves. O amigo e aliado político, Fernando Freire, falou de sua admiração pelo ex-governador e por sua vida política. "Na verdade ele vivia política e toda a nova geração de políticos do Estado deve absorver algum conhecimento dele, já ele foi um mestre, que deixa Henrique como seu sucessor. Admiro sua obstinação, solidariedade e como ele era verdadeiro", disse o ex-governador. Fernando Freire lembrou da história de sua vida política ao lado de Aluízio Alves e do apoio que ele sempre obteve. "Em 1994 formei chapa com Garibaldi e lembro que Aluízio sempre foi ativo nas decisões e discussões dentro do partido. Quero levar essa imagem comigo", afirma Freire. Outro companheiro do ex-ministro, Francialdo Nunes, o Coronel Nunes, defendeu a contribuição política dada por ele. "Considero imensurável a contribuição dada por este homem, que será insubstituível", lembrou Nunes.O presidente da Assembléia Legislativa, Robinson Faria, também falou da importância do político e da lacuna que irá deixar. "Acho que ele é o maior nome da política do Rio Grande do Norte, com a carreira mais completa e referenciada. A bibliografia dele é a mais completa que conheço. Considero que ele foi o norte-rio-grandese que mais se dedicou à vida pública", disse.Ele lembrou do ano de 1986, quando foi eleito o deputado mais jovem do Estado, com Aluízio Alves ao seu lado. "Fiquei impressionado com aquele homem e o poder que ele tinha de convencer e atrair a atenção das pessoas. Nunca imaginei que pudesse existir alguém tão vivo, tão determinado como ele", lembra.O aliado político de Aluízio Alves, o ex-governador Geraldo Melo disse emocionado que é muito difícil dizer algo no momento, mas ressaltou a força e obstinação do ex-ministro. "Ele mostra neste restinho de vida coragem e determinação que sempre marcou sua vida. Na última semana estive com ele, que debateu comigo alguns de seus planos para a campanha deste ano. Isso prova o quanto ele é ativo e lutador, mesmo na idade que se encontra", afirma.Geraldo Melo relembrou os tempos em que eles se conheceram, com ele ainda adolescente. "Posso afirmar com certeza que ele me influenciou na minha vida política e pessoal. Ele é um marco de doação, afeto e amizade", lembrou Geraldo Melo.Antes da notícia, dada por Aluízio Filho, ainda era possível ouvir os comentários de esperança na recuperação do político. O prefeito de Natal, Carlos Eduardo, sobrinho de A.A, acreditava nesta recuperação, considerada por ele como milagrosa. "O que podemos fazer é continuar com a fé em Deus e esperar que ela possa voltar a conviver com nós os familiares e os amigos. Ele nunca foi de entregar o jogo, sempre lutou.", afirma o prefeito. Essa também foi a mensagem do ex-governador e sobrinho de Aluízio, Garibaldi Alves Filho, ao dizer que tinha fé em Deus e a família tinha a esperança numa recuperação. "Tenho fé que tudo dará certo, esperamos que no fim de semana ele melhore", acreditava.Políticos lamentam morte de Aluízio Alves Antigos correligionários de Aluízio Alves, Sandra, Laíre e Larissa Rosado prestaram solidariedade à família Alves na Casa de Saúde São Lucas e comentaram a perda do antigo companheiro.A deputada estadual Larissa Rosado (PSB) disse que ele ficará na lembrança de todos os potiguares. "Ele foi um grande político, uma das maiores lideranças de nosso Estado e vai ficar na lembrança de todos os potiguares", frisou.A deputada federal Sandra Rosado afirmou que a morte de Aluízio encerrou um ciclo na história do Rio Grande do Norte. "Aluízio foi uma das grandes lideranças de nosso Estado, sua morte encerra um ciclo de grandes lideranças como Vingt Rosado e Dinarte Mariz. Ele foi um político sempre à frente de seu tempo, em suas campanhas e ações administrativas. Lamento profundamente a sua morte pelo exemplo que ele foi para todos nós", destacou. Para o secretário da Agricultura, da Pecuária e da Pesca, Laíre Rosado, Aluízio Alves foi um verdadeiro revolucionário em vários aspectos. "Aluízio Alves foi o maior líder político de minha geração. Revolucionou o Estado com seu estilo de fazer campanha. Foi o primeiro político no RN a usar pesquisas, descentralizou a administração pública e terá o seu nome registrado na história nacional através de sua liderança política e participação administrativa como ministro de Estado em duas ocasiões", destacou.Aluízio Alves, amado e odiado pelo povo do RN
Jurandy da Nóbrega
Especial para O JORNAL DE HOJE
Aluízio Alves foi um vocacionado para o jornalismo e para a política. Na adolescência editou um jornal mimeografado em Angicos, sua cidade natal, e quando ainda não era eleitor, já exercia militância no Partido Popular liderado por José Augusto. Na vida pública foi deputado federal, governador e ministro de dois governos. Entra para a história do Rio Grande do Norte pelo que fez de certo e errado. Enaltecido pelo que fez pelo desenvolvimento do Estado e pelos atos de perseguição contra os que divergiam da sua liderança política. Não devemos retornar ao passado. Derrotando o bacurau-chefe vocês estarão colaborando para que eu possa sepultar, em caráter definitivo, sete palmos abaixo da terra, o ódio à perseguição e a mentira", disse o engenheiro José Agripino Maia no primeiro comício da campanha de 1982, na Avenida Presidentes Bandeira, no bairro do Alecrim.Como jornalista, era conhecido pelo "texto pesado" usado nas matérias que escrevia. No governo democrático de Getúlio Vargas, foi redator-chefe da Tribuna de Imprensa, jornal oposicionista comandado por Carlos Lacerda no Rio de Janeiro.O exercício do primeiro mandato popular de AA foi aos 23 anos, quando da queda da ditadura Vargas. Foi eleito o mais jovem constituinte de 1946, passando depois a integrar, ao lado do brigadeiro Eduardo Gomes, Carlos Lacerda, Magalhães Pinto, José Aparecido de Oliveira, Juarez Távora e outros líderes, a União Democrática Nacional (UDN), mais tarde apelidada de "partido da eterna vigilância".
No início da carreira política, Aluízio foi dinartista. Seguiu a orientação do líder udenista potiguar a quem apoiou em 1955 para o governo estadual, com a esperança de ser por ele apoiado na sucessão de 1960.As divergências entre Dinarte e Aluízio se aprofundaram, não sendo possível evitar o rompimento da criatura com o criador, por conta da opção de Mariz pela candidatura do deputado federal udenista Djalma Aranha Marinho.
Para compensar o prejuízo político, Aluízio aliou-se a um dos seus mais ferrenhos adversários políticos, o líder do PSD e juscelinista Theodorico Bezerra, formando uma aliança política denominada "Cruzada da Esperança" com a participação do PSD, PSB, PTN e uma ala dissidente da UDN dinartista.Djalma, candidato a governador e Vingt Rosado, a vice-governador, foram derrotados. Aluízio Alves conquista a sua mais brilhante vitória política.
RATO BRANCO
Ao tomar conhecimento do resultado oficial do pleito, Djalma Marinho envia telegrama ao vitorioso desejando-lhe um bom governo. "Essa mensagem foi simplesmente ignorada por Aluízio que nas comemorações da vitória insistia nos ataques aos adversários, principalmente o governador Dinarte ao qual apelidara de "rato branco", por conta dos cabelos brancos do seu ex-líder político. "Jamais perdoarei Aluízio pelos ataques mentirosos que fez a pessoa de Dinarte", diz o servidor aposentado Paulo Mariz, sobrinho do ex-senador.Duplo posicionamento em 1964: Aluízio Alves “acendeu uma vela a Deus e outra ao Diabo” Udenista e lacerdista de carteirinha, Aluízio Alve teve duplo posicionamento político em várias ocasiões, principalmente em 31 de março de 1964 quando os militares derrubaram o governo democrático do presidente João Belchior Marques Goulart, do PTB.
Ao lado dos dirigentes das unidades militares da capital, comandou as ações de represália contra os que discordavam do golpe. Em nota publicada na Tribuna do Norte no dia 02 de abril de 1964, AA lamentava que o presidente Jango, a quem reconhecia e proclamava os "inestimáveis serviços prestados ao Rio Grande do Norte, não tenha podido impedir a radicalização das posições ideológicas e políticas, conduzindo o País a um impasse intolerável".Criou a "Comissão Especial de Inquérito" para investigar os adversários do novo regime, permitindo que se chegasse até a prisão do prefeito de Natal, Djalma Maranhão, seu antigo aliado, mas que ficou ao lado de Jango Goulart.Com o aval de Aluízio as forças da repressão foram ao gabinete do Palácio Felipe Camarão e arbitrariamente gritaram: "Acabou a baderna! Pra fora comunistas filhos da puta". Djalma Maranhão saiu de lá direto para a cadeia.Para ficar no poder Aluízio fez o jogo da ditadura. Trouxe de Pernambuco para o RN, um tal de Carlos Moura de Morais Veras, treinado pela CIA norte-americana e que comandou a tortura e a prisão de líderes potiguares.O relatório Veras publicado no jornal O POTI em 27.09.64 indiciou 83 pessoas, dentre elas José Rodrigues Sobrinho, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais, amigo de Dom Eugênio Sales e as pedagogas Salete Lucena, Laly Carneiro e Margarida Cortez, do programa "De pé no chão também se aprende a ler".Outros líderes foram perseguidos por Aluízio e pelos comandantes da "revolução" - Luiz Maranhão, Luiz Gonzaga dos Santos, José Macedo, Omar Pimenta, Moacir de Góis, Aldo da Fonseca Tinoco e o professor e ex-presidente da OAB, Hélio Xavier de Vasconcelos, secretário de Educação no primeiro governo de José Agripino. (JN)Preferência inicial foi pelo partido da ditadura. A prova maior do apoio que Aluízio Alves deu ao regime militar foi a sua opção pela ARENA, partido de apoio ao regime do arbítrio e da exceção. Foi líder da "Arena verde" pela qual se elegeu deputado federal nas eleições de 1966 após ter combinado com o marechal Castelo Branco quem seria o seu substituto no "Palácio da Esperança". O ungido e sacramentado foi monsenhor Walfredo Dantas Gurgel.Por ser lacerdista Aluízio não teve o mandato de governador cassado. O presidente Castelo Branco era de origem udenista e muito ligada ao governador Carlos Lacerda, a Magalhães Pinto, Juarez Távora e Eduardo Gomes.A cassação do político norte-rio-grandense se deu em 1969 quando da edição do AI-5. Cassado e com os direitos políticos suspensos por um período de 10 anos, mesmo assim o ex-governador não esqueceu o governo que comandava a ditadura udenista de 1964.Ingressou no MDB, mas, na verdade, nunca foi fiel ao partido do doutor Ulysses Guimarães. Ele e o filho Henrique traíram a legenda, aliando-se a Arena liderada por Tarcísio Maia. Foi a chamada "Paz Pública" na qual Aluízio trabalhou e conseguiu derrotar o candidato do MDB, Radir Pereira.Enfrentou dificuldades graças a reação do radialista Carlos Alberto de Sousa, ex-vereador, ex-deputado estadual e candidato a deputado federal. Carlos reagiu e conseguiu derrotar o filho de Aluízio na capital. O "acórdão" da Paz Pública de 1978 ficou muito caro para Aluízio Alves. Os "bacuraus" foram para o governo, gostaram da maneira como Tarcísio Maia tratava a todos eles e quando o rompimento político aconteceu, eles, exceção do vice-governador Geraldo Melo, não tiveram como abandonar as "tetas do poder".
Resultado: Aluízio foi derrotado por José Agripino por mais de 107 mil votos de maioria.
"Foi a mais acachapante derrota política da nossa família", declarou na época o jornalista e atual prefeito de Parnamirim, Agnelo Alves (JN).Cadê os 94 milhões roubados dos flagelados da emergência?"No exercício da minha atividade de repórter político desde 1980 no Rio Grande do Norte, confesso que o momento mais tenso que presenciei na campanha política de 1982 foi quando Aluízio Alves comandou uma passeata que saiu do Castelão (hoje estádio Machadão) com destino a Praia do Meio.Quando a multidão se encontrava em frente a residência oficial do governador na Hermes da Fonseca, Aluízio Alves mandou parar a carreata com o pessoal carregando bananeiras e mamoeiros nas costas e mandou que Souza Silva, seu locutor oficial, anunciar que ele iria falar.De microfone na mão, Aluízio se dirigiu ao governador Lavoisier Maia: "Governador, você não foi eleito pelo povo para governar o meu Estado e tem provado que é incompetente. E mais: cadê os 94 milhões que você roubou dos flagelados da seca para gastar na campanha do seu candidato José Agripino?".Foi um Deus nos acuda. Na residência oficial, a então primeira dama, Wilma de Faria Maia, não escondia a sua preocupação ao lado dos filhos.O secretário-chefe da Casa Militar, coronel Maia, queria reagir jogando a polícia contra o povo com a intenção de prender Aluízio Alves. Lavoisier não permitiu: "Tenha calma Maia. Aluízio quer um cadáver para derrotar Zé Agripino". Não houve reação. Aluízio continuou com a passeata até a praia.Anos depois, Aluízio estava no mesmo palanque de Lavoisier Maia pedindo ao povo que o elegesse governador e derrotasse Agripino. Agripino foi eleito no segundo turno e Aluízio e Lavoisier Maia foram derrotados, mas continuaram sendo amigos.Coisas da política. (JN).
Aluízio Alves morre aos 84 anos de idade
Bruno Barreto
Da Redação
Morreu ontem, às 14h55, vítima de falência múltipla dos órgãos o ex-governador do Rio Grande do Norte e ex-ministro de Estado, Aluízio Alves, considerado uma das maiores lideranças políticas do Rio Grande do Norte em todos os tempos.Aluízio Alves vinha agonizando desde a última quarta-feira quando sofreu uma parada cardiorrespiratória em seu apartamento e foi socorrido pelo Samu que o encaminhou para a Casa de Saúde São Lucas.Na última sexta-feira, o seu quadro clínico tinha apresentado uma pequena melhora e os médicos já tinham suspendido a medicação de indução a coma, no entanto na madrugada deste sábado o ex-governador apresentou novas complicações e teve a morte cerebral constatada às 9h de ontem. Durante todo o dia de ontem o clima de comoção era muito grande e a agonia da família Alves durou até a metade da tarde de ontem.O velório está sendo realizado no Palácio da Cultura, antigo Palácio da Esperança, local onde Aluízio Alves exerceu o cargo de governador do Estado entre 1961 e 1966. O enterro está previsto para às 16h no Cemitério Morada da Paz.Nascido em Angicos, Rio Grande do Norte, no dia 11 de agosto de 1921, Aluízio Alves estreou na política como deputado constituinte e deputado federal, na legenda da União Democrática Nacional (UDN), em 1946. Foi reeleito para três mandatos, renunciando em 1961 para concorrer ao governo do seu Estado, o qual administrou até 1966. Apoiou o movimento militar de 1964 e, com a instauração do bipartidarismo, filiou-se ao partido do governo, a Aliança Renovadora Nacional (Arena). Elegeu-se deputado federal por seu Estado, de cumprindo mandato de 1967 e 1969, quando foi cassado e teve seus direitos políticos suspensos, por força do Ato Institucional nº 5 (AI-5), sob alegação de corrupção. O processo em que foi indiciado pela Comissão Geral de Investigações do Ministério da Justiça foi arquivado, em 1973, por falta de provas. Filiou-se ao partido da oposição, o Movimento Democrático Brasileiro (MDB). Com o fim do bipartidarismo, ajudou a fundar o PMDB
Aos 84 anos, morre o ex-ministro Aluizio Alves
Juliano de Souza
Da Agência Estado
Natal, RN, 06 (AE) - Último remanescente da Constituinte de 1946, amigo de Carlos Lacerda, político precursor do marketing eleitoral no Nordeste e que montou o maior grupo de comunicação do Rio Grande do Norte, Aluizio Alves, 84, morreu ontem (6) às 14h45 depois de quatro dias de internação na Casa de Saúde São Lucas, no bairro Tirol em Natal. Na quarta-feira (03), o líder do PMDB no Rio Grande do Norte sofreu paradas cardíaca e respiratória e entrou em coma induzido. Neste sábado, pela manhã, foi constatada a inatividade cerebral do paciente por uma junta de cinco médicos. Ele conseguiu reunir com sua agonia, políticos adversários como seu filho, deputado Henrique Eduardo (PMDB) e a governadora Wilma de Faria (PSB). Aluizio foi ministro da Administração e da Integração Regional, nos governos dos presidentes José Sarney e Itamar Franco, respectivamente. Governador que marcou época no Estado, entre 1960 e 1965, ele tinha grandes chances de ser o candidato a vice-presidente em uma eventual candidatura do mineiro Magalhães Pinto, em 1965. Conseguiu manter relacionamento direto com a Casa Branca no início dos anos 1960, articulando a vinda do presidente John Kennedy ao Rio Grande do Norte para dezembro de 1963, que morreria, assassinado um mês antes. Foi no governo de Alves, que Paulo Freire implantou a revolucionária experiência de alfabetizar agricultores em 40 horas de aulas em Angicos, terra natal dele, naquele mesmo ano.
O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves Filho (PMDB), sobrinho e herdeiro político de Aluizio Alves, disse depois do falecimento do ex-ministro que o Rio Grande do Norte perdeu seu maior líder político dos últimos tempos e "sua obra política repercutiu sobre várias gerações norte-rio-grandenses e seu exemplo de firmeza, coragem e abnegação às causas populares devem ser seguidas pelas novas gerações". O ex-governador se distinguiu por adotar a cor verde e de ser o porta voz da esperança, realizando vigílias cívicas nas campanhas dos anos sessenta, por conseguir eleger um padre para o governo (1965) e um marinheiro para o Senado (1974). Em 1982, depois de uma década proscrito, cassado pelo regime militar, que chegou a apoiar em algum momento, Aluizio sofreu a derrota mais amarga para um jovem político : José Agripino Maia, hoje líder do PFL e um dos maiores adversários do governo Lula.Apesar das disputas políticas, a governadora Wilma de Faria que prestou solidariedade a família Alves durante os quatro dias de internação do patriarca, ela já havia reconhecido há dois dias que o ex-ministro foi o maior político do Estado. "Um líder nato jornalista de grande talento, ingressou na política por vocação e construiu uma biografia que transcendeu nossos limites", frisou Wilma. "Nesta hora, não há espaço para divergências ou antagonismos",acrescentou.Aluizio, que colecionou como ninguém no Estado, admiradores, fãs obstinados e inimigos, como hábil estrategista, será velado no Palácio da Cultura, a partir de onde liderou tantas passeatas, na Cidade Alta se será sepultado neste domingo (7) às 16h no cemitério Morada da Paz, zona sul natalense.Podemos afirmar que o paciente não sentiu dor’A equipe médica que acompanhou o ex-ministro Aluizio Alves durante as 72 horas de internação na Casa de Saúde São Lucas foi formada por Ricardo Bittencourt, Miguel Angel Sicolo, Sérgio Peçanha, Andrei Medeiros e Djacir Dantas. Os cinco receberam total apoio da família do jornalista e, ontem, após o falecimento, falaram à imprensa:
Qual pode ser considerada a causa principal da morte do ex-ministro Aluizio Alves? A parada respiratória foi o que motivou todos os demais problemas?RICARDO BITENCOURT - A parada respiratória provocou, de fato, uma lesão cerebral importante. Tudo isso veio a desencadear esse quadro de falência múltipla dos órgãos. EM QUAL momento foi constatado que não havia mais esperança de vida?
POR volta das 10 horas da manhã, informamos a família da gravidade do quadro, praticamente irreversível. Uma falência múltipla dos órgãos, na idade dele, torna o quadro praticamente irreversível. FOI o momento da chamada morte cerebral? VULGARMENTE pode se dizer que sim, pois o cérebro para de funcionar.ENTÃO as melhorias apresentadas na sexta-feira não vieram a se consolidar?NÃO. A segunda tomografia (realizada na sexta-feira) não mostrou lesões exuberantes. Houve um certo entusiasmo, mas nós sabíamos que lesões outras, que também são muito importantes, poderiam ter ocorrido.ISSO ficou comprovado após a suspensão do coma induzido?
A PARTIR do momento que suspendemos a medicação, pudemos detectar que o cérebro não estava funcionando. Estava sem reflexos.
A FAMÍLIA se consolou com o fato de que Aluizio Alves não sentiu dor. Isso ocorreu de fato?
O PACIENTE não sentiu dor hora nenhuma, podemos afirmar isso.A POPULAÇÃO pode ficar tranqüila com as providências que foram tomadas em todo esse período?
MIGUEL ANGEL - Todas as medidas técnicas que a Medicina determina para esse tipo de caso foram tomadas, com esforço, pela equipe.
DE qualquer forma, desde o início se tinha uma noção de que o quadro era gravíssimo?
SIM. Muito grave.QUEM comunicou a família da irreversibilidade do caso?TODA a equipe, em uma reunião com os familiares, na manhã de hoje (ontem).A PRIMEIRA complicação após o paciente ser induzido ao coma, os problemas renais, tiveram que importância no quadro final da falência múltipla dos órgãos?
ANDREI MEDEIROS - Doutor Aluizio manifestou um começo de recuperação do prejuízo funcional dos rins pós-parada cardíaca, ontem (sexta-feira), mas depois, junto com a falência dos demais órgãos, esses sinais de melhora não se consolidaram e os problemas renais acabaram contribuindo com o falecimento dele.
HÁ como listarmos de que forma os órgãos foram sendo atingidos na falência múltipla?
NÃO, pois é um processo simultâneo, que ocorre progressivamente. TUDO que era possível se fazer, foi feito pela equipe médica?
SIM. Tudo que era possível.O adeus dos familiaresA convocação feita equipe médica que acompanhava Aluízio Alves para reunir os familiares no hospital era o chamado que soou como o desfecho da luta pela vida do ex-ministro. Às 15h deste sábado, filhos, irmãos e sobrinhos foram informados de que Aluízio Alves não havia resistido.A notícia deixou todos muito comovidos. Um choro que ecoou por toda Casa de Saúde São Lucas. Familiares choraram pela partida do patriarca que deixou quatro filhos. O deputado Henrique Eduardo, muito abalado, chorou a morte do pai, mas não esqueceu de agradecer a população pelas orações feitas nos últimos dias.
"Lamentavelmente ele não resistiu. Ele lutou como pode. Quero agradecer as pessoas que rezaram. Orações, mensagens, agradeço por todos os gestos. Obrigado por tudo", disse o deputado Henrique Eduardo. O empresário Aluízio Alves Filho disse que o momento era muito difícil, mas estava confortado com a solidariedade dos amigos. " O momento é difícil, sofrido, mas a amizade dos amigos, de cada norte-rio-grandense nos conforta muito."
Aluízio Filho afirmou que a grande lembrança deixada pelo pai para filhos, netos e bisnetos foi o amor que o povo do Rio Grande do Norte demonstrou pelo líder político em todas as horas.
Um dos mais emocionados era o irmão de Aluízio Alves, o prefeito de Parnamirim Agnelo Alves. Muito abalado, ele disse: "o sentimento é maior do que eu possa expressar. Nesse momento não dá para falar, é muito difícil."O neto de Aluízio Alves, Aluízio Neto, disse que o momento era de tristeza. "Que ele tenha muita paz e tranquilidade, que ele merece. Que Deus possa recebê-lo de braços abertos, receber essa pessoa que fez muito por todos nós. Não vamos esquecer do sentimento de luta e seu ideal de justiça", completou. O sobrinho do ex-ministro e prefeito de Natal Carlos Eduardo lembrou da liderança política exercida por Aluízio Alves. " Ele foi um grande líder político da história do Rio Grande do Norte. Um homem que transformou o Rio Grande do Norte."O prefeito disse que tinha como grande lembrança do tio o líder político que ele foi e o trabalho feito pelo Rio Grande do Norte. "Ele foi deputado federal, governador, ministro de Estado duas vezes. Onde exerceu cargo público ele o fez com projetos importantes que transformaram para melhor a vida do Rio Grande do Norte e do Brasil", completou.
Os filhos de Aluízio Alves, o deputado federal Henrique Eduardo Alves, a ex-deputada Ana Catarina Alves, o empresário Aluízio Filho e o jornalista Henrique José permaneceram nos últimos três dias na Casa de Saúde São Lucas, acompanhando de perto o pai.Com o anúncio da morte, muitos familiares não tiveram condições de falar. O choque e a dor da perda se transformaram em uma grande barreira.
Durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva, o ex-ministro recebeu também a visita de líderes religiosos das mais diversas congregações, católicos e evangélicos. Na última sexta-feira, monsenhor Lucas Batista visitou o ex-ministro. Boletins médicos apontavam para piora no estado de saúdeOs boletins apontavam para piora crescente no seu estado de saúde. Mesmo assim, muitos ainda tinham esperança. Uma esperança que acabou exatamente às 14h55. O chamado da equipe médica para reunir todos os familiares na sala de UTI onde se encontrava o jornalista, deu o tom da triste notícia. O choro ecoou entre familiares, amigos e admiradores do ex-ministro. Nesse momento, os lenços verdes, tantas vezes acenado pelos antigos eleitores nas campanhas para deputado federal e governador, serviram para enxugar as lágrimas pela sua morte. O saguão de entrada da Casa de Saúde São Lucas, que por três dias acolheu centenas de pessoas em busca de notícias do líder político, ou que prestavam apoio aos familiares e rezavam pelo restabelecimento do jornalista, ficou silencioso e muito triste.
Admiradoras de Aluízio Alves, eleitoras que desde a década de 60 acompanhavam sua trajetória política, choraram compulsivamente. Era o choro do adeus ao líder e ídolo.
O caixão levando o corpo do líder político deixou o hospital às 15h55, uma hora após seu falecimento. Para trás, ficaram não apenas amigos e parentes, mas toda uma história de lutas, vitórias e, principalmente, muita esperança. Último remanescente da Constituinte de 1946, amigo de Carlos Lacerda, era considerado como o político precursor do marketing eleitoral no Nordeste Na quarta-feira (03), o líder do PMDB no Rio Grande do Norte sofreu paradas cardíaca e respiratória e entrou em coma induzido. Neste sábado, pela manhã, foi constatada a inatividade cerebral do paciente por uma junta de cinco médicos. Aluízio foi ministro da Administração e da Integração Regional, nos governos dos presidentes José Sarney e Itamar Franco, respectivamente. Governador que marcou época no Estado, entre 1960 e 1965, ele tinha grandes chances de ser o candidato a vice-presidente em uma eventual candidatura do mineiro Magalhães Pinto, em 1965. Conseguiu manter relacionamento direto com a Casa Branca no início dos anos 1960, articulando a vinda do presidente John Kennedy ao Rio Grande do Norte para dezembro de 1963, que morreria, assassinado um mês antes. Governadora decreta luto oficial
A governadora Wilma de Faria (PSB) decretou luto oficial de três dias pela morte do ex-governador, ex-deputado federal e ex-ministro Aluizio Alves, ocorrida às 15h de ontem, na Casa de Saúde São Lucas, onde o líder político norte-rio-grandense estava hospitalizado desde a tarde de quarta-feira, dia 3, depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória em seu apartamento, no Alto da Candelária.O prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PSB), também decretou luto de três dias pela morte do tio Aluizio Alves. O decreto vigora a partir de hoje, com a assinatura do prefeito, mas só vai ser publicado no "Diário Oficial do Município" desta terça-feira, 9.
Por conta da morte do ex-ministro Aluizio Alves, a governadora Wilma de Faria adiou a viagem que faria hoje à tarde para Brasília, onde teria audiências amanhã e terça-feira, dia 9, com três ministros do governo Lula e com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Ellen Gracie.O secretário de Comunicação do Governo do Estado, jornalista Rubens Lemos Filho, informou que a governadora participará de todas as exéquias fúnebres de Aluizio Alves, que por ter sido governador do Rio Grande do Norte (1961/1966) será enterrado com honras militares.Como o "Diário Oficial do Estado" não sai no fim de semana, o decreto de luto oficial em memória de Aluizio Alves só será publicado na edição de terça-feira, dia 9.