quarta-feira, junho 13, 2012

PGR pede abertura de inquéritos para investigar Perillo e Agnelo


Fabiano Costa *Do G1, em Brasília
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Agnelo Queiroz (esq.) e Marconi Perillo em depoimentos à CPI do Cachoeira (Foto: Wilson Dias / Ag. Brasil)Agnelo Queiroz (esq.) e Marconi Perillo durante os
depoimentos que prestaram à CPI do Cachoeira
(Foto: Wilson Dias / Ag. Brasil)
A Procuradoria Geral da República informou que protocolou no Superior Tribunal de Justiça (STJ) pedidos de abertura de inquérito para investigar os governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), e do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT).
Segundo a assessoria da PGR, o procurador-geral Roberto Gurgel pediu  na terça (12) autorização para abrir inquérito a fim de apurar informações da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal , relacionadas aos dois governadores.
No caso de Agnelo Queiroz, de acordo com a assessoria, são dois pedidos de inquérito. Além do relacionado à Operação Monte Carlo, há outro, para apurar supostas irregularidades no período em que o atual governador do Distrito Federal era diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), entre 2007 e 2010.
O procurador-geral fez os pedidos ao STJ porque é a instância do Judiciário na qual tramitam processos na esfera penal relacionados a governadores de estados.
A Monte Carlo foi a operação da Polícia Federal que em fevereiro resultou na prisão do contraventor Carlos Augusto da Silva Ramos, o Carlinhos Cachoeira, apontado como cheque de uma quadrilha que explorava o jogo ilegal em Goiás. Uma CPI no Congresso Nacional apura as relações entre Cachoeira, políticos e autoridades, entre as quais Perillo e Agnelo, que prestaram depoimentos à comissão nestas terça (12) e quarta (13), respectivamente.
Segundo a assessoria da PGR, os três pedidos estão sob segredo de Justiça. O órgão não informa qual será o foco das investigações.
O inquérito que pretende apurar supostas irregularidades na Anvisa durante a gestão de Agnelo na agência foi repassado para o presidente da Corte, ministro Cesar Asfor Rocha.
Os demais pedidos de Gurgel, para investigar suspeitas surgidas em meio à operação Monte Carlo, um relacionado a Perillo e outro ao governador do Distrito Federal, foram distribuídos para a ministra do STJ Laurita Vaz.
Em abril, a magistrada havia recusado a relatoria de habeas corpus solicitado pela defesa de Cachoeira. Na ocasião, ela se declarou “em suspeição” por ter nascido em Goiás - estado em que, segundo a PF, o bicheiro exercia atividades ilícitias - e por ter tido "algum tipo de contato social ou profissional" com autoridades mencionadas nas investigações da Monte Carlo.
O G1 consultou o gabinete da magistrada sobre a possibilidade de ela voltar a se declarar em suspeição. Os assessores da ministra, no entanto, afirmaram que somente no momento em que ela se manifestar oficialmente sobre o inquérito será possível saber se aceitará a relatoria.
Repercussão
A notícia de que a Procuradoria pediu abertura de inquérito repercutiu na reunião da CPI do Cachoeira, que ouvia o depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT-DF). Na sessão, Agnelo assinou documento no qual autoriza a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Depois, Perillo também anunciou, em Goiânia, que seus dados sigilosos estão à disposição da comissão.

Nesta quinta, em reunião administrativa, a CPI do Cachoeira deverá votar requerimentos de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônicos dos dois governadores.
O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que o pedido da Procuradoria mostra indícios do envolvimento dos dois governadores com o esquema de Cachoeira.
"Se a PGR representou contra os dois govnadores é porque ela vê indícios de relação de ambos com a Operação Monte Carlo. CPI é comissão de inquérito. Tem que partir dos indícios que há. Agora se o fiscal da lei, o defensor da sociedade encontra indícios porque a CPI não haveria de encontrar? Então, temos que diminuir os festejos na CPI e irmos mais no que ela deve fazer, que é inquirir", afirmou Randolfe.
O deputado Cândido Vaccarezza, ex-líder do PT na Câmara, também comentou o pedido de abertura de inquérito, mas destacou que é apenas um "pedido de investigação" e que não demonstra a culpa do governador Agnelo.

A CPI que investiga as relações do bicheiro Carlinhos Cachoeira com agentes públicos e privados votará nesta quinta-feira (14) requerimentos que pedem a quebra de sigilo dos governadores de Goiás, Marconi Perillo (PSDB-GO), e do Distrito Federal,Agnelo Queiroz (PT-DF).
A discussão sobre a quebra dos sigilos dos governadores começou após Agnelo anunciar durante o depoimento à CPI que, embora tenha prestado depoimento na condição de testemunha, colocará à disposição da comissão os sigilos bancário, fiscal e telefônico. "Sei que compareço como testemunha. Sei que não é usual. Mas coloco à disposiçao da CPI meu sigilo bancário, fiscal e telefônico."
Em seguida, parlamentares da CPI apresentaram ao relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), um requerimento para oficializar a quebra dos sigilos de Agnelo e também quebrar os sigilos de Perillo no período de cinco antes anteriores à data atual.
O requerimento diz: “Requeremos à Vossa Excelência que assuma a proposta de quebra de sigilo bancário, fiscal e telefônico do Exmo. Governador Agnelo Queiroz, submetendo-a aos votos desta Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, acrescida de igual transferência dos sigilos bancário, fiscal e telefônico do Exmo. Governador Marconi Ferreira Perillo Júnior, ambos pelo período de cinco anos, até a data atual”.
O presidente da CPI, Vital do Rêgo (PMDB-PB), afirmou então que colocará os requerimentos em votação na quinta para não prejudicar o depoimento de Agnelo. "Vou colocar o requerimento em votação, mas na sessão de quinta-feira para que não haja prejuízo do depoimento da testemunha", disse Vital.
Depois, o deputado Bruno Araújo (PSDB-PE), líder do seu partido na Câmara, disse que o governador Marconi Perillo telefonou para ele nesta tarde para pedir que o requerimento de quebra dos sigilos fiscal, bancário e telefônico fosse votado ainda nesta quarta.
Marconi Perillo
A atitude de Agnelo contrastou com a do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), que depôs na sessão da CPI desta terça (12). No momento em que o relator da CPI, deputado Odair Cunha (PT-MG), perguntou a Perillo se ele aceitaria abrir mão do sigilo telefônico,parlamentares de PSDB e DEM protestaram, argumentando que ele era testemunha - e não investigado - e, por isso, não tinha de autorizar a quebra de sigilo.


Parlamentares de oposição na CPI do Cachoeira pressionaram nesta quarta (13) o governador do Distrito Federal,Agnelo Queiroz (PT), com questionamentos sobre a compra da casa do governador. No dia anterior, parlamentares governistas usaram estratégia semelhante contra o governador de Goiás, Marconi Perillo(PSDB), que também prestou depoimento à comissão.
O deputado Vanderlei Macris (PSDB-SP) pediu a Agnelo cópias de cheques que teriam sido usados na compra da casa, em um condomínio, em Brasília.
Nesta terça (12), Perillo entregou à CPI cópias dos cheques que recebeu pela venda de uma casa em Goiânia, na qual o contraventor Carlinhos Cachoeira supostamente morava e onde foi preso em fevereiro pela Polícia Federal, acusado de comandar uma quadrilha de exploração de jogo ilegal em Goiás.
Macris também quis saber quanto vale a casa atualmente, comprada em março de 2007 por R$ 400 mil. "Não sou corretor", respondeu Agnelo.
O deputado também questionou o governador sobre um suposto favorecimento de Agnelo, quando se tornou diretor da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), à pessoa que vendeu a casa para ele, o empresário Glauco Alves e Santos.
O governador Agnelo Queiroz na sessão da CPI, enquanto respondia a perguntas do relator Odair Cunha (PT-MG) (Foto: Reprodução / TV Senado)
O governador Agnelo Queiroz na sessão da CPI,
enquanto respondia a perguntas do relator Odair
Cunha (PT-MG) (Foto: Reprodução / TV Senado)
Em novembro de 2007, oito meses após a compra da casa, Agnelo assumiu a direção da Anvisa e assinou a liberação de funcionamento de uma importadora, de propriedade do empresário. Em investigação, a Anvisa concluiu que não houve irregularidades.
"Eu adquiri a casa desse casal. Isso foi antes de eu assumir a diretoria da Anvisa. Eu só fui diretor da Anvisa em novembro de 2007. A má-fé é tamanha... Como eu poderia supor que ia virar diretor da Anvisa dez meses depois e favorecer uma empresa? A Anvisa deu 8 mil atestados de funcionamento na minha época. É um atestado dos mais simples. [...] Eu teria que fazer futurologia para saber que ia virar diretor da Anvisa dez meses antes. É um absurdo completo", declarou Agnelo.
O deputado Rubens Bueno (PPS-PR) fez referência à capacidade financeira de Agnelo para comprar a casa na ocasião. Ele disse que Agnelo declarou R$ 224 mil como patrimônio ao imposto de renda em 2006 e, em 2007, comprou a casa de R$ 407 mil. Questionou como ocorreu a compra. O parlamentar mencionou reportagem da revista "Época" que relatava o aumento patrimonial de Agnelo.
"Essa matéria a que o sr. se refere aconteceu em abril de 2010. Essa matéria tentou me tirar da disputa eleitoral do DF. Um grau de covardia extrema", afirmou Agnelo.
O governador disse ter colocado à disposição do jornalista cópias das declarações de imposto de renda dele e da mulher e extratos bancários.
"Quando fui abordado, quebrei meu sigilo fiscal e bancário para o jornalista. Peguei de um dia para o outro minha conta bancária, minha declaração de imposto - minha e da minha esposa - e entreguei para ele. Era só fazer as contas. Tive que fazer auditoria no meu imposto de renda e da minha esposa para provar que tinha lastro para a compra da casa. Isso foi luta política", declarou.
O deputado Bruno Araújo (PSDB-PE) também perguntou sobre a forma de pagamento empregada por Agnelo para comprar a casa - se em cheque ou em dinheiro. Agnelo não chegou a responder naquele momento, mas, em outro quesitonamento, abordou o tema e disse que não pegou empréstimo para comprar o imóvel.
"Não tem empréstimo nenhum da casa. Esta aí a quebra de sigilo bancário. Tem um cheque de entrada. Quando se fala em empréstimo, na verdade são dívidas que eu tinha a receber. Teve um cheque de entrada, vai aparecer no sigilo."
Fora da sala da CPI, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que Agnelo não conseguiu explicar a evolução de seu patrimônio. "Ele não deixou claro como fez para comprar a própria casa onde mora, não disse a origem desse empréstimo". O governador disse que não falou em empréstimo para a compra da casa.
Anteriormente, Agnelo havia dito quem tem patrimônio "modesto" para um casal de médicos - ele é cirurgião e a mulher, ginecologista. O governador disse que, em 2006, o casal decidiu "juntar todas as economias" para comprar a casa, declarada, segundo afirmou, no imposto de renda. "Não há um único reparo no meu imposto de renda. Não tenho um centavo de patrimônio a descoberto", afirmou.
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR), apontou correlação entre ilícitos atribuídos a Carlinhos Cachoeira e a compra da casa por Agnelo.
“O Cachoeira está envolvido na indústria farmacêutica, na Anvisa. Tudo faz parte do Cachoeira, com os envolvimentos correlatos, e isso é um envolvimento correlato. Em 2007, ele [Agnelo] assumiu a Anvisa. Em janeiro de 2008, ganha uma franquia de um restaurante em Brasília. Em fevereiro de 2008, ganha outra franquia, que juntas valem quase R$ 2 milhões. E isso pode estar explicado lá naquele que vendeu a casa para ele por R$ 400 mil, que por sinal ganhou credenciamentos da Anvisa", afirmou o deputado.

"Não cabe a mim decidir sobre abertura de sigilos. Isso cabe à esta CPI e ao STJ", Perillo disse durante a sessão da CPI. O relator Odair Cunha afirmou que pretende colocar em votação na quinta (14) o requerimento de quebra dos sigilos do governador goiano.


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