Os candidatos à Presidência Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) reagiram nesta sexta-feira (10) a depoimentos sobre suposta propina repassada a partidos a partir de desvios em contratos na Petrobras. Em Canoas (RS), a petista disse ver tentativa de "golpe" da oposição por explorar o caso durante o processo eleitoral. No Rio, o tucano criticou a adversária por se posicionar contra a revelação dos depoimentos.
Nesta quinta, vieram à tona depoimentos em que o ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef, considerado operador de um esquema de lavagem de dinheiro, confirmaram que propinas pagas por empreiteiras em obras da Petrobrasabasteciam o PT, PMDB e PP (entenda no vídeo ao lado).
Durante ato de campanha em Canoas (RS), a candidata do PT acusou a oposição de tentar "dar um golpe" por causo do "uso eleitoreiro" de investigações de casos de corrupção. "Eles jamais investigaram, jamais puniram, jamais procuraram acabar com esse crime horrível, que é o crime da corrupção. Agora, na véspera eleitoral , sempre querem dar um golpe. Estão dando um golpe. [Com] Esse golpe, nós não podemos concordar", disse.
Antes, em entrevista em Brasília, Dilma disse achar "muito estranho e muito estarrecedor" a divulgação dos depoimentos para a imprensa em meio à campanha eleitoral. "Considero incorreto divulgar parcialmente, no momento eleitoral, não acho isso correto. Sou a primeira a defender investigação rigorosa, profunda, de tudo o que disseram esses indivíduos", completou.
O juiz federal Sérgio Moro, que conduz o processo, negou que as informações tenham sido vazadas. Segundo ele, as falas de Costa e Yousseff se deram em ação penal que não está em segredo de Justiça e que, portanto, devem ser divulgada em prol da "transparência". "A sua divulgação, ainda que pela imprensa, é um consectário normal do interesse público e do princípio da publicidade dos atos processuais em uma ação penal na qual não foi imposto segredo de justiça", afirmou em nota.
No Rio de Janeiro, o candidato do PSDB, Aécio Neves, criticou Dilma por se opor à divulgação dos depoimentos e disse que o governo não teve reação quando "assaltaram" a Petrobras.
"Nesta sexta ficou clara a diferença de posição entre a candidata e a presidente, que disse ser estarrecedor o vazamento dos depoimentos dos envolvidos do petrolão. Considero estarrecedor os depoimentos, esses crimes que foram cometidos de forma contínua. Assaltaram a maior empresa brasileira nas barbas desse governo, sem reação desse governo. Estamos indignados com o que aconteceu com a Petrobras", disse o tucano, em entrevista à imprensa.
Ele também prometeu levar às investigações ao "limite", para que os envolvidos sejam processados e os culpados punidos.
Em Brasília, o deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP), representante do partido na CPI mista da Petrobras, disse nesta sexta-feira (10) que vai pedir que o doleiro Alberto Youssef seja ouvido com “urgência” pela comissão. A convocação dele já foi aprovada, mas a data do seu depoimento ainda não foi marcada.
O tucano também vai exigir que seja convocado o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, apontado por Youssef como operador do dinheiro de propina paga ao PT; e de Renato Duque, diretor de Serviços da Petrobras de 2003 a 2012. Para Sampaio, o esquema “é um escândalo infinitamente mais rumoroso que o mensalão”.
O líder do governo no Congresso e integrante da CPI mista, senador José Pimentel (PT-CE), disse que seu partido foi favorável à convocação de Youssef e não teme os depoimentos do doleiro e do ex-diretor. "Tudo que aparece é para ser apurado, nosso partido não esconde nada, pelo contrário, estimulamos a apuração", declarou.
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