Eles sabiam
Se a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Lula (foto) têm o costume de dizer que não sabem de nada nos escândalos que vem à tona envolvendo o Partido dos Trabalhadores, desta vez, com a Operação Lava-Jato da Polícia Federal, será impossível. O e-mail trocado em 2009 entre a então ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff e o ex-diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, que tranquilizava Lula e Dilma quanto ao escândalo de desvio em obras da estatal e calava uma possível CPI articulada pela oposição no Congresso Nacional, agora faz parte do inquérito que apura corrupção na Petrobras, envolvendo políticos, empreiteiras e o doleiro Alberto Youssef. A revista Veja traz, nesta edição, o documento que comprova que Dilma e Lula sabiam do problema na maior estatal brasileira desde 2009. A pergunta que não quer calar é por que não demitiu o então presidente Sérgio Gabrielli e a diretoria revelada hoje na Operação Lava-Jato. No mais, o discurso da presidente Dilma na campanha foi de que demitiu Paulo Roberto Costa, mas a oposição revelou uma ata da reunião da Petrobras tecendo elogios e agradecimentos a "Paulinho" pelos relevantes serviços prestados à maior empresa brasileira. A menção tem conotação dúbia e o agradecimento pode ser também a atuação de Costa na "operação abafa" da CPI em 2009.
Não engolindo sapo
A presidente Dilma provou a Lula que no seu segundo mandato, mesmo com toda crise do petrolão, ela não está disposta a abrir mão de seu poder. Resistiu e não aceitou a indicação de Henrique Meirelles, como queria o ex-presidente, para a Fazenda. Lula não passará recibo, mas disse aos mais íntimos que sua relação com Dilma está a cada dia mais esgarçada e sabe que irá piorar. Não reclamará publicamente, porque planeja sucedê-la em 2018, e, se romper, teme que a presidente vire uma presa fácil nas mãos da oposição e, nesse caso, nenhum candidato do PT, inclusive ele, teria qualquer chance nas urnas.
Euforia dos sem-votos
Ao emplacar o senador derrotado Armando Monteiro (foto) no Ministério do Desenvolvimento, a presidente Dilma abriu a porteira para uma extensa lista de políticos derrotados, em outubro, que sonham com uma vaguinha na Esplanada. Quem mais comemorou essa nomeação foram os perdedores do PT, especialmente Alexandre Padilha. No PMDB, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Alves voltou a sonhar com o cargo do primo, senador Garibaldi Alves. O problema é que, como Dilma não consultou ninguém para escolher Armando Monteiro, nunca se sabe se a regra que valeu para ele continuará em vigor para as outras vagas.
Jogo embolado
Ao bancar solitariamente a ida de Kátia Abreu para o Ministério da Agricultura, a presidente Dilma terá dor de cabeça com o partido dela, o PMDB, e com a bancada de senadores, especialmente o presidente Renan Calheiros. Esse cargo não entra na conta do partido. É visto como uma indicação pessoal. Os senadores contabilizam que terão direito a, no mínimo, três vagas, fora Kátia. Ao inflacionarem o pedido, sabem que vão levar dois ministérios. Integração ou Transportes e uma outra pasta que pode ser Turismo. A dificuldade da presidente será como resolver o impasse com a bancada peemedebista na Câmara, agora que ela tomou a Agricultura para dar ao Senado. Colocar Henrique Alves na Previdência pode não resolver a questão do favorito para suceder Alves na presidência da Câmara, Eduardo Cunha.
Fechando a porteira
Confiante de que pode chamar o Ceará de seu, os irmãos Gomes — Cid e Ciro — já se preparam para as eleições de 2016. E têm planos ousados. Ciro fala que vai, finalmente, trabalhar na iniciativa privada. Arrumou um emprego em São Paulo. Mas, será por poucos meses. Seu real objetivo é se candidatar a prefeito de Maracanaú – principal pólo industrial - para derrotar seu maior inimigo na política cearense, o ex-prefeito do município, Roberto Pessoa. E não satisfeito, os irmãos Gomes ainda querem eleger seus outros dois irmãos caçulas — Lia e Ivo Gomes — prefeitos respectivamente de Caucaia e Sobral, berço político da oligarquia. Se o plano for bem sucedido, a família irá controlar diretamente o governo e três das mais importantes prefeituras do estado, não esquecendo que, em Fortaleza, o atual prefeito Roberto Cláudio que concorrerá à reeleição é cria deles.
PT atrapalha Planalto
Os líderes petistas da presidente Dilma no Congresso — José Pimentel (foto), no Senado, e Henrique Fontana, na Câmara — tornaram-se uma unanimidade entre os líderes da base aliada e da oposição: essa dupla só atrapalha o Planalto. O ministro Aloísio Mercadante recebeu um apelo para que interceda junto aos dois parlamentares do PT, com o intuito de evitar tantos confrontos desnecessários nas negociações, pois, se insistirem na tática de enfrentamento alegando que o PSDB de Aécio Neves quer disputar o 3º turno, até mesmo partidos que são aliados da presidente Dilma reconhecem que ela será derrotada e não conseguirá aprovar as mudanças necessárias na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Quem perdeu a paciência com Pimentel e Fontana e não escondeu suas opiniões pela inabilidade deles foi o presidente do Senado, Renan Calheiros. Que, indignado, os enfrentou, acusando-os de quererem brigas e não resolverem o impasse que ameaça o governo Dilma.
Torresmo a tira-gosto
O escândalo envolvendo o fundo de previdência do Estado de Tocantins está sendo desenhado para uma segunda edição em fevereiro. Os empresários Pedro Paulo Leoni Ramos, Lúcio Funaro e Rogerinho e o turco estarão fazendo novos investimentos na rede Porcão. A mordida é parecida com a de R$ 400 milhões flagrada pelo Ministério Público e a Polícia Federal. A rede Porcão, que recebeu esse dinheiro do fundo tocantinense a título de investimento, não investiu um centavo e o dinheiro sumiu pelo ralo. Agora, o governador de Tocantins Sandoval Cardoso prepara uma segunda operação antes da posse do novo governador eleito. Pelo que parece, o Papai Noel tocantinense vai estar de saco cheio neste Natal.
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