Fonte France Press -
Tóquio - O terremoto e posterior tsunami que devastaram o nordeste do Japão na sexta-feira passada deixaram 5.178 mortos e 8.606 desaparecidos, segundo o último boletim da polícia, divulgado nesta quinta.
O número de feridos chega a 2.285, e mais de 88 mil residências e prédios foram destruídos.
Em Ishinomaki, na província de Miyagi, as autoridades locais apontam para mais de 10.000 desaparecidos.
Quase uma semana após a catástrofe, os socorristas advertem que é cada vez mais difícil encontrar sobreviventes. Saiba mais... Sobre a situação dos brasileiros, em primeiro lugar, vale dizer que até o momento, segundo informações das autoridades japonesas, não há registro de nenhum cidadão brasileiro entre as vítimas do terremoto ou do tsunami que a ele se seguiu. Há sim, nós sabemos brasileiros em situação difícil nas regiões atingidas e a eles se dirige o nosso esforço da embaixada e do Consulado Geral do Brasil em Tóquio, que nas últimas horas realizou missões àquelas regiões, inclusive, para o traslado brasileiros que nos haviam pedido apoio para se deslocarem a outras regiões.Eles estão sendo deslocados, aqueles que nos pediram apoio, para um abrigo, alojamentos contratados pelo governo brasileiro em Saitama (ao norte de Tóquio).Esse transporte é feito por meio de uma empresa, de ônibus contratados pelo governo brasileiro. A embaixada segue mobilizada trabalhando com todo seu pessoal, 24 horas por dia, tal como o Consulado Geral do Brasil em Tóquio também, para atender a chamadas de brasileiros, responder a mensagens eletrônicas de brasileiros que pedem informações, orientações ou que nos informam de suas situações respectivas. Tóquio, uma das cidades mais populosas do Mundo — com mais de 37 milhões de habitantes em sua região metropolitana —, está em estado de alerta. As ruas da capital japonesa trocaram o conhecido vaivém da multidão pela passagem de pequenos grupos. Os rápidos meios de transportes públicos estão parados e as prateleiras coloridas dos supermercados vazias. Além de sofrer duas réplicas do terremoto, ontem, que devastou o país na última sexta-feira, a população também teme uma ameaça nuclear depois de incêndios em torno de reatores em uma usina em Fukushima. Os níveis de radiação aumentaram, mas as autoridades garantem que a situação está sob controle. Moradores, turistas e estrangeiros começam a deixar a capital com medo de contaminação e influenciados pela falta de eletricidade e de alimentos.Com mais de 12 milhões de habitantes, Tóquio está a cerca de 270km da usina nuclear onde os tremores causaram o vazamento de radiação. O governo japonês afirmou que foram captadas quantidades de substâncias radiativas como césio na capital, um nível de 0,809 microsievert por hora, quando o normal fica 0,035 ou 0,036. As autoridades locais garantiram, porém, que não há motivo para preocupação porque os níveis não causam consequências para a saúde. O primeiro-ministro japonês, Naoto Kan, fez um pronunciamento em cadeia nacional e pediu “calma” à população, em uma tentativa de evitar pânico.O clima nas ruas da capital é calmo, enquanto a população se prepara para os planos de emergência com a estocagem de alimentos e de produtos de primeira necessidade em casa. O maior movimento ocorreu na estação ferroviária de Shinagawa, onde os trens partem lotados de pessoas que procuram refúgio no sul do país e no Narita, principal aeroporto da cidade, onde centenas de pessoas se enfileiravam. Estima-se que milhares já tenham saído de Tóquio para evitar o perigo nuclear.Como prevenção, a Áustria resolveu mover sua embaixada temporariamente para a cidade de Osaka. A Europa, o Brasil e os Estados Unidos pediram aos seus cidadãos que evitem viagens ao Japão nos próximos dias. As empresas aéreas Lufthansa e Air China resolveram suspender todos os seus voos com destino à capital japonesa.Apesar das autoridades locais tentarem manter o clima de calma, a confiança no governo está abalada. O fluxo de informações muda diversas vezes e deixa a população confusa. Além disso, muitos estrangeiros foram aconselhados a deixar a capital. A brasileira Alexandra Barcat, 29 anos, que vive em Tóquio há um ano e meio, afirma que a cidade está dividida e que muita gente procura abrigo no sul do país. “Já li muita coisa: que os ventos estavam mandando a radiação liberada pelas usinas para o oceano, que uma hora está com nível baixo, outra com um nível alto. Geralmente, a população confia no que está sendo divulgado pelas autoridades e nos cuidados a serem tomados com relação à radiação, mas estão todos muito tensos”, conta a estudante.O pior até agora, segundo a brasileira, além do medo, é a falta de alimentos e de produtos de primeira necessidade nos supermercados. A procura tem sido grande, desde o terremoto, e as pessoas formam filas para conseguir fazer compras. “As pessoas estão muito nervosas e a corrida para estocar alimentos e mantimentos fez com que as prateleiras de mercados e lojas de conveniência ficassem vazias. Hoje, por exemplo, não conseguimos comprar papel higiênico, porque estava em falta em todos os lugares onde procuramos, mas também faltam pães, leite, carnes, pilhas, água e etc.”, relata. Depois de declarar na segunda-feira que o tsunami foi uma “punição divina”, o governador de Tóquio, Shintaro Ishihara, pediu desculpas ontem por seus comentários. O político de 78 anos descreveu a tragédia, que deixou milhares de mortos no país, como um castigo para os políticos que estão “contaminados pelo egoísmo e o populismo”. “Acredito que o desastre seja um tembatsu (palavra japonesa que quer dizer punição divina), mas sinto muito pelas vítimas. Precisamos usar o tsunami para varrer o egoísmo que está grudado à mentalidade do povo japonês por um longo período. ” Ishihara convocou uma coletiva de imprensa para pedir perdão. Ele pretende concorrer pela quarta vez ao governo da província nas eleições marcadas para este ano.
0 comentários:
Postar um comentário