Amigos, transcrevo aqui a crônica feita pelo professor e poeta Nicodemos, areiabranquense da gema e uma das boas inteligências que conheço.Ele lembra com muita propriedade do meu tio Paulo Lucio.Agradeço a deferência em meu nome e da minha família. Um grande abraço e obrigado professor.
13/12/2011
PAULO LUCIO
Era uma figura interessante. Não perdia oportunidade para seus ditos inteligentes encaixados numa ironia gostosa, que lhe era a marca singular. Na condicão de amigo, nunca conheci pessoa melhor. Servia com prazer. E ·posso ate dizer que, nesse particular, era capaz de tudo, neste sentido de nao medir distancias. Se era amigo, o era de verdade, para o que desse e viesse. Era assim. A proposito de sua veia ironica, vern-me uma dele, Paulo, com o intelectual Rafael Negreiros, que gostava de provocarlhe esse lado da inteligencia. Deu-se que Rafael andou lendo sobre o tabagismo numa revista medica, e al encontrou que a
nicotina contida num s6 cigarro era o suficiente para matar um elefante, se lhe fosse posta na lingua. Paulo fumante impossivel, Rafael quis fazer-lhe medo. Pegou o telefone e ligou para o amigo: "Paulo, estou lendo
numa revista medica que uma pequena gota de nicotina posta na lingua de urn elefante eo suficiente para mata-lo em questao de horas". Mal terminou de dar-lhe a pavorosa informacão colhida nessa revista especializada, que lhe chegara as maos, Paulo emendou: "Mas Rafael, elefante não foi feito pra fumar, nao". (Gargalhada de Rafael.)
Se for contar os ditos irreverentes de Paulo, urn dia com uma noite ainda e pouco. E foi ele assim desde menino, com urn jeito de rir como que visualizando-lhe a ironia que lhe era, por assim dizer, a outra metade do feitio pessoal. Certo que isto lhe rendeu inimizades, ou rna interpretac;ao do seu caráter, mas também e verdade que a ironia, espontanea, e sem maldade, atraia-lhe admiradores.
Somente quem nao lhe privou da amizade e que pode
desconhecer-lhe o !ado humano, como disse, a satisfação de servir, e a troco de nada. Herança do sangue. 0 velho Antonio Lucio, seu pai, e eu posso contar isso de muito certo,ajudava, anonimamente, a quantos sabia em estado de necessidades. Ninguem, nessa situac;ao, lhe batia a porta para nao ser atendido, na hora. Marca dos Lucio. Areia-branquense, e verdade, Paulo nao gostava de sua terra natal, e eu lhe vejo razoes nessa atitude estranha. Mas nada
de desprezo gratuito pelo seu chao do seu nascimento e da infancia. Neste ponto, porem, vamos ficar só ate al. Desinteressa. 0 fato e que hoje amanheci com saudade de Paulo Lucio, que sabia acolher-me nas minhas tristezas. Como se diz - o amigo certo nas horas incertas.
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