sexta-feira, julho 10, 2009

1877 a 1880 - O ANO DA SECA E DO FLAGELO

Este foi um periódo muito difícil vividos pelo nossos conterrâneos. No ano de 1877, tivemos o maior flagelo climático em toda a região nordestina e os efeitos da seca se estenderam por treis anos e foi até 1880.
Areia Branca, povoação nova e de povo acolhedor e católico, abrigou elevado numero de flagelados vindos do sertão do oeste potiguar e também do vizinho estado do Ceará. Os cearenses procuravam se alimentar de peixes,crustaceos e camarão, alimentos estes fartamente encontrados nas águas da maré do nosso rico mar.
Aos flagelados tomamos o cuidado de torna-los pedintes, a todos eram oferecidos empregos nos serviços portuários que já estavam em perfeito desenvolvimento, era um excelente meio de subsistencia.
Várias famílias procedentes do alto sertão fixaram-se no povoado e complementaram o desmatamento da ilha e, construíram casas de palha e de taipa. A presença de Joca Soares foi fundamental para que as ações acontecessem normalmente, ele bancava as despesas, na esperança do povoado se desenvolve. Com este avanço, mais flagelados e aproveitadores baderneiros invadiram Areia Branca, foi a explosão demográfica que teve a vantagem de ampliar os quatro cantos do nosso povoado. Este fato está registrado no livro "Minhas Memorias de Areia Branca ", Coleção Mossoroense de 1978, ele dizia o seguinte em seu citado opúsculo: - A seca de 1877 a 1880 levou a Ilha de Areia Branca, um grande número de retirantes que destruíram totalmente a mata existente na ilha, construindo palhoças. O Governo da Província mandou distribuir viveres a todos os retirantes, tendo construido hospitais e lazaretos, improvisações, na barra de Mossoró, atendendo os mais necessitados.
A continuação de uma grave alteração na ordem pública: Em 1879, por conta da seca, deu-se na ilha uma grande hecatombe(sacrifício de muitas vidas-matança humana).Em 27 de janeiro desse ano, um grande numero de retirantes capitaneados pelo alferes Francisco Moreira de Carvalho, de São Miguel no oeste potiguar, e que em Areia branca se achava, travou luta com a força pública,resultando da parte do Alferes da policia e delegado de Mossoró, Manuel Rodrigues Pessoa; os soldados de policia, Francisco Paula da Silva, o guarda nacional José António Correia e ainda feridos cinco soldados da policia e cinco guardas nacionais. Do lado de Moreira Carvalho houve também boa parte de mortos e feridos. O acontecido causou um clima ruim, uma sensação estranha na Província e na Vila. Francisco Moreira foi submetido a julgamento, sendo absolvido pelo júri. O inquérito a que se submeteu, no entanto, foi dos mais sensacionais. Presidido pelo Chefe de Policia, Doutor Joaquim Tavares da Costa Miranda, com a presença da tropa do Exército na Vila, vinda, de Pernambuco e Natal.Este e outros fatos vieram agravar o sofrimento dos flagelados. As providências foram tomadas pelas autoridades, em Mossoró, Macau e Areia Branca, organizaram os serviços de socorro público. O Governo Imperial suspendeu a remessa de alimentos, provocando a reação e preocupação da Câmara Municipal de Mossoró.
Houve um abalo sem precedentes na história, pois os reflexos negativos sobre a economia do município foram os mais contundentes. A receita orçamentária fixada sofreu uma baixa considerável, obras importantes foram paralisadas, em Mossoró o se construía mais nada e em Areia Branca que depois de muita luta foi suspensa a construção da escola de ensino primário.
No entanto um acontecimento alegrou nossa província. A Mesa de Rendas Provincial em Mossoró, criada pelo artigo 4 da Lei 93, de 5 de novembro de 1842, mudou sua sede para Areia Branca. Sabe-se que os comerciantes de Mossoró os mais abastados não gostaram da transferencia. Assim mais uma batalha foi vencida.

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