Dilma Rousseff durante entrevista no Palácio da Alvorada
Com a entrada em cena no escândalo da Petrobras de uma dezena de deputados e senadores, muitos dos quais astutas raposas da política brasileira – aquela turma do PMDB & outros que compõe com qualquer governo que seja – vai se desenhando um cenário para a oposição no qual o melhor será esperar por 2018, e tentar ganhar no voto popular o mandato para governar o país. Com o “centrão” da política sob a mira de inquéritos – o que vale dizer sob a mira da execração pública – torna-se manobra arriscada uma caça generalizada às bruxas: sem este “centrão” nem PT nem PSDB governam, hoje ou amanhã. É o nó exposto da política nacional.
Neste termos a bandeira do impeachment vira cada vez mais jogo de cena para animar as ruas e redes sociais, embora o Brasil seja, particularmente desde junho de 2013, um país imprevisível. Caso o impeachment passe a ser associado, na cabeça das pessoas, a uma espécie de antídoto contra “tudo isso que está aí” e a uma solução contra a piora das condições de vida, então o jogo das ruas pode afetar o xadrez dos gabinetes de Brasília. A ver.
Uma coisa é o jogo das ruas, outra a da política institucional. Uma coisa é se fomentar o impeachment com um projeto econômico-social alternativo, outra é ter um impeachment para se continuar no marasmo – que é o que 2015 desenha na economia. A oposição não tem projeto alternativo na economia, pelo contrário: o ajuste é o que o PSDB faria se tivesse ganho as eleições. Nesta conjuntura, pode-se perguntar, para quê mudar de forma traumática o governo, assumindo todos os riscos inerentes a uma ação para a qual haverá reação, se ao final o essencial será mantido? Quem vai querer sentar no trono e assumir a (quase consensual) agenda anti-popular?
Nas ruas, no cotidiano das grandes cidades brasileiras, alimenta-se este fenômeno: bolso vazio, raiva na cabeça. A crise na economia – anunciada pela oposição em 2014 antes que fosse sentida pelas pessoas — está chegando ao dia-a-dia. Aumentaram ônibus, luz e gasolina. As perspectivas econômicas são ruins e isto se reflete nas pesquisas de opinião pública: nos últimos meses o brasileiro ficou mais pessimista em relação a inflação, poder aquisitivo e emprego.
A junção de desalento econômico com turbulência política é um caldo ruim. Mas soluções traumáticas não parecem ser a opção preferencial dos agentes políticos. Ao menos por ora.
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