Marcelo Freitas vive com a mulher e os quatro filhos numa casa de madeira, no bairro do Pratinha, em Belém. No local, de pouco menos de 16 metros quadrados, há um tesouro. O pintor, que não tem trabalho fixo e, portanto, sobrevive de “bicos”, foi o felizardo que pegou a bola chutada por Neymar para a arquibancada do Mangueirão ao fim do treino da Seleção Brasileira, na última segunda-feira, antes da partida contra a Argentina. Assim, caiu literalmente do céu a chance para que ele e sua família concretizem o sonho de novamente ter um lugar para morar, já que o atual lar está com os dias contados.
Um dia antes de ir com o filho Marcelinho, de 14 anos, ao treino da Seleção, Marcelo recebeu a visita de um advogado. O comunicado foi de que o terreno onde a sua e outras 63 famílias moram, no Pratinha, foi recuperado pelo dono na Justiça. Há sete meses o pintor comprou a casa, localizada num território invadido por sem-terras. Ela custou R$ 300 e mais uma televisão de 14 polegadas. Assim, com a bola nas mãos, logo surgiu a ideia de vendê-la pela internet e, com o dinheiro, garantir um novo lugar para morar.
- Era um sonho ver o Neymar tão de perto, e fiquei muito feliz quando vi que meu pai pegou a bola. Queria ficar com ela, mas estamos precisando muito desse dinheiro. Ele conversou comigo, e eu entendi - disse Marcelinho, que treina na categoria sub-15 do Remo e vive ainda com a mãe Andréa e com os irmãos Felipe (7 anos), Nicole (6) e Vitória (4) num terreno de cinco metros de largura por 20 metros de comprimento. O local está sem água há duas semanas, e a família enfrenta esse problema com a ajuda de amigos.
Marcelo garante que logo que agarrou a bola, sentiu que poderia ter ali o que ele mesmo define como “luz no fim do túnel”. Escoltado por policiais, deixou o Mangueirão vencendo os puxões e resistindo às ofertas feitas por torcedores em êxtase. Tudo pela certeza de que algo ainda está guardado para ele e sua família.
- Queremos colocar a bola à venda na internet. Não temos ideia de quanto podemos ganhar com ela, mas o importante é que a gente consiga vencer essa dificuldade e garanta a casa. Não tem como viver de aluguel. Seria bom se pudéssemos ficar com a bola, mas ter um lugar para morar é o principal - frisou Marcelo Freitas.
Sem dinheiro para pagar pelo ingresso para o clássico entre Brasil e Argentina, o pintor assistirá pela televisão de sua casa, nos últimos dias vivendo na atual moradia, ao desempenho de Neymar. Estará nos pés do astro uma bola muito parecida com aquela na qual ele deposita um futuro melhor para sua família.
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