quarta-feira, julho 03, 2013

Garibaldi: “Manifestações abalaram a credibilidade de todos os governantes”

O ministro da Previdência, ex-governador Garibaldi Alves Filho (PMDB), afirmou que as manifestações das últimas duas semanas abalaram a credibilidade de todos os governantes, de forma geral. O ministro avaliou a queda na popularidade da presidente Dilma Rousseff (PT), que perdeu 21 pontos, segundo pesquisa Datafolha veiculada no final de semana passado, e dos governadores do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), e de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), que também amargaram queda drástica de aprovação popular. “Eu acho que isso abalou a credibilidade de todos os governantes, principalmente de quem é governo. Claro que foi em função do perfil de todos os políticos, de todos os partidos, mas, quem é governante, vai sentir mais de perto”, avaliou o ministro.
Quanto ao prefeito de Natal, Carlos Eduardo Alves (PDT), e à governadora do Rio Grande do Norte, Rosalba Ciarlini (DEM), que foram alvo de protestos em Natal e no Estado, Garibaldi preferiu não afirmar que houve desgaste. “Eu não vou me adiantar a instituto de pesquisa. Melhor aguardar o que a pesquisa vai dizer. Todo mundo sabe que os governantes foram atingidos, uns em maior intensidade do que outros. Por exemplo, o governador do Rio já foi mais atingido que o governador de São Paulo. Não vou dizer que há uma uniformidade. Melhor aguardar as pesquisa”, despista.
Instado a falar sobre o desempenho de Dilma na pesquisa, o ministro preferiu repetir o posicionamento de Dilma sobre o tema, afirmando que a pesquisa é o retrato do momento. “Para não me adiantar sobre uma coisa que a própria presidente negou-se a comentar em detalhes, e eu não quero ser mais realista que o rei, mas ela disse uma coisa que eu acho que foi muito sincera. Ela disse pesquisa se aceita e não se discute. Eu a tenho pelo valor de face. Ela diz, está dito, é o retrato do momento”.
MINISTERIAL
Garibaldi participou, nesta segunda-feira, de uma reunião da presidente Dilma Rousseff com 37 ministros do governo federal, para discutir o momento vivenciado pelo país. Numa reunião longa, de quatro horas e meia, a presidente Dilma pôde ouvir pelo menos metade dos 37 ministros presentes – entre eles Garibaldi. “A presidente terminou dizendo que cada um procurasse dar uma resposta, e procurasse ouvir o clamor das ruas”, relata o ministro. “Acho que acontecem, às vezes, muitos anúncios (de obras, sobretudo) que criam expectativas e que frustram a população de alguma maneira”, disse o ministro.
No contexto geral, os ministros Guido Mantega (Fazenda), Mirian Belchior (Planejamento) e Gleise Hoffman (Casa Civil) fizeram uma explanação num tom de que o governo estaria fazendo sua parte, tocando as obras necessárias ao País. “O ministro da Fazenda disse da expectativa de que a crise internacional não viesse agravar o quadro inflacionário. Mas alguns ministros pediram a retomada da reunião em outro tom. No sentido de que a reunião não era para uma simples prestação de contas, mas havia um clamor nas ruas”, relatou Garibaldi.
Isso foi dito pelos ministros Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) e Paulo Bernardo (Comunicação), sobretudo depois da intervenção do vice-presidente Michel Temer. “Michel disse que a nossa democracia precisa deixar de ser liberal e social somente, e que o povo estava exigindo uma democracia que tinha muito a ver com a qualidade do serviço público que era prestado”.
Neste momento, Dilma interferiu para renovar o que já havia dito: que o povo estava satisfeito com o que estava vendo dentro de casa, o consumo aumentando, aquisição de bens duráveis pela nova classe média, mas quando o povo saía para a rua a situação se apresentava diferente, porque a questão urbana não tinha sido devidamente enfrentada, e a questão urbana dizia muito respeito a mobilidade urbana.
“E aí, fiz minha intervenção a respeito da qualidade do serviço público, de que na minha gestão na Previdência enfrentara situação de queda dos indicadores de atendimento e aquilo era muito delicado. Disse que se não tivesse revertido a situação, certamente que as manifestações estariam cobrando isso e que, se essa situação não tivesse melhorado, nós teríamos a Previdência sendo cobrada e exigida”, conta Garibaldi.
O ministro dos Transportes, Cesar Borges, fez uma cobrança que sensibilizou muito a Dilma e aos ministros, no sentido de que o governo anuncie menos e entregue mais obras. “Porque aquilo causava uma insatisfação muito grande. E o ministro Gilberto Carvalho veio na mesma linha, dizendo que é preciso aprofundar as análises de prestação do serviço e a entrega das obras porque, se não, o clamor continuaria”.

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