MARIO COELHO - Congresso em Foco
Brasília - O ex-presidente Lula defendeu ontem a importação de médicos pelo governo federal para trabalhar nas periferias das grandes cidades e do interior do país. Para ele, a medida é provisória e visa “preencher um vácuo” deixado pela falta de profissionais nessas localidades. Ele também criticou a “elite brasileira”, responsável por, na visão dele, em acabar com a CPMF em 2007. Os recursos da contribuição eram destinados para a saúde. De acordo com o ex-presidente, ele e a presidenta Dilma Rousseff sabem que é preciso melhorar muito a estrutura da saúde no país. No entanto, culpou setores conservadores pela queda de CPMF em 2007. Na visão do ex-presidente, a intenção na época era prejudicar o início da sua segunda gestão. Em discurso no 6º Festival Latinidades, disse que a área perdeu R$ 350 bilhões de lá para cá com o fim da contribuição.
“Eles simplesmente tiraram o dinheiro achando que iam me prejudicar”, disparou. Ele acrescentou que, na época, tinha suas contas médicas bancadas pela Presidência da República. E hoje o nome do seu plano de saúde é “Lula. “Hoje eu nem preciso de plano. Só o Lula é um plano”, afirmou. “Isso estava atravessado na minha garganta.”
No discurso, Lula defendeu o programa Mais Médicos, lançado por Dilma há duas semanas para suprir a carência de profissionais. Além de aumentar o curso de medicina de seis para oito anos, prevendo o estágio remunerado obrigatório no Sistema Único de Saúde (SUS), permite a importação de médicos para trabalhar em áreas específicas.
“Se os médicos não querem trabalhar no sertão, que a gente então traga outros médicos”, disparou. Ele disse que a intenção do governo não é “tirar o emprego de ninguém” e que as pessoas, ao invés de ficarem discutindo, precisam “encontrar uma solução”. “Algumas especialidades estão falta nesse país. O que nós queremos é que se preencha esse vácuo. Enquanto não preenche, vamos trazer gente de fora para nos ajudar”, discursou.
Durante o discurso, Lula fez diversas críticas ao que qualificou de setores conservadores da sociedade. Reclamou da “maldade de alguns”, que seriam os responsáveis por espalhar boatos sobre sua saúde. Ele voltou a negar a possibilidade de o câncer diagnosticado tenha voltado. “É tamanha a falta de caráter que passaram a insinuar que eu estou com câncer e estou com metástase”, disse.
O ex-presidente disse que, caso a doença volte, não vai “esconder do povo brasileiro”. “Eu posso dizer para vocês que o câncer não existe mais. Algumas pessoas de muita má fé veicularam isso na internet”, completou. Em outubro de 2011, Lula foi diagnosticado com um câncer na laringe. Após tratamento no Hospital Sírio-Libanês, os médicos informaram que não havia mais vestígios da doença, em junho de 2012.
No discurso, que durou aproximadamente uma hora, Lula defendeu as atuais manifestações pelo país, mas criticou as reações contrárias aos partidos políticos. “Não existe exemplo na humanindade que a negação da política trouxe uma coisa melhor. Isso é ditadura. Nazismo na Alemanha, facismo na Itália”, lembrou.
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